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Cláudio
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08/06/2020
Você irá chorar
Uma alma: Não sei! Aqui ninguém sabe de ninguém! Cada um vive o seu sofrimento de forma individual.


Indaial, SC, 06 de junho de 2020

Dá pra chorar?

Eu estava “passando” por lá, quando uma determinada alma me chamou a atenção: Ares de cansaço, deixava transparecer na face as dores que sentia. Sua voz parecia gritos e seus gritos eram ensurdecedores tais quais as dos outros que por ali estavam! Todos se contorciam pelas dores atrozes e seus rostos deformados lhes davam ares de pessoas velhas, acabadas, dilaceradas pelos sofrimentos que a vida terrena lhes oferecera.

Mas nem todos eram velhos e na verdade a maioria eram de idade ainda jovem, mas ali todos pareciam velhos e se eu comparasse aos do mundo terreno diria: São velhos rabugentos, daqueles que atormentam a vida de tanta gente!

Mas esta que me chamara a atenção me perecia diferente...

- Não sou diferente das outras! Os nossos sofrimentos são atrozes!

Eu olhava pasmo aquele aglomerado que mais parecia um “bando” de larvas nojentas que exalavam odores insuportáveis! Seus braços erguidos aos céus e seus clamores saindo de suas bocas cadavéricas e escancaradas me faziam sentir desprezo e repugnância...

(Estou no inferno!)

! - Não! Aqui não é o inferno! Aqui é o Purgatório!

(E o que pagam estas almas?)

-Não sei! Aqui ninguém sabe de ninguém! Cada um vive o seu sofrimento de forma individual.

(Não se conversam?)

- Deus é Sábio e Cuidadoso e não permitiria que conhecêssemos os pecados uns dos outros! Só Ele conhece!

(Apesar de todos estes sofrimentos, continuam submissos a Deus e acreditando Nele?)

-Todos nós sabemos do porque estamos aqui! Todos nós merecemos e todos nós aguardamos o momento em que o Céu nos abrirá as portas...

Observei que por varias vezes as portas se abriam e alguém as usava para sair dali. Mas não pude ver quem as abria.

E, curioso: As pessoas que iam saindo recebiam como que, vestes novas, deslumbrantes e seus corpos se tornavam jovens, vigorosos e até de certa forma, luminosos!

E todos observavam estes momentos em êxtases de alegria!

(Não sentes inveja deles?)

- O pecado não existe aqui! Aqui só se paga pelos pecados que fizemos na terra e ficamos felizes pelos que já pagaram os seus! Agora merecem o Céu!

(Como é o Céu?)

- Ainda não sei, mas a alegria é tão grande ao vermos estes momentos que já se pode imaginar do que seja o Céu!

(Por que estás aqui, eu posso saber?)

- O que vou te contar, eu deveria ter contado ao Padre, e então teria me livrado deste local pestilento... Eu tive mulher e filhos... Lindos, lindos, lindos...Eu também era lindo, ou pelo menos isso é o que diziam as mulheres! E foram tantas as que me tiveram ou que eu as tive... Dos assédios podemos nos livrar, se quisermos, pois os assédios nãos nos abrigam: Eles apenas nos convidam! Mas eu mergulhei nesta lama podre, traindo a minha ”santa mulher” e os Anjinhos que Deus me havia dado como presente: Os meus filhinhos! Trai todos e traí a Deus! Ao descobrir a minha vida devassa, minha mulher me abandonou e também entrou em declínio espiritual, se tornando uma “mundana qualquer” e meus filhos, os mais velhos também procuraram o mundo e os menores foram cuidados por parentes... E quando morri, vim ao Purgatório...

(O Purgatório? Pelo que me contas o inferno é o teu lugar!)

-De fato! E se não fosse pela “Comadre Zilda” eu estaria lá! A comadre rezou muito por mim e por minha família...

(Deus não te determinou um tempo?)

- Com a conversão de minha mulher, eu ganharei o Céu...

(Então rezas por ela?)

- Esta é a minha tarefa: Eu a fiz cair na lama, e por isso sou agora o responsável pela libertação dela. Mas já estou aqui há 31 anos, 4 meses, 3 dias e nove horas e não vejo mudança nenhuma acontecer na sua vida. Já apelei para os Anjos dela através do meu Anjo, mas também sem resultados. Agora clamo ao meu Anjo para que aborde o Anjo da Comadre, que continua rezando por mim e por minha família. A comadre Zilda é muito amiga de minha mulher e é uma pessoa de fé, de garra, de dinamismo e muito ligada a Deus, mas até agora não conseguiu convencer a minha esposa.

(Amigo, Deus jamais deixa de atender alguém e podes ter certeza de que logo terás o Céu!)

Neste momento aconteceu algo que jamais esquecerei!

(Zilda morreu! Observa amigo: Ela está na “Eça”, diante do altar da Igreja do teu bairro! Padre João já celebra a Santa Missa!)

- A Nita! A Nita está na Igreja! Deus seja louvado!

Nita ouvia atentamente as palavras do Padre:

- Meus filhinhos: Peço agora que fechem os olhos, se concentrem, imaginem e indaguem de si mesmos: “E se fosse eu que estivesse neste caixão?”

- Não, Padre! Não! Eu não quero morrer! Não quero morrer!

E Nita, aos gritos, sai correndo da Igreja e sentando-se nas escadas, põe-se a chorar e gemer convulsivamente.

- Não quero morrer! Não quero!

Após a Santa Missa, Padre João senta-se ao lado dela e Nita deixa sua cabeça apoiar-se no ombro dele, continuando a chorar, mas agora chorava o choro da dor, do arrependimento, da contrição!

Esta cena durou horas...

A porta se abriu!

- Ei, Guto! Vem!

- Comadre! É você?

- Sim! E Eu vim te buscar! O Pai quer te abraçar!

E dizem que homem não chora...

Fonte: https://missaosalvaialmas.com.br/?cat=47&id=3232

Cláudio Heckert – Confidente Católico de Nossa Senhora

Rua Maria Ramos Guerreiro 104, Vila Nova - CEP 88.210-000

Porto Belo - SC

 

 

 

 


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