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24/06/2005
Amar a Deus


Montanha - 05 Amar a Deus
Montanha - 05 Amar a Deus

4ª MONTANHA
07/05/04 - AMAR A DEUS
 
    “Ouve ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas tuas forças” (Dt 6,5).
 
    “Mestre, qual é o grande mandamento da Lei? Ele respondeu: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o coração, de toda a alma, e de todo o entendimento, este é o primeiro mandamento” (Mt 22,36-37).
 
     Na montanha anterior, falamos especificamente sobre a fé, sobre o confiar em Deus, e certamente, só confia em Deus quem de fato O ama, O conhece, pelo menos um pouco. Pelo menos um pouquinho! Em síntese, qualquer pessoa que confie em Deus, dá a Ele uma prova de amor, porque na vida, entre os homens, só se confia plenamente em alguém que a gente conhece perfeitamente. Você confia num estranho qualquer?
 
     Então, se confiamos em Deus com certeza O amamos, e vice e versa. Entretanto, o amor tem nuances e também a confiança tem faces diferentes. De fato, os maus amam também a seus filhos. Os maus, também confiam em seus subordinados ou superiores e confiam nos seus familiares. Mas a confiança deles é interesseira, e o amor que dedicam aos seus é mais amor racional, é “amor animal”. Isso quer dizer que o amar a Deus, é algo infinitamente superior ao amar a seus irmãos, eis que o segundo mandamento é: amar ao próximo como a si mesmo. Sim, ai de quem não amar ao próximo, também!
 
     Ora, em grande parte o mundo está nesta confusão atual, por uma questão muito fácil de entender: O mundo está um caos, porque não ama a Deus – primeiro – e é errado pensar que as coisas vão mal, porque não amamos aos nossos irmãos. De fato, a primeira premissa é avassaladoramente superior à segunda, pois quem de fato ama a Deus sobre todas as coisas, seguramente também ama ao seu irmão como a si mesmo. Quem diz o contrário mente! Entretanto, Jesus nos lembra, também esta segunda parte, porque ao amarmos os nossos irmãos, damos a Deus uma prova real de que O amamos também, e efetivamente. Não foi Ele quem disse: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amo?
 
     Mas que significa, então, este amor supremo que devemos devotar ao nosso Deus, acima mil vezes do amor às coisas, e acima, outras tantas vezes do amar aos irmãos? Como é que se pode chegar a este abismo colossal, que é o alimento perfeito da confiança plena e incondicional? Como é que vamos conseguir amar a Deus sobre todas as coisas, se o mundo nos oferece tantos atrativos, ou se o dia a dia nos cobra tantas atividades? Como é que chegaremos a este amor primeiro e infinito devido ao nosso Deus, se ao nosso redor os irmãos sofrem, os velhos são desprezados, as crianças morrem de fome, são abortadas? Ou seja, onde tempo para pensar em Deus, se a vida, a azáfama diária, nos toma o tempo em toda a integralidade, tal que para Deus não sobra tempo algum?
 
     A resposta é simples e não deixa dúvidas: Não amamos a Deus sobre todas coisas, porque não O amamos, deveras, com toda a alma, e porque Dele não temos o devido entendimento, NEM MÍNIMO. Porque não O conhecemos de verdade. Como se pode amar alguém, com toda a alma, com toda a força do coração, se não se tem dele um maior ou nem o mínimo conhecimento?
 
     Claro que jamais compreenderemos perfeitamente a Deus – mistério dos mistérios – entretanto a certeza que nos fica é a de que, quanto mais conhecemos a Deus, mais O amamos. Eis então que o mundo chegou a este ponto, porque desconhece a seu Deus, e assim, O ama da boca para fora. Ou seja, não O ama de fato, porque o amor primeiro que devemos a Ele deve ser incondicional e indivisível. Acaso Ele não é um Deus ciumento?
 
     Nós já colocamos no site um texto sobre os perfeitos atributos de Deus. Nele, o Eterno e o Infinito, são parâmetros ainda pequenos, de forma que, compreender esse mistério está muito além de nossa ínfima capacidade. Entretanto, há um cami
nho de busca, de procura, que passa infalivelmente pela humildade. Quanto mais pequenos estamos e nos colocamos diante de Deus, mais facilmente O encontramos. Na verdade simplesmente não existe um parâmetro de comparação, entre nós, criaturas e o Criador. Mas com certeza existe um caminho para chegar a este entendimento mínimo, que nos levará ao máximo amor possível a um simples ser humano. Maria foi quem chegou mais perto disto!
 
     A nossa prova de arrogância – e de falta de humildade – é o dizermos constantemente: eu faço! Eu tenho! Eu sou! Eu preciso fazer isto! Eu tenho que ser aquilo! Eu não posso ficar sem fazer aquele outro! E assim vai: sempre eu, eu, e eu! Desta forma fechamos todo os espaços para a ação divina em nós, pois nosso dizer deveria ser: se for da vontade de Deus! Deus me deu isto! Ou: pela graça de Deus consegui ser isto! Pela força do Espírito Santo! Com a ajuda de Deus... Sempre Ele na frente, reinando absoluto, soberano, sendo TUDO, para que Ele faça algo de nós, tirando do nosso nada. Acaso você respira sem Deus? Então como pode imaginar que faz alguma coisa sem Ele? E como podeemos ser tão ingratos, não rendendo a Ele todos os louvores pelo bem que só Ele realiza em nós?
 
     É exatamente e somente por não amar a Deus, nem minimamente, que a humanidade está cada vez mais confusa e alienada. Neste final de semana, em sua homilia, nosso padre falou claramente que JAMAIS, em todos os tempos, os homens estiveram assim tão confusos. Faltou apenas ele ligar esta frase, ao texto da leitura do Apocalipse, que fala dos remidos da “Grande Tribulação”, ou seja, da tribulação que estamos vivendo e que está ainda bem no início. O que está acontecendo agora, são apenas avisos e sinais. E eles vêm dizer, nos avisar só de uma coisa: Não amamos a Deus, por isso o mundo está assim!
 
     Quem ama a Deus, logo compreende que não pode mais viver sem Ele. Quem O ama de fato, passa a viver Nele cada dia mais, entregando-se cada dia mais, num aprofundar-se que não tem mais fim. Então a pessoa passa sentir seu pulsar diferente, não no seu próprio ser, mas no ser do Criador e do Pai, que tudo vê e sonda. O verdadeiro amor a Deus se expressa num contínuo sentir e pulsar Nele. Quanto mais vezes nós pensamos em Deus, num dia, numa hora, em cada minuto de nossas vidas, colocando-nos também inteiramente nas mãos Dele como crianças, para que cumpra em nossa vida apenas a Sua Santa Vontade, mais O estaremos amando.
 
     E este viver e pulsar em Deus deve chegar a um tal ponto que, quando a pessoa vê um fio de cabelo de sua cabeça cair, jamais deixará de lembrar que isto aconteceu, porque Deus o permitiu. E assim, também, os fatos grandes de sua existência. Um acidente que não aconteceu, ele entenderá que não foi “por acaso”, ou porque ela “teve sorte”, mas sim porque houve uma Mão Poderosa que evitou o pior, detendo mal que satanás havia posto em curso. Deus é essencialmente simples, o Amor é simples, os homens é que complicam tudo, fazem tudo errado, e sofrem. Sofrem apenas porque não amam a seu Deus! E não O amam, porque não O conhecem! Não o conhecem, porque são orgulhosos!
       
     Quando a pessoa se recolhe – e cada vez mais profundamente – ao diminuto de seu nada passa a perceber e a viver uma outra realidade maravilhosa, na qual cada vez mais se abisma. E isso a leva num diminuir-se cada vez mais. Quanto mais a pessoa conhece a Deus, mais ela se diminui – vendo o seu próprio nada – porque do outro lado, ela vai percebendo um Deus que Se agiganta, e cresce, e toma todos os espaços, mas que, ao invés de a sufocar, a oprimir e a desmerecer, antes a enleva, a sublima, e a enaltece.
 
     Então sua vida se torna  uma alegria permanente, esfuziante, contagiante, que passa para todas as coisas e para pessoas em sua volta. E só então você também começa a amar efetivamente aos seus irmãos, assim como ama a si próprio. De fato, quem ama a Deus verdadeiramente, também ama a si próprio – porque é feliz consigo mesmo, eis que aceita plenamente a vontade de Deus em sua vida – e f
atalmente amará aos seus irmãos, porque desprezará o mundo, para realizar-se nos outros. Para ser, somente em Deus!
 
     Então corpo e alma mergulham cada vez mais nos abismos de Deus, e o mundo é como se não mais existisse. É como se vivêssemos numa outra esfera, um outro mundo, porque todas as coisas daqui, e tudo que na terra existe, passa a ser secundário – embora não sem importância – e as coisas passam a não ter valor algum, entre elas as riquezas, os títulos e os diplomas. O ter e o mandar... nada disso mais importa! E o sentimento único que fica é o viver para os outros, para os que ainda não entenderam isto. Para aqueles que ainda não fizeram esta experiência fantástica e avassaladora: A verdadeira experiência de Deus
 
    Então, o viver já não importa, o que importa é apenas Deus, porque o apego a esta vida passageira é ainda prova de que não se vive em Deus. Então valem apenas as coisas do Eterno, as coisas do espírito e tudo aquilo que conduz ao Bem Supremo. E já não se vive mais para esta realidade morta, e não importa o sacrifício, a dor, o sofrimento, tudo se torna fácil, simples, eis que Deus faz tudo, Ele É tudo, sem Ele nada mais importa, longe Dele é morte! Quem de fato ama a Deus mais que a si mesmo, entende tudo isto.  
 
     Na verdade, não existe outra forma de ser feliz, senão em Deus. As dimensões da esfera do celestial, do espiritual e de tudo que comportam o Eterno e o Infinito – conceitos humanos que ainda estão aquém de Deus – na verdade são de tal modo, infinitamente superiores – a tudo aquilo que nos cremos como real – que nós vemos, notamos e percebemos com nossos sentidos, que é já Bondade do Criador conceder-nos a graça de adquirirmos consciência disto. E tal fato nos deveria levar a um amor sem reservas, sem limites, sem barreiras, sem qualquer tipo de retração, antes, como um ímã poderoso, nos deveria atrair a este Amor Supremo, do qual força alguma nos poderia desgarrar.
 
     E à medida que compreendemos isto, a realidade humana, também os conceitos humanos e falhos, as razões humanas, os raciocínios humanos, também os cálculos, as matemáticas, as estatísticas, e tudo aquilo que temos “provado cientificamente”, passa a ter uma conotação miserável, diminuta, que até nos envergonha. Como se prender a isso tudo que passa, que desaparece até sem deixar nenhum vestígio? Como se prender ao fútil e ao desnecessário, ao supérfluo e ao passageiro, se além existe um Bem Supremo e Único, o Amor na essência?
 
     E à medida que todas estas barreiras mundanas que nos prendem a esta terra são rompidas, uma a uma, solta-se a nossa alma e como que dispara a pulsação do nosso ser. E sente-se uma vontade de correr, de pular – você sente que tem molas debaixo dos pés e fica leve – sente vontade de gritar, enfim de amar, de abraçar as pessoas não com o aperto fingido e hipócrita de quem tem algum interesse, mas com o sentido de doação, de entrega e de ser no outro. E tudo é uma alegria, mesmo em meio às dores, mesmo em meio ao sofrimento. Nada então é demais, nada é difícil, nada parece impossível. Esta a única e verdadeira liberdade: prender-se, ligar-se em Deus! Então o medo desaparece, a depressão some, o stress desaparece imediatamente, e você vê o mundo com outros e bem diferentes olhos: os olhos de Deus! E só então enxergará também o irmão que sofre!
 
     E você me perguntará se eu já senti isto? Sim, por momentos infelizmente pequenos, mas deveria ser sempre. Mas o suficiente para poder tentar descrever o que isto significa. É como se o coração fosse explodir dentro do peito. É não ter mais nenhum cansaço, nenhum abatimento, nenhuma preocupação, nenhum stress ou depressão, é um nada incomodar, nada parecer demais ou difícil, é viver numa constante alegria, da qual jamais se quer sair. Assim é o Amor a Deus, do qual deriva o amor a si mesmo e aos irmãos. Na Nova Terra, será assim! Quem chegar lá, verá! E  será tão lindo, que verá a Jesus!
 
     É isto que todos devemos buscar, é isto que desejo a todos. Quem, um dia, só, por um momento apenas,
sentir seu coração pulsar de verdade em Deus, nunca mais quererá ser outra coisa a não ser senão Nele. De fato, isto é viver o Céu já aqui, mesmo em meio a este imenso tumulto, este barulho ensurdecedor do mundo em caos. E somente quem ama a Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento, é capaz de ver no rosto do irmão – sofredor ou não – a face de Deus. E somente ai terá cumprindo o mandamento segundo: amar ao próximo como a si mesmo! O resto é puro fingimento, é pura enganação, é “faça o que mando e não faça o que eu faço”! Ai destes!   
 
     Assim, eu não posso jamais dizer que amo a Deus, estando apenas nas periferias a tratar necessitados, se eu me esquecer o primeiro e supremo objetivo nosso nesta vida, que é levar as almas para Deus. A nossa alma em primeiro lugar, a de nossa família e a de nossos irmãos também. É cinismo pensar que fazendo apenas a parte secundária da ordem de Jesus, cumpro toda a lei. Algo vem antes! É cinismo, também, dar um santinho com uma oração a um irmão que está com fome e dizer-lhe: vai e reza! Mas com certeza, quem de fato cumprir a primeira, fatalmente cumprirá também a segunda, porque a premissa primeira é infinita! E afinal, quem está saciado em Deus, jamais terá falta de coisa alguma. O mundo inteiro padece de fome, porque não ama a Deus!
 
    Jesus disse aos seus discípulos: “Nisto todos conhecerão que vós sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35). Quer dizer que o sinal exterior, visível aos olhos dos homens, aquele que vem demonstrar nosso amor a Deus, é exatamente o amar aos nossos irmãos. É fazendo, então, esta coisa pequenina, corriqueira e diária, que nós mostramos aos homens que amamos a Deus, entretanto vai ainda um abismo até mostrarmos a Deus que O amamos de fato.
 
     Porque você até pode amar extremosamente a seus filhos, familiares e amigos, mas se Deus estiver em segundo plano, em sua família em seu círculo de amigos, ou diante de seus bens, você de forma alguma ama a Deus. Porque Jesus disse: quem não deixar seu pai, sua mãe, seus bens, por amor de Mim, não é digno de Mim!
 
Amar a Deus, sem limites, sem reservas é ser nada, ser pó, ser miséria...
 
Para ser TUDO... em Deus!
 
Aarão
 
 



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