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25/02/2015
Deus e a crise na Igreja
O Espírito Santo favorece o bem na Igreja, mas permite que o mal ocorra.


Deus poderia permitir uma Crise na Igreja? (Comentários ao final)

Fonte: http://www.aascj.org.br/home/2015/02/24/deus-poderia-permitir-uma-crise-na-igreja-veja-a-resposta-aqui/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+boletim-ultima-semana+%28Boletim+Sagrado+Cora%C3%A7%C3%A3o%29

Por falta de um entendimento adequado sobre a verdade inquestionável da assistência do Espírito Santo à Igreja, muitos católicos ficam confusos e inseguros.

Não querendo ir contra essa verdade, eles procuram, muitas vezes, negar a realidade de certos fatos ou o sentido evidente de certas afirmações que parecem contrariar essa divina assistência. Ficam assim enredados num dilema aparentemente sem saída: ou negar os fatos ou negar a assistência do Espírito Santo à Igreja.

O Espírito Santo favorece o bem na Igreja, mas permite que o mal ocorra

Trata-se de um falso dilema que resulta de uma concepção um tanto simplista da atuação do Espírito Santo na Igreja.

Confunde-se “assistência” do Paráclito, efeito da providência especial de Deus sobre sua Igreja, com um governo direto que substitui os homens ou elimina seu livre arbítrio.(1)

Não é assim. Embora Jesus Cristo tenha prometido a ajuda do Consolador, Ele desejou que a Igreja fosse governada por homens, que têm a ajuda especial do Espírito Santo, mas que não são impecáveis, não estão isentos das tentações do demônio, do mundo e da carne. Dessa forma, embora o Paráclito assista com graças especiais os membros da Hierarquia, tal assistência não elimina o livre-arbítrio nem a tendência para o mal herdada do pecado original.

Por outro lado, é preciso ter em conta que essa ação especial da Divina Providência não apenas favorece o bem, mas, para provação nossa e castigo dos pecados, muitas vezes permite a ocorrência do mal no elemento humano da Igreja.(2)

Portanto, não se pode invocar a assistência do Espírito Santo à Igreja como justificativa para qualquer desvio, imprudência ou escândalo, como se, em vez de ser uma mera  permissão, se tratasse de um ato da vontade divina.

Deus permite crises na Igreja

É bem evidente que Deus não pode aceitar que se deturpe fatos evidentes ou suficientemente documentados, como recurso para “salvar” a santidade da Igreja.

Tal atitude seria ir contra a verdade e, portanto, contra a santidade da Igreja. Ela foi seriamente condenada pelo Papa Leão XIII (1878-1903) que utilizou as próprias palavras inspiradas do livro de Jó (13:7): “Deus não tem necessidade de nossas mentiras.”

Pelo contrário, acentuou o Pontífice, “O historiador da Igreja estará melhor preparado para ressaltar sua divina origem […] quanto mais ele for leal em não mitigar as crises pelas quais, por falta de seus filhos e, por vezes de seus ministros, passou a Esposa de Cristo durante o decurso dos séculos.

Estudada dessa maneira, a História da Igreja constitui, por si mesma, uma magnífica e concludente demonstração da verdade e divindade do Cristianismo.”(3) Ao abrir os Arquivos Secretos do Vaticano aos historiadores, o mesmo Papa insistiu: “Não diga nada falso, não cale nada verdadeiro.”(4)

Ninguém que tenha um conhecimento suficiente da História da Igreja pode negar as crises pelas quais ela tem passado e a fraqueza ou atitude escandalosa de muitos Papas. Assim, o Papa Pio XII (1939-1958) em sua Encíclica Mystici Corporis Christi, explica que “se às vezes na Igreja se vê algo em que se manifesta a fraqueza humana, isso não deve atribuir-se a sua constituição jurídica, mas àquela lamentável inclinação do homem para o mal, que seu divino Fundador às vezes permite até nos membros mais altos do seu corpo místico para provar a virtude das ovelhas e dos pastores e para que em todos cresçam os méritos da fé cristã.”(5)

É por essa razão que historiadores católicos, — como Ludwig von Pastor, cuja monumental História dos Papas recebeu elogios do Papa Leão XIII —, não hesitaram em apresentar de modo claro e documentado os desmandos e escândalos de  Papas.

Foi vontade do Espírito Santo que Alexandre VI fosse eleito?

Ninguém pode supor, por exemplo, que o Espírito Santo, que assiste aos Conclaves, tenha querido ou favorecido a escolha do Cardeal Rodrigo de Borja, para se tornar o Papa Alexandre VI (1492-1503), embora ele fosse publicamente conhecido como pai de quatro filhos de sua concubina Vannoza dei Cattanei e outros de outras mulheres.(6)

É evidente que aí se tratou de uma permissão, para castigo da humanidade, inebriada com o paganismo renascentista.

Do mesmo modo, não se pode atribuir à vontade divina a elevação ao papado de Bento IX (1032-1044) sobre o qual escreve o historiador Fr. Joseph Brusher S.J.: “Um jovem, provavelmente de vinte anos de idade, ele era um clérigo. Essa era talvez a sua única qualificação para o papado. Desqualificado por sua juventude, por sua educação, por sua depravação, Bento IX foi um dos poucos Papas desonrados.”(7) O verbete da The Catholic Encyclopedia é mais incisivo: “Ele foi uma desgraça para a Cátedra de Pedro.”(8)

Distinguir bem entre a vontade e a permissão divinas

Tendo bem clara a distinção entre a manifestação da vontade efetiva de Deus e a sua mera permissão, fica patente que a assistência do Divino Espírito Santo à Igreja não impede que haja infidelidades e crises. Por outro lado, como vimos acima pelos textos dos Papas Leão XIII e Pio XII, tais infidelidades e crises, longe de contrariarem a santidade da Igreja, ressaltam como somente uma instituição de origem divina poderia perdurar pelos séculos, apesar da fraqueza humana e da tendência para o mal que é a herança do pecado original.

Mas mesmo nas épocas das piores crises pelas quais passou a Igreja, graças à assistência do Espírito Santo, ela nunca deixou de santificar através dos sacramentos, de apresentar a verdade, ainda que, muitas vezes, seja requerido grande esforço dos católicos para se manterem fiéis a ela — como na crise do Arianismo, por exemplo.

Confiança em Maria Santíssima que derrotou as heresias

A crise atual — que é uma extensão, um prolongamento da crise da heresia modernista denunciada por São Pio X — está chegando a um tal auge que desencoraja a muitos.

Nas mais altas esferas de direção da Igreja se discute a possibilidade de ministrar a Sagrada Comunhão a pessoas em estado objetivo de pecado mortal e se chega a ver “dons” úteis ao cristianismo nas relações homossexuais.

Uma compreensão melhor da assistência do Espírito Santo, entendendo que esta assistência não é somente positiva, no sentido de impulsionar o zelo pela doutrina e pela salvação das almas — o que, de uma maneira ou outra Ele sempre promove — mas existe também a sua permissão para que o mal ocorra, para nos provar e em castigo dos pecados da humanidade. (9)

Assim como os fiéis, seguindo o exemplo de bispos como Santo Atanásio e Santo Hilário de Poitiers, resistiram à tremenda crise do Arianismo, nós devemos também, com a certeza do auxílio da divina Providência, resistir “fortes na fé” (1Pedro 5:9).

Mais do que nunca, neste período de trevas e confusão, devemos recorrer sempre à intercessão de Maria Santíssima, a qual “sozinha derrotou todas
as heresias.”
(10)

____________

Notas do autor:

1.               E. Magenot, “Assistance du Saint-Esprit,” Dictionnaire de Théologie Catholique,Letouzey et Ané, Paris, 1931, t. I, deuxième partie, cols. 2123-21-27.

2.               R. Garrigou-Lagrange, “Providence, Théologie, L’Infalibilité,” Dictionnaire de Théologie Catholique, t. XIII, première partie, col. 1015.

3.               Pope Leo XIII, Encyclical Depuis Le Jour, On the Education of the Clergy, 8th of September 1899, nºs 25-26. Em inglês no site do Vaticano:http://w2.vatican.va/content/leo-xiii/en/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_08091899_depuis-le-jour.html

4.               Brief Saepe numero, August 28, 1883.

5.               (1943) n. 64, site do Vaticano: http://w2.vatican.va/content/pius-xii/pt/encyclicals/documents/hf_p-xii_enc_29061943_mystici-corporis-christi.html.

6.               Ludwig Pastor, The History of the Popes, Herder, St. Louis, Mo, 1923, v. V, pp. 363-364.

7.               Popes Through the Ages, Van Nostrand Company, Inc., Toronto-New York, 1959, p. 292.

8.               Mann, H. (1907). Pope Benedict IX. In The Catholic Encyclopedia.http://www.newadvent.org/cathen/02429a.htm.

9.               Quando se diz que Deus permite o mal, deve-se entender que essa permissão nunca é positiva, isto é, como a de um mau pai que da licença ao filho para que frequente lugares de perdição. Trata-se apenas de uma permissão negativa: Deus apenas não dá graças especiais — além das graças comuns que todo homem recebe — para, por esse meio extraordinário, impedir que o mal ocorra.

10.            “Rejubile-se, Ó Virgem Maria, por que sozinha vós derrotastes todas as heresias” (“Gaude Maria virgo: cunctas haereses sola interemisti in universo,” Ofício de Nossa Senhora).

+++++++++++++++

         OBS > Acrescento nestes casos o que acontecia no Antigo Testamento, onde Deus falava diretamente ao povo, Se manifestava através de sinais ostensivos, e mesmo assim o povo tantas vezes caía. Dizem os historiadores que de 177 vezes que Deus colocou seu povo a prova, foi obrigado a castigá-lo por 107 vezes, porque mesmo depois de advertido não se converteu, e apenas 70 vezes ouviu o chamado e mudou imediatamente no seu proceder.

         Hoje, embora não tenhamos mais estas intervenções diretas de Deus, nem os castigos diretos, temos não somente as Sagradas Escrituras como alerta permanente, como temos os profetas atuais que nos alertam sobre os acontecimentos, em especial os que dizem respeito à Santa Igreja de Jesus, a Igreja Católica Apostólica Romana, para nos mantermos alerta. O fato é que a imensa maioria dos católicos foi mal instruída a respeito do Papado, de modo a achar que a “infalibilidade” do Papa – Dogma de Fé – se aplica a tudo o que ele fala, ou os atos que ele pratica no dia a dia.

          De forma alguma! São inúmeros os escritos dos Santos Doutores da Igreja, bem como dos conhecedores do Direito Canônico, que afirmam que, não somente temos direito de discordar da doutrina de um papa, quando ela diverge dos ensinamentos da Tradição, como por dever de batizado, somos obrigados a combatê-lo com tenacidade. Somos também obrigados a alertar os nossos irmãos que não compreendem o terrível deste momento da nossa Santa Igreja, para que se preparem, porque a seguir o curso dos acontecimentos atuais nós em breve estaremos vivendo a Grande Tribulação e o Terrível dia do Senhor, aquele que pegará a humanidade de surpresa. E ai de quem estiver no lado contrário! O dos lobos!

           Interessante é que entre os mesmos bons autores, estão os que afirmam que, não somente se pode e se deve levantar a grita contra um papa quando ele se mostra um herege contumaz, mas já à simples desconfiança do seu descarrilamento. Como dizem: é preciso gritar imediatamente “olha o lobo”, para que as ovelhas fiquem alertas. De fato, se você deixa o lobo chegar tão perto, que coma “pó de giz” e fale tão macio e imite tão bem a voz do dono do redil, pode ser muito tarde.

           Quem não se lembra da fábula do lobo e dos porquinhos, que tendo a porca os deixado sozinhos numa contingência, e estando eles bem resguardados a portas trancadas, veio o lobo e tentando imitar a voz da mãe pediu que eles abrissem a porta, mas ele reconhecendo que não era a voz da mãe não abriram. Então o lobo foi e comeu pó de giz para afinar a voz, e conseguiu que eles abrissem a porta... E já sabem o resultado.

           Mas hoje temos novamente isso se cumprindo e dentro da Igreja. Também temos um lobo com voz muito afinada pelo “pó” dos pobres, pelo “pó” do abraço, pelo “pó” da comida para todos, pelo “pó” do todos se salvam mesmo em pecado grave, pelo “pó” de não se deve discriminar ninguém, pelo “pó” do “deus não condena ninguém”, pelo “pó” do inferno não existe porque não existe castigo eterno, pelo “pó” do deus é o mesmo em todas as religiões, quem sabe o mesmo também nos satanistas? Enfim, pelo “pó” de que todas as religiões são boas, todas salvam, e que ele não deseja converter ninguém, mas que seja feliz na terra em sua própria crença e até pelo “pó” do, “viva e deixa viver”, mesmo em pecado.

          Ora, este pó não é de giz, que pode até afinar a voz, mas em síntese não é venenoso – se o fosse não teria professores vivos – mas é sim um “pó” capaz de sufocar as mentes, obnubilar os espíritos e matar as almas. Este é um “pó” de perdição, ardiloso, asqueroso, muito ao gosto de quem vive uma má vida e longe de Deus, um “pó” que agrada bem aos ouvidos, mas que se engolido impensadamente pode levar à morte eterna. É para este falso “pó” que devemos alertar nossos irmãos que dormem. Nada vindo deste “pó” inebriante, que narcotiza as almas é bom, porque e as leva a abrir as portas para o lobo rapace.

          Quem tem ouvidos ouça, quem tem olhos veja! Este “pó” é mil vezes pior do que uma droga, porque esta mata o corpo, aquele mata eternamente. (Aarão)  


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