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03/04/2021
A chaga de Cristo
O leitor já imaginou qual foi a dor que Jesus sentiu devido a cada uma das Suas Santas Chagas? Conseguiria ficar impassível diante de tantos tormentos? Sem gritar, chorar, demonstrar?


A CHAGA DE CRISTO...

Trata-se de algo que aconteceu comigo, e isso faz muitos anos, bem no início da minha conversão, melhor dizendo da minha volta a ser católico de verdade. Era na época da Semana Santa, e lendo na Sagrada Escritura sobre os sofrimentos de Jesus, como em Isaías 53, e outras passagens e revelações, uma coisa que me chamou a atenção, foi a forma incrível como Jesus suportava os tormentos e chagas que lhe impunham os algozes, sem demonstrar isso na sua face, que permanecia impávida e de sua boca não saíam, nem gritos, nem lamentos, só quem sabe, apenas gemidos.

Ora, qualquer pessoa que sinta uma grande dor, e há milhares de tipos de dor que o nosso corpo pode sentir, quanto mais ela for mais ela grita, urra de dor, se desespera, se descabela e até faz escândalo. Jesus não! Ele não gritava, nem chorava, não altercava com os seus algozes, e isso justamente acendia ainda mais a fúria dos inimigos, que queriam fazer com que Ele gritasse, e como não conseguiam isso exacerbava ainda mais os seus instintos cruéis.

Então eu me perguntei: como teria sido a dor de uma das chagas de Jesus? Qual foi a dor que Ele sentiu? E aconteceu uma loucura: eu pedi a Ele que me fizesse sentir a dor de uma de suas chagas, com a proposta de não gritar, nem chorar, nem alterar a minha face. Por que eu fui fazer uma coisa destas? Meus amigos, por experiência, nunca peçam coisa igual, porque qualquer um pode morrer.

Afinal, eu sabia que profecias atuais dizem que, se as dores de Jesus fossem distribuídas entre 20 homens, todos eles morreriam de dor. Somente o amparo divino é que permitiu que Ele sofresse tanto, sem morrer. Aliás, apenas entre o trajeto do Getsêmani, até enfrentar os sumos sacerdotes, eles já O teriam matado duas vezes. Isso porque O derrubaram duas vezes da estreita ponte que atravessa o riacho do Cedron, e como estava amarrado com uma corrente nas mãos atrás, e levava ainda uma corda ao pescoço, não podia Se ajudar e assim o enforcariam se Deus não O acudisse.

Sabe: eu jamais imaginei que Jesus tivesse aceitado a minha louca proposta. Que aconteceu? Passaram-se alguns dias, e neste tempo deu uma ventania muito forte, e na casa onde um morava, o vento arrancou muitas telhas, especialmente as do beirado da casa, que não tinha forro por baixo. Antes de subir para arrumar, como eu iria depois carpir no quintal, eu amolei a minha enxada, que estava tinindo, porque meu falecido pai sempre dizia: enxada bem amolada, metade da empreitada, e a coloquei deitada na calçada, bem abaixo de onde eu tinha que consertar o telhado.

Feito isso eu coloquei escada e subi no telhado. Primeiro arrumei um dos lados, da cumeeira e depois fui ao outro: onde estava a enxada. Ora eu conhecia cada caibro e cada ripa daquela casa, da madeira mais dura que existe em nossa região a pinabuna, e tinha confiança plena – ai que confiança – naquela madeira duríssima, de modo que eu jamais imaginava algum acidente. Fui descendo de cima para baixo, primeiro retirando as telhas, porque se deve começar de baixo para cima para consertar, isso com toda a calma e “segurança”... Ai, a segurança!

Numa destas mudanças para baixo, subitamente, a ripa sobre a qual eu estava sentado se partiu e eu instintivamente levei a mão para trás e me agarrei apenas com a mão esquerda, na segunda ripa acima daquela que tinha quebrado, e despenquei. Mas ai, que me aconteceu – talvez eu não consiga explicar bem – a mão ficou firme sim na ripa de cima, e aquela logo abaixo era dura e quina cortante, quando meu peso baixou a parte do meu braço, um pouco abaixo do sovaco, alavancou em cima daquela ripa, de modo que a carne do braço se rasgou e abriu-se uma chaga de uns 12 centímetros, separando a pele em uns cinco centímetros, num rasgão profundo, deixando o músculo, também ferido a vista. Claro só vi o estrago depois.

Duas coisas agora: primeiro, quando eu caia escutei claramente uma voz gritar: a chaga!... E depois não escutei mais nada. Lembrei apenas que tinha feito aquela proposta maluca, e tentei endurecer minha face, não dar nenhum grito, nem chorar, nem berrar... Meus olhos pareciam saltar da órbita e se escureceram de sangue. O suor começou a vasar do meu corpo todo, tanto que pingava na calçada. 

Não sei quantos minutos fiquei ali, num estertor de morte, porque além do mais tinha havido a queda, de uns três metros de altura, e tinha as dores dos joelhos e das mãos, e eu tive a certeza absoluta que caí de bruços. E mais tendo escapado a mão, bati com o peito no chão. Lembra da minha enxada, bem amolada? Quando como que acordei daquele transe, ela estava quase colada no osso do meu peito porque eu estava de bruços sobre ela. Inexplicavelmente, miraculosamente, de algum modo alguém a retirou na hora da queda, porque senão eu teria rachado meu peito ao meio, com certeza morte certa.

Creio que por uns quinze ou vinte minutos eu travei uma luta titânica contra a minha carne, para não gritar nem chorar, nem gritar por socorro, até porque eu estava sozinho em casa. Indescritível, absurdamente doloroso, porque não se tratou de um corte rápido, mas de um rasgão, que cortou não somente a pele, mas feriu também o músculo, e isso por algo rombudo, a quina de uma ripa duríssima. Na verdade eu teria me segurado pela mão pendurado no ar, entretanto a dor foi tão violenta que eu larguei imediatamente. Foi tudo em uma fração de segundos.

Meus amigos eu não sei se Jesus me concedeu realmente viver uma de suas inúmeras chagas, e se consegui realmente endurecer a minha face, acho que não, porém foi o que me aconteceu. A marca profunda que ficou no meu braço, antes era alta e levantada, hoje está mais baixa, porque para completar o que eu tinha pedido, não fui ao médico, não levei pontos, nunca coloquei em cima nenhum medicamento e escondi tudo de Dulce – meus filhos eram pequenos – e a guardo hoje por recordação. Foram muitos dias de sofrimento até que a dor passou e a cura aconteceu.

Por muitos anos, não somente na Semana Santa, eu meditei sobre as Santas Chagas de Jesus. Meditei em todas as que eu soube, também por revelação particular, que Ele tinha sofrido, e ficava a imaginar qual delas tinha sido a mais dolorosa, a mais terrível. Para uma santa Jesus mesmo revelou que a chaga do ombro era a mais dolorida, mas tem a flagelação, a coroa de espinhos, os cravos das mãos e dos pés. Como definir?

Em outra revelação particular, Jesus revela a Irmã Maria Madalena, das Clarissas, as chamadas 15 dores secretas, que Ele sofreu na madrugada de quinta para sexta feira, nas mãos de dois carrascos, que eram servos dos sumo sacerdotes. Dali eu tirei uma dor que deve ter sido a mais cruel, a mais dolorosa, porque foi contínua, até que o elevaram entre a terra e o Céu.

Pois por uma crueldade inaudita, estes soldados aqueceram uma chapa e ferro em brasa, e fizeram ele ficar em pé em cima dela, fritando a sola e foi como diz Jesus numa das 15 orações de Santa Brígida Ele foi ferido “da planta dos pés até o alto da cabeça”... Ou seja, Ele não tinha couro debaixo dos pés, pois era tudo uma chaga viva, eis porque nossas orações e devoções falam em seguir seus rastros de sangue. Imagine você, que usa calçado bom a vida inteira, experimente pisar em brita moída ou apenas em uma pedrinha cortante. Acha que consegue? Que dói?

Completo com a sequência de uma revelação particular que, na subida do Calvário, os fariseus e mestres da Lei pagaram algumas crianças para colocarem pedrinhas no caminho da Cruz, para que elas O ferissem mais e mais. Sabe quem eram aquelas crianças? Exatamente as mesmas que dias antes Jesus as tinha pegado no colo e dito: deixai vir a Mim as criancinhas porque delas é o Reino dos Céus. Ou seja: em cada passo que Jesus deu ao caminho do Gólgota, Ele recebeu uma chaga igual aquela que eu pedira.

Claro, eu nunca me arrependi de ter pedido isso a Jesus, porque me permitiu meditar em sua Paixão, durante todo o tempo que se seguiu a este incidente. Louvo e bendigo a Deus a cada vez que me lembro disso porque em sua bondade Ele tirou a enxada debaixo de mim e aqui estou para dar este depoimento, e isso deve estar fazendo já uns 40 anos. Toda vez que tomo banho, vejo aquela grande cicatriz, e posso me lembrar da Cruz de Jesus.

Enfim, que ninguém jamais peça algo assim, porque não terá certeza de sair vivo. Bem mais simples, para completar: você aceitaria impassível, que lhe escarrassem nos olhos? E faça-se esta pergunta: por qual das inúmeras chagas de Jesus Ele pagou pelos meus pecados? (Aarão)

 


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