recadosdoaarao



Artigos
Voltar




04/10/2007
Paróquia pobre


Artigos - Paróquia pobre
04/10/2007 11:28:08
Artigos - Paróquia pobre

UM PADRE EM PARÓQUIA POBRE

Muitos amigos estão pedindo e mesmo cobrando algum artigo novo, que lhes encha de ânimo e força para a batalha. Tenho dito a todos que estou envolvido em novos livros, que precisam chegar a milhares que não têm internet. Mas aproveito o momento e trago a todos um dos capítulos do nosso novo livro: AS ANGUSTIAS DA IGREJA!

Este capítulo é resumo do texto recebido de um sacerdote, e coloco na íntegra. Trata-se de um sacerdote de uma paróquia pobre de periferia, que embora trabalhando como marginalizados não é cínico, mas vive com os pobres, sem no entanto se ligar na teologia da libertação. Sua carta é, aliás, um tapa na cara dos que vivem esta teologia cínica.

Vejamos como está lá:

Desde o início deste livro, o leitor tem visto que seguidamente voltamos à questão dos “pobres”, até porque em síntese última o abismo que divide uma igreja e outra é a questão da pobreza. De um lado temos a Igreja de Pedro, que combate a pobreza espiritual, que procura viver para os “pobres em espírito”, e de outro temos a Igreja do mundo, e do homem, que diz que “combate” a pobreza material, quando esquece a morte espiritual.
Eu coloquei “combate” em destaque, porque vou mostrar que é mentira. Eles de fato não combatem a pobreza, antes a desprezam. Vou usar para isso as palavras de um bom e santo sacerdote, que vive na pele a pobreza de uma comunidade, mas que, em hipótese alguma optou pelo combate direto à pobreza material, e sim vai ao combate pelo espírito. Eu até achava que tais padres não existem, mas vou trazer as palavras de um deles.
Temos visto seguidamente que muitos padres rejeitam as paróquias pobres, os locais onde não terão facilidades e regalias, em especial nos lugares distantes e periferias das grandes cidades. E muitas vezes, pelo fato de a Igreja Católica não ocupar este espaço, dele se servem as seitas com seus falsos pastores, fazendo das ovelhas abandonadas pelos nossos padres, o seu redil. E então ainda perguntam: porque fogem da Igreja?
Notadamente há um comportamento cínico de certos padres, porque de um lado pregam a teologia libertadora, entretanto não se dispõe a viverem na pele o problema dos “pobres e marginalizados”. De fato, eu procurava um padre simples, de uma paróquia bem pobre, que vivesse isso e me pudesse falar de suas angustias. O relato que segue é um excerto adaptado de sua carta, porque muito longa para colocar inteira.
Por sinal, cheia de angustias. E de verdades impressionantes! Ouçam:
Trabalho numa pequena e pobre paróquia de periferia. Nossa igrejinha é diminuta e seu espaço não consegue comportar a todos os fiéis que nos procuram. Em vista disso visitamos as casas, aonde todas as noites nós vamos com uma equipe, sempre com Nossa Senhora na frente, para ensinar e rezar o Terço em Família.
Eu pessoalmente visto, ainda, minha batina, porque ela me aproxima dos pobres, e eles são enormidades na verdade quase todos o são. Na verdade nossa região é paupérrima e somente pela misericórdia divina e sua providência que conseguimos levar avante nosso apostolado. Que desenvolvemos sem dúvida por amor a Deus, à Igreja e aos irmãos!
Sim, nós sonhamos com uma igreja maior, entretanto isso somente com o tempo, pois sei que se nós levantarmos antes o edifício espiritual, ele é o alicerce seguro que haverá de suportar o a capela física maior, que virá! Deus proverá. Nosso povo é simples, e tem uma fome inaudita das coisas de Deus. E é este o alimento que lhe damos, porque sei que Deus aos poucos provê também o alimento para o corpo, quando os saciamos Dele mesmo.
Entretanto, posso dizer a vocês que nosso apostolado é dificílimo, primeiro porque já é visível que não temos mais unidade na Igreja, e não está mais sendo possível evangelizar como nos pede o querido Papa Bento XVI, e já nos pedia o saudoso João Paulo II. Falo isso, porque muitos padres moderninhos – como meus vizinhos do centro da cidade – mudaram as
leis da Igreja ao seu gosto, e já não seguem mais aquilo que Pedro nos pede, e mesmo manda. Seguem os ditames de suas cabeças de vento!
Devido a isso, não há como catequizar com eficiência, porque se aqui digo aos meus fiéis, que é pecado viver amasiado, e que não lhes posso dar a comunhão eles dizem: então vou para a Paróquia do centro, lá o padre aceita e não tem esta discriminação. Se eu falo quanto ao casamento dizem: não me casarei mais outra vez, casei-me no cartório e acabou a nossa conversa, não venho mais na sua igreja.
E pergunto: Afinal, é pecado ou não é? Claro que é! Mas viram a dificuldade?
Sabendo desta e de outras coisas, certa vez interpelei um destes padres modernos e lhe disse que o Papa proibia a comunhão a divorciados, e que ele deveria incentivar mais as confissões porque existe a Carta Misericórdia Dei, que pede confessionários em todas as igrejas e o incentivo a confissão. Vocês não imaginam a decepção que tive...
Ele me disse: que Papa? Nós aqui não seguimos a orientação de Papa algum, mas sim a orientação da CNBB. Não precisamos de uma Papa que já está velho, vive uma Igreja muito ultrapassada e que está acabando. Não é mesmo um horror escutar isso de um colega?
Vejo com grande pesar e preocupação estes novos padres. Eles têm medo de ferir alguém e afastá-lo da Igreja, argumento esse que não é certo. Seus sermões são cheios de muitas delicadezas, de linguagem morna, tíbia, e já não tocam mais nos pontos difíceis da doutrina. Não falam em inferno e no castigo dos maus, nem Purgatório! Isso quando São Paulo apóstolo manda que nós insistamos, quer agrade ou desagrade. Não estou julgando, mas expondo os problemas destes pobres sacerdotes.
É certo que Jesus veio para as ovelhas tresmalhadas, para os doentes do corpo e da alma. Jesus é um remédio eficaz para qualquer enfermidade, em especial as da alma. O que observo é uma desobediência geral aos ensinamentos da Igreja. Há um relaxamento muito grande em relação à pregação, o esclarecimento e aplicação eficaz dos Sacramentos.
A desobediência de muitos padres a Jesus Cristo, conseqüentemente ao Santo Padre o Papa é grande. Há padres – por exemplo – que ensinam no púlpito que é permitida uma experiência pré-nupcial antes do casamento. Então, quando os pais e mães vão a paróquia marcar o dia do casamento dos seus filhos e filhas, os padres dizem: “deixem eles se amigarem primeiro um tempo, depois se der tudo certo venham que eu farei o casamento”.
Certo bispo na TV disse: “vamos passar um ano ou mais sem celebrar o sacramento do matrimônio”... Outros não querem mais celebrar este sacramento só no religioso, alegam com certos argumentos que nada têm a ver com este Sacramento de instituição divina. Os Sacramentos são destinados à santificação das pessoas. Então fazem batismos coletivos, e confissões coletivas, como se o Sacramento fosse uma droga de produção em série. Nestes bairros pobres, com tantas doenças, quantas crianças morrem sem batismo? E mais...
A Unção dos Enfermos era chamada antes do Concílio Vaticano II de Extrema-Unção era conferida de um modo fervoroso aos doentes e pessoas em risco de morte. Os piedosos párocos e vigários tinham uma grande preocupação de não deixar seus paroquianos sem esse sacramento, sobretudo à hora da morte. As famílias católicas se preocupavam em chamar o padre para conferi-la aos seus familiares doentes e os padres incentivavam seus fieis a buscarem este sacramento.
O que observamos hoje em dia é a displicência geral de muitos padres para com os doentes e todos os que aguardam o dia de voarem para a eternidade. Os doentes estão morrendo sem a visita dos padres católicos, para a unção e uma boa confissão. Todos dizem que estão ocupados, dando aulas nos colégios, ou proferindo palestras, fazendo viagens de lazer e turismo, e assim não sobra mais hora para a caridade. Quando a maior preocupação dele deveria ser com as almas. Esta é a maior de todas as caridades!
Falam em comunidades de base, mas não têm preocupação alguma
em colocar a frente delas pessoas efetivamente católicas, com santidade de vida, ligadas fielmente ao Papa e obedientes à sua doutrina. Com isso esses grupos se tornam em quase seitas, pois é grande o desconhecimento das verdades eternas, as que salvam almas. Nunca vi nestas comunidades ensinar que devemos ser obedientes ao Papa, e seguem cartilhas propostas por certos bispos, que já nada tem de pastores, pois mais parecem lobos vorazes!
O depoimento de muitos cristãos são confissões verídicas do afastamento da Igreja católica. O padre não quer ter o trabalho de batizar uma só criança, e sim, uma vez por ano, 200, 300, 500 batismos ou casamentos de uma só vez. Pior, sem dinheiro, ninguém e batizado, e já tive muitos depoimentos de fiéis que foram recusados de batizar seus filhos por falta de dinheiro. Isso é ser mercenário! Coloca-se o nome para o batismo uns quinze ou trinta dias antes e paga, recebendo um recibo expedido pela secretária da paróquia.
Além disso, a preparação para o batismo muitas vezes é somente para os pobres e ignorantes de sabedoria humana. Muitos ricos são bem atendidos porque pagam, e logo lhes é conferido o batismo para seus filhos, e ninguém precisa de curso para ser padrinho e madrinha... É assim que demonstram a sua “opção preferencial pelos pobres”? Sim, eu estou falando de paróquias pobres como a minha. Eles mostram na prática que preferem os ricos que podem pagar pelos “serviços”. Como você chamaria isso?
Realizam batismos corridos, apressados, apenas no dia do santo padroeiro da paróquia. O padre às vezes está super carregado de exterioridades, ou seja: com a procissão e que a Missa seja solene e então tem pressa em conferir o Sacramento do batismo, ou crisma, isso quando licenciado pelo bispo. Mal sabendo que a festa interior deveria ser a maior! Como seria lindo se todos estivessem confessados, também pais e padrinhos. Não seria isso o que deveríamos todos fazer? Sabem: se eu exijo isso na minha Paróquia, eles vão para a vizinha onde nada disso é pedido ou exigido. E depois voltam arrogantes, e assim me colocam contra meus paroquianos. Sou eu que passo por intransigente e padre ruim!
Muitos padres imitam pastores protestantes e outros ministros, desobedientes a verdadeira Igreja de Cristo. Conheço padres que têm vergonha de serem chamados assim e preferem o nome de pastor. Quantas famílias ficam afastadas de suas paróquias, por falta de humildade de seus padres, falta de atenção, de amor e caridade cristã. A santa Igreja Católica Apostólica Romana é sábia e santa, e não apóia atitudes assim.
A Igreja aconselha e exige dos padres que desejarem contrair matrimônio que peçam dispensa do sacerdócio aos seus bispos para depois se casarem; mas, o que existe é um grande número de padres que têm suas mulheres e filhos clandestinamente e continuam exercendo o sacerdócio na Igreja Católica Romana. Uns colocam as mulheres e filhos noutra cidade e ficam visitando-as mantendo as despesas por lá. Os bispos parecem que estão dormindo ou simplesmente fecharam seus olhos para isso.
Um dia um jovem me disse: “padre porque o senhor não vai à praça beber conosco? O padre fulano faz isso e me disse que não tem na Bíblia proibição, para que os padres não bebam e nem fumem”. Fiquei sem resposta... Sem ação! Como é que um padre que se alcooliza de forma contumaz, que freqüenta bares suspeitos pode combater este vício entre os paroquianos? Mas esta seria a sua obrigação pelo exercício sagrado do seu ministério!
Certo bispo de ordem religiosa prostituiu uma jovem de 15 anos, e foi a médico amigo para fazer o parto daquela jovem e lhe deu dinheiro para calar a sua boca. Isso é real, fala se do pecado e não do pecador. Não posso revelar o nome, embora eu o saiba e também o médico, a cidade, onde foi feito o parto. Assim são os casos explicitados. E o povo todo fica sabendo, para desgraça, ruína e desagregação da Santa Igreja.
Por que este prelado não pediu para se afastar da Igreja? Continua em outra diocese fazendo escândalo. Só Deus sabe e o julgará. Não
eu, um pobre pecador cheio de defeitos. “Deus escolhe os miseráveis o pior dos pecadores, para enviar as suas mensagens, pessoas desprezíveis aos olhos do mundo”. Não é assim?
Agora eu lhes pergunto: como é que posso pregar a santidade de vida, como é que posso pregar contra o adultério, contra a fornicação, e a contra tudo que destrói a família, se de cima e da nossa Igreja partem exemplos deste tipo? Tão deploráveis!
Há também uma tremenda falta de unidade nas pregações e eu só posso deduzir que temos aqui um cisma! Esta coisa não é mais Igreja de Jesus! Vejo padres conhecidos a negar os milagres de Jesus, e a explicar tudo de forma racional. Mas meu Deus, a nossa Igreja condena com excomunhão quem nega os milagres de Jesus! Como fica então?
Sua Santidade o Papa Bento XVI fez um pronunciamento sobre o domingo, o primeiro dia da semana, o dia do Senhor. Diz o papa: o dia de domingo é para reflexão, para a família, não para o lazer, que os católicos respeitem o dia do Senhor. Mas faça as contas de quantos padres no Brasil levaram estas palavras aos seus paroquianos! Conte nos dedos!
Os católicos não estão dando valor o dia de domingo, pelo menos uma grande parte. Programam para o domingo, apenas coisas profanas, mas não programam a participação da Missa e reflexão. Acham que o domingo é para o lazer, os jogos, as bebedeiras, o ócio e mesmo a prostituição.
Vejo isso com toda clareza, pois, conheço várias paróquias onde na celebração da Missa dominical as igrejas ficam vazias, enquanto os bares, praias, acampamentos, bailes, discotecas, estádios de futebol, estão abarrotados de católicos. Serão mesmo católicos? Uma perguntinha: não tem padres lá também?
Os párocos, vigários e mesmo bispos não mais incentivam os católicos a participarem da Missa dominical, e passam anos e anos sem fazer uma admoestação sobre o dever dos católicos para com a celebração da Missa dominical. Isso é mandamento da nossa Igreja. É falta grava que impede a comunhão, não assistir Missa inteira aos domingos!
Enquanto o papa se preocupa com este dever sagrado, muitos padres e mesmo muitos bispos se esquecem de fazer uma conscientização sobre os mandamentos da Igreja. Outro fato deplorável é que milhares de padres não mais celebram a Missa diária como a Igreja pede, e muitos passam a vida inteira sem se confessar, celebrando em sacrilégio.
Também entregam as igrejas à dirigentes comunitários arrogantes mal preparados para celebrarem um culto, que de forma alguma substitui a Missa. Muitos padres poderiam se desdobrar e celebrar umas três Missas no domingo, onde há carência de sacerdotes, mas preferem o comodismo. Na comunhão ninguém mais se ajoelha, aliás, na igreja não se ajoelham também, até os bancos não possuem mais genuflexórios de sempre.
Os bispos estão excessivamente elitizados desde o modo de se trajarem até o linguajar. Devem descer do trono, saírem dos seus palácios e caminhar junto com o povo de Deus... Quando vemos um bispo, parece mais um empresário do que um simples servo de Deus. Estão distanciados do povo simples. Acho que o bispo deve caminhar com o povo, sofrer com o povo, visitar as famílias pobres, principalmente as mais carentes, levando o conforto espiritual e seu verdadeiro amor de irmão em Cristo. De pastor que ama as ovelhas e dá a sua vida por elas. Como Jesus pediu! Dar a vida é salvar as almas!
Se possível, ele deve colocar os pés no chão, celebrar nas capelas, nas famílias e sair das catedrais luxuosas! Jesus Cristo não possuía catedral nem templo era simples modesto e humilde. Com freqüência deparamos com Jesus no meio dos pecadores, dos desprezados, dos marginalizados, por uma sociedade desumana e cruel!
Entretanto, para nossa tristeza vemos os bispos falando contra esta sociedade rica e cruel, mas vivendo exatamente das benesses e mordomias que ela proporciona. Não largam seu bom queijo, e seu bom vinho! Sua mesa farta!
Quando olhamos para um bispo na TV, desde o modo de falar e se comunicar com o povo, te
mos a impressão de um grande empresário. Por que não usar a batina que ainda é carismática, pois o povo pobre tem verdadeira veneração por um bispo que usa seu hábito religioso assim como os padres. Paletó, gravata, e aquele clérigman distanciam o religioso do povo simples, que não pode comprar nem uma calça boa e nem uma camisa melhor.
Carros de luxo não foram fabricados para religiosos, pois Jesus andava de pé! Ele nem tinha onde reclinar a cabeça! Acaso ele não disse: sigam sem mochila, sem dinheiro apenas com um par de sandálias? Qual padre ainda cumpre isso? Vão levar cesta básica para o pobre, mas aparecem ali com um automóvel do ano. O que você acha disso amigo?
Na TV, os padres e bispos dão a impressão de se dirigirem somente para a classe média alta, que sabe bem o português. E desde o modo de se apresentarem até a linguagem, usam palavras difíceis, comuns entre o clero, mas desconhecidas entre o povo simples. Não é cinismo falar em “ir ao povo” quando fazem somente aquilo que os distancia do povo?
Assim o pastor não vai mais atrás da ovelha tresmalhada, e que fugiu para as seitas. Eles vivem em eternas reuniões e encontros promovidos pelas emissoras católicas, ali onde circulam apenas pessoas bem vestidas, da classe média, mas um pobrezinho, nunca será visto no meio destes grandes encontros e congressos. Como podem falar em pobres? Pobre não pode participar das excursões para os santuários famosos nem de retiros, pois, o seu dinheiro não dá nem para a alimentação digna de um filho de Deus.
Mas eu pergunto: se eles são a maioria na Igreja, como podem ficar fora das decisões? E eu que vivo no meio deles, posso dizer com certeza, se este povo simples realmente pudesse escolher seu modo de ser Igreja, iria querer pastores que os conduzissem para Deus, não para o mundo. Eles têm muita fome das coisas eternas! E não são cegos e percebem muito bem que este mundão como vai não tem mais esperança.
Então, a Igreja tem que sair por aí andando à procura do povo sem condição, que vive desprezado e esquecido nas periferias das cidade grandes e pequenas. Em todos os lugares deste planeta, existe um povo esquecido pelos governos e até pela a Igreja. Os protestantes estão atingindo mais o povo, falo do povão pobre. Eles realmente vão ao povo simples, e por isso a Igreja Católica perde tantos fiéis. Até porque são mal catequizados!
Quem já viu um bispo andar visitando os pobres, os doentes, os marginalizados, os que vivem debaixo das pontes, em casebres de lona preta? Os bispos têm as suas desculpas: temos o ministério para isto! Temos os dirigentes de comunidades de base, os padres, os catequistas, as pastorais. Mas acho esta uma desculpa furada. O povo fica feliz com a visita do seu bispo em sua casinha pobre, sentado em cepos e mesmo em pedras.
Dirigentes, catequistas, ministros da comunhão, não substituem o bispo! Nem o padre! O povo deseja e fica feliz com a presença real do seu pastor, do seu bispo. Então eu clamo, desde a minha idade: Senhores bispos desçam dos seus tronos, saiam das suas catedrais, dos seus escritórios com ar condicionado e de suas poltronas estofadas. Ai os senhores verão um mundo esquecido, onde vive um povo com fome e sede de Deus!
Saiam do meio dos privilegiados, das mordomias dos ricos, tirem os seus sapatos finos e comecem a caminhar juntos com o povo pobre, simples e miserável. Calcem as sandálias de pescadores de almas, não os tênis caríssimos da “Nike” e seus luxos. Venham a pé e não de carrão preto, do ano! Ai os senhores irão perceber que a verdadeira comunidade de base é a família católica, hoje atacada por todos os lados. Sim...
Tomem de uma imagem de Nossa Senhora, de um Crucifixo e de um Terço, e sigam em busca das famílias. Adentrem os lares pobres e ali os ensinem a rezar e a amar. Rezem, apenas rezem com eles! E pelo amor de Deus não levem a eles a luta de classes, o ódio aos ricos, e a ganância que divide e sim, apenas o amor de Jesus que soma e redime. Sabem: muito antes que vocês imaginassem, veriam
seus lares também se encherem de pão!
Peço mais: Se despojem das vestes de empresário! Vistam batina, ou camisa simples, ou uma calça de tecido pobre e assim atingirão os que estão afastados da Igreja! Os que se sentem envergonhados de participar de movimentos religiosos porque não possuem roupas bonitas, sapatos brilhosos e tênis de grandes marcas. Não estou julgando a boa intenção dos bispos e padres, mas despertando-os de um sono profundo, cheios de sonhos irreais.
Percebam que isso que vocês pregam, e vivem, não é a Igreja do Jesus da manjedoura e sim a do fariseu que abre os braços e alardeia suas obras. Entendam de uma vez por todas que a igreja da vossa conferência está muito mais para o sinédrio que para o sermão da montanha. É do sinédrio que brota o ódio de classes, a condenação a comunidade belicosa, jamais Daquele que é manso e humilde de coração!
Relatórios, planejamentos de cima para baixo, coordenações da diocese e da paróquia são importantes, mas quase tudo isso é puro lixo, se não vem acompanhado de obras de salvação eterna! Sem isso elas não passam de fantasias. De trabalho em vão!
Em suma: Vivam com o povo, sintam a dor do povo, sofram as dores com o povo, e se alimentem com os pobres! Sim, sentem-se ao redor das mesas e jiraus dos pobres, comam calangos e preás assados, e então verão outra realidade, e não a relatada a vocês. Só assim vocês terão moral e direito de falar em pobres e marginalizados!
Até lá a vossa teologia da libertação continua sendo para mim um conto da carochinha!




Artigo Visto: 2429

ATENÇÃO! Todos os artigos deste site são de livre cópia e divulgação desde que sempre sejam citados a fonte www.recadosdoaarao.com.br


Total Visitas Únicas: 4.202.698
Visitas Únicas Hoje: 273
Usuários Online: 64