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26/09/2018
Sínodo da juventude: novo golpe?
Rezemos pela Santa Igreja: os inimigos não descansam, nem dormem!


Seis razões para temer o Sínodo da Juventude (Tradução do original, Leandro)
Por Carlos Esteban |18 de Setembro de 2018
 
Entre o dia 3 e o dia 28 de Outubro se celebrará em Roma um Sínodo da Juventude com o título ‘Os jovens, a Fé e o discernimento vocacional’, mas há boas razões para temer que o fim último desta reunião não seja nem a Fé e nem o discernimento vocacional, mas somente e marginalmente os jovens. Estas são as razões do meu receio.
É um assunto mal que o anúncio de um sínodo da Igreja Católica, no lugar de ser motivo de alegre expectação, se converta em causa de temor em um fiel, mas o discernimento, considerados os dados objetivos de que dispomos, leva neste caso a uma desconfiança que não cremos racionalmente infundada. A nova constituição apostólica publicada hoje sobre a estrutura dos sínodos, Episcopalis Communio, não faz mais para acentuar nossos medos.
Em resumo, o que tememos é que se use o sínodo para mudar a doutrina da Igreja em torno a temas tão cruciais como a consideração moral sobre a sexualidade humana: licitude da contracepção, revisão da concepção antropológica da homossexualidade e relaxamento da indissolubilidade do matrimônio, ou ao menos que se introduza lá a habitual dose de confusão sobre tudo isso.
O primeiro motivo de apreensão é o dos precedentes, especificamente, os dos Sínodos sobre a Família de 2014 e 2015. Temos já testemunhos e provas sobrando de que ambos foram planificados até o último detalhe para chegar à conclusões prefixadas, ficando os Bispos como ‘figurantes’ e desculpados para que a decisão unilateral pareceria colegiada.
Tudo apontava a um mesmo fim, a mesma ‘permissão pastoral’ aos divorciados que voltaram a se casar e que vivem ‘more uxorio’(marido e mulher) para receber a Comunhão, tal como têm entendido a maior parte das conferências episcopais a partir da exortação papal Amoris Laetitia: o encargo ao Cardeal alemão Walter Kasper para quem ditara o esquema principal já em Fevereiro de 2014, a exclusão do Pontifício Instituto João Paulo II da primeira sessão - reincorporado na segunda depois de numerosos protestos -, a nomeação na secretaria de ‘intérpretes autorizados’ das conclusões à pessoas como o Padre Spadaro, diretor da Civiltà Cattolica, o Forte, as notas publicadas a cargo do Padre Lombardi, a proibição aos padres sinodais de fazer declarações…
Os acontecimentos se fizeram, enfim, tão descarados e conhecidos por todos que a intenção original do Papa foi deixada, ao menos em parte, frustrada, e o documento final foi uma versão tão aguada e de compromisso que não contentou a nenhuma das partes.
No caso do Sínodo da Juventude contamos, ademais, com antecedentes ainda mais próximos no pré-sínodo e no Instrumentum Laboris, o documento que delineia os assuntos que vão ser tratados na reunião.
A novidade do pré-sínodo consistia em uma reunião de trabalho na qual estiveram representados os supostos destinatários principais de todo o assunto, os jovens. Mas o elenco, que pretendia ser representativo da juventude católica comprometida com sua Fé, foi qualquer coisa menos isso. Os jovens eram selecionados pelas conferências episcopais que, naturalmente, enviavam a amostra que mais podia estar em linha com o que intuíam que desejava o Papa, algo difícil de ignorar escutando suas próprias palavras.
Se tentou também, em um desdobramento de abertura, reuniões online de acesso quase livre, e precisamente muitos dos que participaram delas foram os primeiros em se alarmar, assegurando que muitos dos assuntos mais debatidos se furtaram por completo do documento final.
Ademais, a ‘opinião dos jovens’ refletida no documento tinha mais haver com as preocupações e obsessões daqueles que eram jovens em Maio de 68 do que daqueles que são jovens nesta segunda década do século XXI. Falam de abertura e flexibilidade litúrgica e, em suma, exigências que talvez teria sentido fazer à Igreja pré-conciliar, mas dificilmente à nossa.
E quanto à Instrumentum Laboris, se pegam exatamente essas mesmas exigências de flexibilização moral ainda maior em questões relativas à sexualidade com insistência suspeita. De fato, em sua apresentação se destacou com orgulho que é a primeira vez que aparece em um documento eclesiástico oficial as siglas LGBTI, esclarecendo que ao incluí-la não se faz mais que pegá-la das atas das discussões, algo que é falso como pode comprovar qualquer um.
Nem resulta especialmente tranquilizador observar, em pleno tsunami de escândalos de abusos homossexuais iniciados com a deposição do ex-cardeal McCarrick, a quem Sua Santidade designou para participar do sínodo. O que pode contribuir em um Sínodo de Jovens um cardeal Rodríguez Maradiaga que tem acusado de mentirosos e de alinhar-se com a ‘anti-Igreja’ os 46 seminaristas que se atreveram a denunciar em carta aberta a ‘ditadura homossexual’ que impera no seminário maior de Tegucigalpa, e que há mantido como mão direita e frequente substituto como Bispo auxiliar, Juan Pineda, acusado de abusar de seminaristas e conviver em relação homossexual com um homem, pelo que tinha sido afastado?
O que dizer do Cardenal Reinhard Marx, presidente da Conferência Episcopal Alemã e membro do C9, que tem ignorado a decisão da Congregação para a Doutrina da Fé proibindo a intercomunhão?
Como pode ocorrer a qualquer um que é um bom momento de incluir em um sínodo hoje aos Bispos americanos Blase Cupich e Joseph Tobin, ambos da ‘equipe’ de McCarrick, elevados ao episcopado pela recomendação do defenestrado arcebispo emérito quando nem sequer estavam entre os primeiros postos da lista para a nomeação?
Cupich, que declarou duas vezes seguidas que o escândalo dos abusos não merece demasiada atenção porque há “uma agenda mais ampla”, da que só cita os temas tão centrais à Fé cristã como o meio ambiente e a imigração massiva?
Tobin, que ainda não deu uma explicação satisfatória de seu ‘deslize’ no Twitter, que “boa noite, querido, te amo”, e que preside uma das Dioceses, Newark, mais ‘LGBTI-friendly’ dos Estados Unidos?
Sobretudo, em que cabeça cabe deixar o Cardeal Kevin Farrell, mão direita de McCarrick em Washington, com quem conviveu seis anos, e antes um dos homens de confiança de Marcial Maciel, mesmo que ele tenha declarado que os erros de ambos o surpreenderam absolutamente? Bastante deprimente é já que presida o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, que organizou a convenção da Irlanda, onde levou seu amigo e apóstolo dos LGBTI, Padre James Martin.
Sobre Farrell, ademais, há rumores que corre já por Roma um relatório devastador, cuja publicação poderia produzir-se em pleno sínodo.
Francisco tem, de fato, tal costume de convocar sínodos com um epígrafe para conseguir fins que não aparecem nele esse ‘método’ de disfarçar de decisão colegiada uma finalidade própria de sua panelinha resulta já transparente.
Temos comentado no caso dos dois Sínodos sobre a Família, mas podíamos referir-se igualmente ao próximo Sínodo da Amazônia, no qual a região equatorial parece ser uma mera desculpa para introduzir o celibato opcional ou, o que é o mesmo a longo prazo, a abolição do celibato sacerdotal.
De fato, não parece que a evangelização da Amazônia, região tão imensa como escassamente povoada, requer um sínodo muito mais que muitas outras regiões, inclusive nossa Europa descristianizada. Mas compreende-se muito melhor após a leitura que o próprio Santo Padre tem insistido em que se inclua no documento preparatório discussões sobre a conveniência de ordenar ‘viri probati’, homens casados de ‘bons costumes’. O que parece uma consequência se revela, definitivamente, na verdadeira razão de todo o assunto.
Um motivo mais tarde para suspeitar que vai usar-se o sínodo para mudanças no sentido do que falávamos no princípio é a acumulação de detalhes ao longo destes cinco anos de pontificado que apontam consistentemente nessa mesma direção.
Em que pode consistir a ‘revisão’ da encíclica Humanae Vitae que se anunciou como motivo de seu meio século de existência?
Por que, em vez de censurar um sacerdote como o Padre James Martin, que se expressou em incontáveis ocasiões sua desconformidade com o Catecismo da Igreja Católica no que toca à homossexualidade, lhe fez assessor de comunicação do Vaticano e lhe convidou como relator principal no Encontro Mundial das Famílias?
Por que nomeou como prefeito do megadicastério para os Leigos, a Família e a Vida o mesmo Bispo que escreveu a introdução do livro de Martin, Kevin Farrell?
Por que se põe Monsenhor Ricca, que não se esforça para ocultar seus casos de amor homoeróticos na frente das finanças vaticanas, ou José Tolentino Calaça de Mendonça como Arquivista e Bibliotecário no Vaticano?
Por que o “quem sou eu para julgar?” ou “Deus te criou homossexual”, nunca desmentido?
A lista de perguntas que apontam em uma mesma direção poderia fazer-se interminável, e não se referiria somente ao Santo Padre, nem sequer à Cúria, sem a boa parte do episcopado ocidental, incluindo o nosso.
Inclusive diante da evidência de que a esmagadora maioria dos casos de abusos que voltaram a pôr à Igreja na vergonha não se referem tanto à meninas como meninos, e não tanto meninos como adolescentes, em uma esmagadora maioria dos casos, o Papa e seus colaboradores têm preferido evitar pronunciar a palavra ‘homossexual’ - o elefante na sala de estar - e têm preferido esperar um vaguíssimo ‘clericalismo’ que cada qual interpreta como lhe agrada.
E nisso chega a constituição apostólica ‘Episcopalis communio‘, que na interpretação do teólogo ‘francisquista’ Massimo Faggioli, viria converter o decidido no sínodo em solidariedade com a opinião papal e, por tanto, no magistério ordinário, doutrina que deve crer todo fiel católico.
Entenderam agora?


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