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24/06/2005
As Montanhas


Montanha - 01 As Montanhas
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AS MONTANHAS!
(10/04/004)
 
     Durante todos estes anos de caminhada, de observação, de busca, pude ir percebendo algumas enormes dificuldades, alguns poderosos entraves, que emperram nossa escalada para o céu. Eu cito no título como as montanhas, mas com certeza eles são mais que isto são grandes cordilheiras, são cadeias de serras, que precisamos transpor, cheias de altos e baixos, de abismos e de píncaros, cheias de quedas e levantamentos, próprios para nos fortalecermos e para que a nossa vitória final tenha méritos para o Céu. Que graça haveria se não tivéssemos pedras no caminho? Montanhas? Abismos? Que graça haveria na queda, se dela não resultasse no mérito maior de levantar, de continuar e de chegar?
 
     Nossa vida é um contínuo combate contra o mal, contra nossos instintos, contra o nosso teimoso eu interior, que pede sempre o fácil, o vistoso, o atraente, o rico, o belo deste mundo, rejeitando sempre a cruz, a dor, o nublado, o pouco atraente, o pobre, e aquilo que é belo para Deus e a Ele conduz. Milhões de seres humanos – diria a quase totalidade deles – simplesmente não conseguem encarar a via do crescimento interior pela aceitação da Cruz, e afunda-se nas paixões do mundo, onde a carne certamente tem seu prato cheio. Mal sabe o homem que o mundo é uma colcha velha, podre e remendada, onde apenas se colocam remendos novos, vistosos, cheirosos, mas que adiante vão provocar outros e maiores rombos fedorentos, revelando sempre a podridão que embaixo existe. Eis então, que o homem luta para se livrar de Deus, e mais se afunda no caos.
 
     Na verdade, os próprios demônios trabalham para o bem dos filhos de Deus. E isso é uma das coisas que mais os enfurece. Eles nos induzem à queda pelas tentações e pela exacerbação dos instintos e sentidos. Mas ao vencermos as tentações, ao enfrentarmos as dificuldades, ao vencermos satanás pelo exercício perfeito da nossa vontade em Deus, construímos o sólido edifício onde no eterno habitaremos. Eis então que as tentações e o próprio demônio são formas que Deus nos coloca a disposição para crescer, pois o caráter se forja na dificuldade e na dor. Se um caniço for privado do vento até chegar a fase adulta, pode, na primeira brisa partir-se. Que fará então na tempestade? Se um homem for privado da dor, do sofrimento, da Cruz, enfim, da luta, jamais encontrará a Deus sozinho. E assim, quem se afasta da Cruz, se afasta de Deus.
 
     Ou seja, cada um dos passos que formos analisar aqui, implicará em aceitar a Cruz e seguir os passos do Divino Mestre, para ser discípulo Dele. Então se perguntará: acaso Deus quer a dor? Não! Jamais! Deus é amor e quer apenas o Amor, e tudo aquilo de dor que temos de suportar na vida, procede simplesmente de nossas próprias atitudes. Deus nos oferece sempre um caminho florido e arborizado, entretanto nós nos encantamos por veredas e descaminhos, porque aceitamos as sugestões do mundo e nos damos mal. Então, Deus, na Sua infinita bondade, aceita nossa dor e nosso sofrimento como “paga”, e seja sempre Ele louvado por causa disso. Porque se não fosse a dor e o sofrimento, quase ninguém conseguiria chegar aos céus.
 
     A observação destes pontos principais – existem outros, mas a maioria é correlata a estes – não pude faze-la somente na minha vida, mas também na caminhada dos outros, aos quais atendo, converso, e lhes ouço os corações. De fato, centenas de vezes eu tenho observado que muitas pessoas imaginam estar fazendo uma coisa boa, a coisa certa, e não percebem o mal embutido em sua ação. E às vezes é até difícil para a gente lembrar a elas este procedimento errado, porque é quase como jogar um pote de água fria, em quem parece estar tão feliz assim. Óbvio que, à Luz do Divino Espírito Santo, quando essa pessoa é humilde, ela imediatamente percebe o ardil e aceita a correção. Quando é arrogante, ela se defende de mil maneiras, mas esta n
unca vai longe, porque os que se voltam apenas para seu umbigo são caramujos e estes vivem enrolados em si mesmos. E sim, eu pessoalmente encontro muitas dificuldades, em cada um destes sete pontos.
 
     Assim, vamos mergulhar nestas cordilheiras, vamos subir e descer montanhas, em cada uma delas, para juntos achar o caminho. Isto é muito importante, porque mesmo que o mundo esteja desabando ao nosso redor e o fim deste mundo mau esteja próximo, verdade é que as pessoas estão de tal forma mergulhadas em se dia a dia, que não mais tem olhos para ver, nem ouvidos para escutar. E assim, a grande maioria da humanidade está de tal forma confusa, alheada da realidade, ensimesmada, que se imagina sempre dona do maior problema, da maior dificuldade, da maior dor, do maior sofrimento, quando se olhasse um pouquinho, se ouvisse um pouquinho, perceberia ao seu redor dilúvios de pessoas com sofrimento maior e com problemas incrivelmente mais terríveis.
 
     Como vou analisar cada “cordilheira” passo a passo, talvez seja melhor repartir em textos curtos, e bem resumidos. E assim, antes de entrar propriamente em cada uma das matérias – todas de poucas páginas – vou descrever alguns detalhes da minha própria preparação, das minhas batalhas iniciais. Não o faço, porém, a título pessoal ou de engrandecimento, mas sim porque sei que centenas de pessoas passaram pelas mesmas tribulações, as mesmas lutas. Umas, infelizmente, desistiram. Outras venceram!
 
     A primeira batalha que tive de vencer para não me afastar da Igreja, foi contra um simples rato. Eu deveria ter uns sete anos e a bem pouco tempo havia feito a minha primeira comunhão. E explico: Era Domingo, e eu recém saído da cama, ao ouvir o sino da Igreja nos chamando para a Missa, enfiei rapidamente a minha “roupa de Domingo” e como estava com a bexiga estourando, saí disparado rumo ao nosso “banheiro”. De fato naquele tempo isso ficava fora de casa, e eu tinha que correr por sobre um estrado de madeira, que passava em frente a um paiol de milho. Era o assim: a porta do paiol, depois a porta do galinheiro, depois a do chiqueiro, depois por último a tal patente.
 
     Quando passei disparado pela porta do paiol, um enorme ratão saiu correndo ao meu lado na mesma direção. Na corrida, eu puxei a porta do galinheiro, e esta esmagou o rato, abrindo-lhe o couro. Vocês não sabem o que aconteceu. Eu senti uma tal explosão de nojo, de asco, que comecei a vomitar incontrolavelmente, de uma forma tão forte, que pensei que meu cérebro fosse explodir. Por quase meia hora aquela repugnante cena me obrigava a contínuos arrancos, de uma tal forma que cheguei tarde na Missa. Querem saber mais? Por mais de 20 anos, cada vez que eu me vestia Domingo de manhã para ir à Missa, eu sentia aquela mesma repugnância, tal que, somente com o correr do tempo isso foi se amenizando, amenizando, até que hoje não sinto mais. Acredito que, não fosse pela graça de Deus, quase 100% das pessoas desistiriam de ir a Missa para não terem que sofrer aquela repugnância. Óbvio que não foi da parte de Deus que veio uma tal coisa.  
 
    Passados alguns anos, veio a segunda batalha. Eu estava bem de vida, com carro novo, paqueras, e passei a me descuidar um pouco da Missa. Uma destas namoradas nada tinha de Deus, mas era ligada em macumbas e coisas assim. Na época, eu não ligava para isso. Então um dia ela aceitou ir comigo na Missa. Pois aconteceu que mal ela entrou, passou a rir incontrolavelmente, e a rir alto sem parar, de modo que tivemos de sair da Igreja. E lá fora ainda ela continuava a explodir em risadas diabólicas.
 
     Acreditem, aquela coisa também me impregnou. E a partir dali, cada vez que eu entrava numa igreja, me vinha esta vontade rir. E eu tinha que travar uma luta feroz contra este desejo incontrolável. Depois, quando finalmente venci esta tentação em relação à Santa Missa e comecei a rezar, quando voltei ao Rosário, mal eu começava a Ave Maria, e já me explodia a vontade de rir. Incontrolável! Somente por uma força superior que eu conseguir me control
ar. Sabem, era como se alguém me abrisse a força a boca e eu tinha que cerrar os dentes e espremer os lábios com força para evitar que as gargalhadas saíssem. Foi somente com muita luta e a ajuda de meu anjo Natanal que expulsei este mal.
 
     A partir dali veio a terceira batalha. Não me conseguindo fazer desistir pela náusea, nem pelo riso, passei a sentir uma maligna aversão por Jesus! E me explodia na mente, com toda fúria a idéia de que um homem não pode ser Deus? Como pode isso? Isso é enganação dos padres? Isso é mentira, uma força me dizia! E mil horas passei em luta interior, em meditação, ponderação, em batalha e sim, sempre rezando para conseguir me livrar daquele tormento. Entrementes, sei que Nossa Senhora me auxiliava e devagar, mas sempre, aos poucos derrubei mais este monstro que me atormentava.
 
     Entretanto, se eu pensava que tudo havia terminado, estava enganado. Não podendo me derrubar pelas coisas anteriores, passei agora a sentir uma aversão profunda por Nossa Senhora. Penso que é este o caminho que o demônio usa para lotar as casas dos evangélicos. Me vinha forte na cabeça o seguinte sentimento: se eu tenho Jesus, porque preciso desta mulher. Maria é apenas uma mulher comum! Se eu posso rezar para Jesus que é Deus, por qual motivo vou me rebaixar pedindo para uma simples criatura? E lá se foram mais alguns anos de luta interior, de batalha ferrenha, contra esta força tenebrosa que sempre me queria afastar dos caminhos de Deus e da Igreja Católica. Mas com o tempo, com a persistência na oração, com a graça poderosa de Deus agindo sempre, eu consegui aos poucos me dominar e me colocar novamente nos braços de Nossa Senhora, para poder enfrentar a minha última batalha neste campo.
 
     A última explosão deste mesmo sentimento de repulsão pelas coisas de Deus, me veio de um desejo incontrolável que passei a ter, de cuspir nas imagens sagradas, nas fotos de Jesus e Maria, de escarrar nos objetos sagrados, sempre explodindo num sentimento de nojo por estas coisas. Ó Deus, quanto esforço tive que fazer para me controlar. E com que força o Céu teve de agir para vir em meu socorro! E depois ficam os defensores do diabo, a dizer que ele não existe, que ele não pode tentar as pessoas, que não consegue dominar ninguém! Ora, estes já foram certamente dominados por ele, e com estes tais o maldito já nem se preocupa. Já foram vencidos, já foram subjugados e perderam suas batalhas.
 
     Mas sei que outros sentem o mesmo, e muitos nem sequer têm coragem de revelar. Alguns acham que é normal ter medo das benditas almas, medo de entrar nos cemitérios, medo de rezar em casa pelas almas do Purgatório e tantas outras. Outros são atacados pela preguiça e pelo sono na hora de rezar, pela desculpa para não ir à Missa, pelo não cumprimento dos mandamentos da Igreja como o jejum, e o pagamento do dízimo, e vai por ai. Todas estas coisas são fortes tentações que precisamos vencer, nos dominar, porque é imensa graça poder sair vencedor e o mérito está na luta. Quanto mais forte a tentação, maior será a graça alcançada pelo vencedor.
 
     E existem as tentações maiores: Uns sentem desejo de urinar nas imagens, outros de lhes jogar esterco, outros de rasgar as fotos de santos ou quebrar as imagens e os objetos de culto como o Crucifixo, certamente o sentimento que leva muitos falsos católicos a abandonarem à sua verdadeira Igreja, para cair na aventura delirante das seitas, todas elas sem compromisso algum com toda a verdade revelada. Na verdade, sentir esta repugnância pelas imagens de culto e veneração é certamente uma das formas que satanás usa para afastar maus católicos da Igreja. Eles são fracos porque não rezam e caem. E por isso tantos deles pegam purgatórios horrendos e mesmo o inferno.
 
     Enfim, o domínio sobre este último assalto, me veio por uma graça maravilhosa de Deus, através da oração em línguas. Numa longa viagem de sete mil quilômetros que fiz com minha família, por muitas vezes todos eles dormiam enquanto eu tinha que vigiar sozinho por tudo. Então muitos
pensamentos, também maus pensamentos me vinham à mente. Então, de repente, sem o perceber meus lábios começaram a brincar, a emitir sons inexprimíveis e aparentemente sem sentido, numa cascata incrivelmente rápida e quase incontrolável. No final, parecia o trinado de um passarinho, quem sabe um canário da terra. O interessante é que aquilo não parava. Eu não precisava me preparar para dar início e mesmo que ficasse uma hora ou mais deste modo, aquilo não me cansava, nem se repetia. E ainda hoje isto continua, a qualquer momento, o dia inteiro se preciso.
 
     No início eu não sabia o que era. Entretanto, percebi que quando me vinha qualquer pensamento, qualquer desejo – por exemplo – de cuspir naquelas lindas imagens de Jesus e Maria que eu tinha no painel do carro, imediatamente começava aquela cascata de sons, e quando me dei conta, vi que, já antes de o desejo do mal me tomar, já os trinados e sons vinham antes, cortando como uma foice, todos os maus desejos e maus pensamentos, antes de as imagens malditas se formularem na minha mente. E isso facilitava tudo. Ou seja, era como cortar pela raiz. E assim foi por toda a viagem. Quando cheguei em casa, coloquei aquilo em oração, e Nossa Senhora me disse, através do Cláudio, que aquela era uma “obra do Espírito Santo”, portanto verdadeira.
 
     Acreditem, nunca mais fui o mesmo depois daquele dia. Tudo mudou na minha vida e em minhas batalhas. Agora, com esta arma benéfica, consigo expulsar as coisas más, antes que elas venham. Entretanto, continuo uma luta obstinada, uma guerra constante, porque sei que jamais serei deixado em paz. Mas com esta arma e esta força, tudo ficou mais fácil e com ela consegui dar início à subida de todas as cordilheiras que vou descrever a seguir. Mas isso eu vou deixar para cada texto desta série. Não sei quantos recados serão, entretanto serão muitos. Nem sempre eles têm a ver diretamente comigo, pois muitos são frutos de experiências de outros, de batalhas que eu vivi junto com outras pessoas a quem pude ajudar, pois para cada um o demônio usa de um ardil ou estratagema diferente. Isso porque ele conhece as nossas tendências e delas faz uso.  
 
     Enfim, se me uso como exemplo, se abro o jogo algumas vezes e é como uma confissão o leitor pode crer que não é para me fazer especial. Apenas que, se a gente vive a situação e percebe os ardis do maldito, mais fácil é descrever para ajudar a todos os que vivem as mesmas situações e não sabem como lidar com elas. Da mesma forma, convivendo com as pessoas e seus problemas, pude montar alguns destes textos que seguem, para todos os que estão na mesma caminhada neles se poderem amparar.
 
     Por hoje ficamos aqui! Os que vivem as mesmas situações acima descritas, já sabem que elas vêem do maldito, que os quer afastar da Igreja Católica e de Deus.
 
Que Deus abençoe a todos e que todos tenham uma feliz escalada!
 
Aarão



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