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04/07/2012
Pulsar Eterno


   2060313 PULSAR ETERNO - Vale a pena reler, com calma, é um bálsamo para a alma.


    Depois de escrever tantas coisas difíceis sobre estes tempos finais, convido os leitores a falarmos hoje do AMOR de Deus. Este artigo foi escrito em 2006. Peço que leiam com calma, com a alma, com o coração, pois assim tentei escrever. Assim...



    Do mais profundo infinito, da miséria do meu nada, quase em prantos, trago hoje este meu conto, parte em rima e parte em canto – eu que não sou santo – para descrever todo o meu encantamento, no enlevamento deste instante, em que vivo e sereno, e palpitante, me ponho a escrever sobre nosso Bom Pai e Deus... Para os crentes... E os ateus!



    Também para dizer do meu encantamento, de viver feliz cada momento, sentindo o Seu pulsar, também no pulso meu. Sentido Seu grande Coração bater, também no meu, pequeno ser... Ele o gigantesco Pulsar, o Eterno Ser, Aquele que É que move e que anima, e que dá vida a todo o Universo. Eu, um simples grão de pó, em escaldante duna, imerso. Ele a Suprema e Soberana divindade, eu nada mais que um sopro... No ar disperso! Um nada na verdade.



    Você já ouviu bater o coração de Deus? Não? Pare, então e sinta, o que é o pulsar do infinito. Medite na vida que palpita! São as batidas deste Coração amoroso que movem tudo o que se movimenta e não. Na vastidão sem fim! São seguras e perfeitas as batidas, compassadas, perfeitas e afinadas, como nada existe igual, e que nunca deixarão de bater, por nada... Por sinal.



     Ouves agora um eco que ressoa? Trata-se do som da eternidade que se escoa, e que reboa, entoando solene e retumbante um “sempre existirá”, cuja firmeza e perfeição, igual não há, e que mantêm tudo o que existe em segurança, em perfeição e incrível sincronia. E isso encanta e me extasia. É esta a Grande Criação, só Ele cria. Para Deus é eterno o dia, a noite ali não há.



     Quanta magnitude! Quanta imensidade! Quanta quietude a mim invade e segurança, e quanta! Tudo vibra, e vibra, e vibra, e pulsa e bate, e canta, até ressoa a este pulsar compassado, e na amplidão reboa, em ritmo firme seguro e cadenciado. Ouves que Ele bate? É Seu Amoroso Coração de Pai! Tudo segue firme ao som destas batidas tão perfeitas. Tão suaves, que deleitam até aos mais duros corações!



    O que temer, então? Porque se angustiar? Porque chorar irmão? Se Ele é a Eterna Imensidão, sem par? Se nós estamos em Suas mãos? Se Ele é um terno Pai, de afetuoso Coração? Se Ele só quer e somente sabe amar? Rasga então, e joga fora todos os teus medos. Porque a vida no temor é um arremedo! Não é vida, é um desterro! Este o nosso erro: duvidar do Amor do nosso Deus e Pai!



    Ah, se uma pequenina centelha de fé eu a tivesse!... E a sentisse... E a vivesse!... Se realmente tal fé eu possuísse... Então meu pequenino coração haveria de bater também seguro e compassado, lado ao lado, ouvindo o Coração do meu Bom Pai. Teria apenas de “afiná-lo”, escutando, e encostando os meus ouvidos, lado a lado, ao Coração do Deus de Amor, do meu Senhor, aninhando-me seguramente nos Seus braços. Para um terno, e carinhoso, e afetuoso, e eterno abraço! Do meu Eterno e amoroso Pai!



    Ó como eu, miséria apenas, pó, não mais que pó, tenho orgulho deste Deus que é Pai, do Deus que é também meu Criador! E é meu Senhor! Quem outro mais? Do Deus de Amor, que cria a tudo por bondade; do Deus que a tudo move, e assim a toda a imensidade. Do Deus que a tudo sonda, até ao mais oculto coração, em Seu Amor. Ouviste? Em Seu Amor!.. Do Deus que não se explica assim, pela razão, apenas pela Fé. Do Deus que Vive Eternamente, o Deus que É... E que povoa, com Seu Ser, a toda imensidão!



    Você já ouviu acaso, a voz do Pai chamar pelo seu nome? Assim como chamou: Adão, onde estás (Gn 3,9)? Aqui era uma voz de censura pelo ato praticado, mas pode ser também para dizer assim: Vem, bendito de meu Pai... Uma voz de carinho e de ternura. Afinal nós somos simples criaturas, e por nós mesmos somos imperfeitos. Cheios de defeitos! Ó que infinita desventura!



     Sim, a voz do Pai que é capaz de censurar a falta num momento, mas que gosta mesmo. Grande alento é de sussurrar carinhosamente palavras de conforto, ânimo e de confiança! Que fala ao nosso coração criança! Há um tom de amor tão enternecido nesta voz, que, se a ouvirmos direitinho, corremos o risco de morrer, de tanta e tão fortíssima emoção, ouvindo a este dizer... De explodir, inteiro, o coração. Ouça então...



    Ouça a terna voz do nosso Pai! Cole, então, seus ouvidos junto ao Coração do nosso Deus, vai!? Entrega-te todinho, sem reservas, sem medos, sem receios, sem segredos... Prepare a emoção! Deus fala direto, e sem rodeios, ao seu, ao meu, ao nosso coração. Sinta, então, a ternura infinita desta doce voz, a te chamar: “Meu filho, vem!... Vem para os Meus braços!”. Vem?



     Acaso já ouviste uma canção de Deus? Ouça, então, a natureza em todos seus sons magistrais. Ouça o som relaxante da cascata. O farfalhar das folhas na mata. O vento dando assobios. Ouça mais! Ouça o barulho dos rios, que demandam corredeiras. Ouça o som das cachoeiras. Rápidas, tão ligeiras... Ouça o trinado das aves! Dos pequenos passarinhos. Ouça os filhotes nos ninhos, a chamar pelos seus pais. Ouça mais...



     Ouça as vozes de um humano coral... Deus quem as fez! Ouça mais, ouça outra vez! Ouça o grito de um pardal, grito estridente... Ouça o grito incipiente de um bebê recém-nascido. Ouça bem o alarido das crianças no recreio. Ouça o pio de uma ave triste... Ouça o som da tempestade. O barulho dos trovões... Ouça tudo: são canções, que provam que Deus existe.



     Sim, os sons, os tons, tudo que nos vem pelos sentidos. Tudo que agrada ao bom ouvido. Aquele que ainda consegue ouvir a singeleza, do que a Deus agrada. O universo inteiro é uma eterna sinfonia, e afinada, da qual o Pai é o único regente, e guia. Nesta partitura perfeita, em alegria, o homem, predileto, deveria ser a nota mais perfeita e afinada, a mais adequada e feita, para cantar-Lhe hinos de louvor. Ao Deus de amor! Deus nos fez com tal amor, que nos deu a Sua própria semelhança, desde criação. Mas o homem... Quanta decepção!



    Eis que o Senhor nos fez e disse: Porei a beleza em vossos olhos, em relação às coisas que Eu crio. E este sentimento profundo, que nos faz quedar maravilhados ante a criação divina, é prova mais que perfeita de que foi Ele, o Pai, o Autor, o Criador de todas estas coisas. E as tirou do nada! Qual a alma empedernida que não se quede muda e extasiada, diante de uma bela paisagem verdejante? Uma cascata? Uma floresta? Uma simples flor? Uma lua cheia!... Só quem não tem amor! Só quem não sabe amar! Só odiar!



     Falando em flor, você já sentiu o perfume de Deus? Adentre um roseiral, Deus Quem o fez. E observe a cada rosa, em sua cor, uma de cada vez.. Verás que é diferente, sempre, no matiz. Nada se repete, em forma, há sempre um triz, de diferente em cada qual. Não só a flor, também a folha tem perfume, e afinal, a terra arada, a terra bem molhada, tudo se expande em cores, e em aromas, e em odores. Mesmo do estrume, o Criador manda surgir a bela flor!...E com perfume!



     É preciso deixar pulsar o nosso coração. É preciso ativar todos os nossos sentidos: tato, paladar, visão, olfato, ouvidos... É preciso se sentir humilde e pequenino ante tanta imensidade, para poder vibrar junto com o Pai, com toda intensidade, sorver tudo, em todos os sentidos. É preciso amar, profundamente e de verdade! E então jogados em Seus braços, teremos um bom “colo”, e assim por toda a eternidade.



     É preciso mergulhar, fundo, infinito, em cada milímetro desta obra magnífica, para compreender, da migalha eterna que nós somos, nosso inútil nada, e assim sumir por este nada adentro... Rumo, porém, ao infinito e ao eterno, do Deus terno. E sumindo por este nada, como num passe de magia, surpreender-se inteiro – ó alegria – no coração do nosso Pai, pois Ele se desmancha em doçuras aflitas, pelo humilde, pelo pequenino que a Ele grita. Mas quantos perdem isso? Quantos querem? Que desdita!



      Pois este Deus nos atrai como um imã gigantesco. Como um Sol, magnífico e inextinguível, Ele é a nossa Luz, nosso calor, nossa seiva, nosso alimento, nossa vida nosso ar. Nosso viver, nosso pulsar! Sem Ele, nós sequer um dia poderíamos ser vistos a dançar, na tênue réstia de luz que nos é dado ver, o imenso Ser, de Deus! Sem Ele desaparecemos em desdita. De alma aflita! Porque o nada, frente ao infinito, ainda não compara ou delimita a diferença enorme, inalcançável e infinita, que há entre a miséria nossa e o Eterno, o Imenso, deste nosso Deus.



    E Ele, em Seu Amor ciumento e exigente, tudo faz para atrair a gente! Só para Si! Não como um planeta egoísta que engole um meteoro e o sufoca e mata. Não! O Amor de Deus é liberdade eterna para amar. É liberdade de servir! De O adorar! De para Ele trabalhar! Eis que Ele nos deu, como único atributo, exclusivamente nosso, a VONTADE, para sermos LIVRES e nos decidir: por Ele ou contra... Nada mais!



      Compreendeste então quem é Deus Pai? Não? Também eu não O compreendi, ainda, pois isso é impossível. Mas sei que preciso buscá-Lo, pois só Ele me sustenta. Preciso senti-Lo, pois só Ele me alimenta. Preciso amá-Lo, pois só n’Ele se encontra a Paz e Segurança. Mais que isto: preciso sentir a ternura deste Seu abraço! Ser criança!...



     Sentir o calor de Seu peito! Ver Seu jeito de Ser!... Sentir o pulsar de Seu coração! A ternura de Sua voz a me chamar: meu filho! Quero ouvir para sempre este estribilho!.. E por reconhecer isso eu digo: Pai querido, eu tenho um grande orgulho de Ti!  E é por motivo de tanto orgulho, que estou tentando, na minha infinita miséria, fazer-Lhe este canto. Pobre de encantos! E que me leva ao pranto... Mas de puro contentamento!



     Se você não compreendeu, quem é Deus o Pai, pois a minha explicação é humana e falha, quem sabe entenda quem Ele é, ouvindo a Deus, O Filho? Sim, Deus amou tanto ao homem, que deu-nos Seu próprio Filho, que nada mais fez do que nos ensinar a amar ao Pai, a conhecer ao Pai, e adorar ao Pai e nosso Criador.



     Então, para entender a este Pai, já que talvez não tenhamos conseguido explicar da forma como tentamos acima, quem sabe se ouvirmos juntos algumas pequenas lições das Escrituras? Do filho de Deus, amado! Jesus não diz: quem vê o Pai, vê o Filho? Ou: Quem ama o Pai, ama o Filho? Ou: quem conhece a Mim, conhece Aquele que Me enviou?



     Mas já posso lhe adiantar: embora passados dois mil anos de seu precioso Evangelho, ainda não cumprimos nenhum versículo sequer de tudo aquilo que o Filho nos ensinou para chegarmos ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Vamos a um pequeno exemplo?



      Que disse Jesus, para que a gente ouça e siga? “Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos? São os pagãos que se preocupam com isso!” (Mt 6,31-32) Vejam, quem de nós realmente não se preocupa com estas coisas? Ninguém, meus amigos, ninguém de nós! Tudo o que fazemos na vida é nos preocupar com tudo: com comida, bebida e vestuário, afinal, com o dinheiro e, portanto, não conhecemos a Jesus. Menos o Pai! Somos pagãos, ainda! Não ouvimos Jesus, ainda!



      Que diz mais o Divino Mestre? “Em verdade Eu vos declaro: quem não receber o Reino de Deus como uma criancinha, nele não entrará!” (Lc 18,17) E perguntamos: quem de nós de um modo claro e efetivo se faz criança, para merecer este grandioso Reino? Acaso não somos todos pomposos e arrogantes e “grandes” dizendo sempre: eu faço! Eu tenho! Eu sou!? Como então iremos chegar a merecer o Reino de Deus, do Amor?



     Alguém perguntará: mas que tipo de criança nós devemos ser? E São Pedro explica: “Como crianças recém-nascidas, desejai com ardor o leite espiritual, que vos fará crescer para a salvação, se é que tendes saboreado o quanto o Senhor é bom” (I Pd, 2,2) Viram? Devemos ser crianças, na simplicidade extrema. Só os humildes pequeninos entendem o amor do Pai.



    Não como uma destas crianças arrogantes de hoje, é que deveremos ser. Nem como crianças já crescidas, cheias de pecados, mas sim como pequeninos bebês que acabam de nascer. É assim que deveremos ser! Só então conseguiremos entender, naquilo que é humanamente possível, Quem de fato é este Amor que não é amado! E é desprezado pela humana criatura! Que fez com tanta ternura! E que diariamente O desafia!



    Então, mesmo que você, leitor, imagine que os tempos são maus, que são finais, que não vale a pena mais tentar levar aos outros, um pouco deste Deus amor e misericórdia, deste Deus cujo maior desejo e aquilo que mais gosta de fazer é perdoar, mesmo assim, fale aos outros deste Deus ainda não amado. Saiba que Seu maior desejo é quebrar todas as cadeias, destruir todo tipo de jugo e implantar em toda a terra Seu Reino de plenitude e de graça. Para toda a humana raça! Quem sabe então O entenderemos? Que tal irmos adiante?



     Vamos mergulhar ainda um pouco mais na Criação. Olha o Universo, imenso, a se perder no eterno e no infinito. Ponha diante de si o mais poderoso dos telescópios, a mais espetacular e perfeita das lentes. O que vês? Astros gigantescos, bólidos incontáveis, todos a girar em perfeita sincronia. Tudo em simbiose afinada com o Criador, com o Deus de Amor, que faz e cria. E tudo continua a se expandir, dia a dia, porque o Universo não tem fim. E sempre num crescer, e se expandir, é como o explodir do Amor Eterno que cria novas e infinitas perfeições, para Seu deleite pessoal, Sua emoção, e Sua alegria.



     Quantos astros existem no Universo? Fez as contas? Ou cansou de contar? Pare então por ai e se ponha a meditar: se é um só, e o Mesmo, é o Criador de tudo isso, como posso eu, verme apenas, pó e nada mais que lixo, deixar de extasiar-me ante tanta magnitude? Como posso eu creditar ao “acaso” tanta perfeição, em tão imensa obra, se apenas Deus, do nada cria? São tantas, e tão infinitas as aleatórias, que somente os renegados são capazes ainda de negar, e de não creditar a um Deus Onipotente, todas estas perfeições.



    Olhe agora para o pequeno, o diminuto. Penetre na essência da matéria, adentre os átomos microscópicos e siga além. Se tiveres um microscópio suficientemente potente, poderás admirar todo o Universo, examinando somente a uma simples gota de água. Sim, numa só gota de água, é possível admirar toda a mecânica que rege o Universo. Sim nossa água, H2O, dois gases reunidos num elemento só, fonte de toda vida, mas veja, eis que jamais homem algum conseguiu fabricar uma gotinha dela que seja?



     Porque a Lei que cria o diminuto, é também a lei que rege o monumental. Cada átomo é como um Universo pequenino, individual, pois ao redor de um núcleo giram, como planetas, os elétrons. E tudo se faz em perfeição, sem choques nem entraves, de modo sincronizado e eterno, o que parece morto, tem como vida na verdade. Esta a Lei do Amor de Deus, o amálgama que une e junta, e mantém coeso tudo em toda a imensidade.



     Que prova isso? Prova-nos que a perfeição da obra de Deus é infinita, prova que Ele existe! E prova de que Ele jamais abandona, em Seu Infinito Amor, sequer a um simples grão de pó, mesmo do menos nobre de todos os materiais; caso contrário este grão se desintegraria, desaparecia, como se nunca houvesse existido. Sem deixar rastro, nem vestígio. E da mesma forma, todo o Universo, em toda a Sua imensidão, mesmo com toda a vida que nele existe. Sem Deus, tudo desapareceria, nem sequer o vazio existira.



     Deus é eterno. Sua Sabedoria é Infinita. Seu Amor é sem limites. Se juntarmos estas três coisas – eternidade, sabedoria, amor – poderemos entender que Deus, na eternidade do tempo passado, poderia ter levado um século inteiro, para programar a perfeição de cada átomo que existe no universo, e ainda não se teria chegado ao princípio. Nem ao fim! Porque Sua obra é eterna e continua a se expandir. E a renovar-se no existir!



     Da mesma forma, Sua Sabedoria teve condições de programar cada um destes mesmos e incontáveis, átomos em perfeição, de modo a nunca descumprirem a ordem criadora, sua missão, nunca se desintegrando. Antes gerando, criando! Isso se chama Amor, que gera, que cria, e que dá a vida. Jamais a inteligência humana penetrará até o fim deste mistério. Nada descumpre a ordem criadora: faça-se!



     O homem é parte da matéria já criada, da perfeição já definida, e pensa-se poderoso. Mas esta matéria já veio antes, em cada molécula, em cada átomo. Como surgiu? De onde veio em tanta perfeição? Logo o homem vir a duvidar! Ele que não dura mais que um punhado de anos, cuja vida de enganos passa como um sopro, um vento; o homem não consegue ficar nem um segundo sequer, sem depender de alguém...



     Pobre homem! Inteligente isso? Nenhum homem, algum dia, poderá negar que Deus existe. Se disser o contrário, fala pela boca de sua própria estupidez. Se negar, nega a própria inteligência! E se faz tolo! Torna-se ridículo! Ri deles o Criador! Que mesmo assim, em Seu Amor, os mantem vivos!  



     Quem nega a Deus, não ama! Tem seu coração obstruído, tem sua inteligência vedada a este entendimento! Não tem uma gota sequer de Sabedoria. Quem nega a Deus é infeliz, mesmo sendo o homem mais rico do mundo, o mais inteligente, o mais brilhante, o mais forte, o mais belo, o mais ágil, o mais perfeito, sim humanamente falando. Um dia, cada um destes entenderá o que ora digo. Nem que seja na hora do castigo!



     Agora compreendi: somente quem é pequeno, pode entender o diminuto. E só a este o Criador faz entender o grande, o imenso. E somente que é capaz de entender o primeiro átomo, é capaz de entender a molécula, e por aí, toda a matéria, que a união delas forma. Somente os grandes do mundo, não entendem o verdadeiro Amor maiúsculo! Porque se fazem maiúsculos de si, querem ser por si, quando são nada, em si!



     Noutro dia, me telefonou um senhor, que ficara em coma por três dias, devido a um acidente. E naquele tempo, disse, ele, Jesus o foi visitar por três vezes. Ele disse que acordou outro homem, mudado, mais sensível, que chora muitas vezes ao lembrar daquelas visões de Deus. Que o impressionou tanto? O amor? A postura? O olhar? A voz? A ternura? A beleza? As Palavras Deles? Nada disso – e sim tudo junto – o que o impressionou a tal ponto de fazê-lo ainda hoje chorar, foi a humildade de Jesus. O homem da Cruz! E nosso Deus!



     Um Deus humilde! Acaso Ele não deu este exemplo de vida? Acaso não é isso que falam de Jesus as Escrituras. Eis que Eu Sou, manso e humilde de coração! Sim, porque um ser arrogante não poderia amar! O orgulho impede o amor, além do amar a si mesmo com exacerbado, mortal e cada vez maior egoísmo. Então Deus é sim, humilde, embora sim, também, seja Ele o Autor de tudo aquilo que existe no Universo.



     Qual outro deus que é Pai, e que nos deu seu Filho? Qual Deus que é Filho, e por nós deu a vida? Qual outro Filho que nos fez ter Mãe? Qual outro deus, que sendo Deus tem Mãe? Qualquer um deus que não é Pai, não é cristão! Qualquer um deus que não tem Mãe, é um deus pagão! Se Deus é Uno, Ele não está na divisão! Somente a Igreja, tem um Deus que Se fez pão! E qualquer outra que O não tenha é ilusão!



     Assim, a forma única de conhecer a este Deus Pão, é ser humilde como Ele. É na humildade que se unem os corações para o grande abraço do Amor eterno. Somente ali que se encontra a ternura profunda, infinita, que permite a vazão da alegria, a felicidade plena que somente se encontra no servir. No doar-se sem reservas! Esta química perfeita, é na realidade a única razão do existir. O Universo só é possível no Amor!



     Quantas vezes, eu passei horas noturnas a olhar para o infinito das constelações, com seus milhares de estrelas, lembrando o Infinito Poder que tudo criou. E quantas vezes, eu já admirei a natureza, com suas perfeições eternas, seus sons, suas formas, sua vida, suas cores, suas flores, seus perfumes, sua exuberância extrema. Isso não se acha em nenhuma teologia, e quem O busca de outra forma, inventa apenas. Se querem achar Deus não o busquem nos livros doutorais, mas O acharão nas flores dos quintais!



     Tudo isso me encanta e me extasia. Porém o que mais me chama atenção, o que mais me emociona nisso tudo, não é a imensidão nem a diversidade, mas sim aquele fio de capim, agarrado à vida, à beira da estrada escaldante. Sofrendo, mas vivo! Esperançoso e sem reclames! Sem chorar dores, aguarda, espera a chuva; e ela vem! Ó Deus, como isso me emociona...



     Nas caminhadas nos cemitérios, andando por entre os túmulos seculares, muitas vezes tenho visto diminutas plantinhas, com suas finíssimas raízes plantadas em pequenos rachões de pedra, dura e seca. Parece impossível que ali vegetem. Parece impossível que ali floresçam. Parece impossível que ali produzam suas sementes. Mas isso tudo acontece realmente. E assim a vida continua em perfeição. Mesmo ali, naquela sofrida condição! Planta valente! Que obediente se abre para a vida.



      É assim que se faz a imensidão: partindo das coisas pequeninas. Mesmo agarrada, firme, ás rochas duras, calcinadas a plantinha se mantém, ordem divina. Assim a vida continua nos desertos, embora a tremenda impiedade do clima, de humores incertos. É isso que me anima, e me impulsiona a amar. E tudo apenas porque o Amor de Deus, até na rudeza se faz terno, e mesmo na impossibilidade natural, vive e palpita e ainda frutifica... E assim se perpetua a flora rica. E se recria!



     Por isso, volto a cantar de novo o canto, do mais profundo de meu encantamento; para louvar ao Deus de Amor, que ergueu o Firmamento, que deu rota aos astros e que assim maravilhosamente os guia. E faz-nos companhia, a um tempo só! Quero entoar minha canção em nota dó, cantando em honra a este novo dia, que agora se levanta em alegria, que se abre azul com ares renovados, pois deles meu pulmão deliciado sorve o ar aos haustos, e pleno de vida me sacia.



     Quero entoar meu canto de alegria, em honra ao Criador, com mente esclarecida, ao Deus de Amor que cria a água, líquido que dá vida à vida, e vida que povoa a terra em toda a enorme vastidão. Eu louvo a criação, porque perfeita e aos poucos evolui, eu louvo o tempo que aos pouquinhos flui, sem deixar rastros pela imensidão... 



     Quero entoar meu canto intenso de louvor, ao coração do nosso Deus de Amor. Ao Espírito Santo, meu Senhor, que procede do Filho e do Pai, Trino Deus, Uno Deus no Eterno Amor. Quero gritar a todos os ateus, que insanamente seguem mortos passos: se quiserdes provar do eterno abraço, busquem sem cansaço Àquele que jamais terá um fim. Busquem ao Eterno e não o aqui, que este passa – ó sim – nada mais que uma nuvem, ou a fumaça que desaparece, se desvanece, sem marcar passos para trás de si.



     Somente o Amor incansável de Deus é eterno. Somente o Amor pode gerar a fim da perpetuação das coisas e das espécies. Somente o Amor de Deus para nos manter vivos, e ativos. Quem vive Nele, vê e aceita tudo isso! Quem não vê isso, não enxerga nada. Tem a vista enevoada. É morto e não tem viço!



     Houve um dia em que eu quis ser grande, rico, ser maior, mandar e ser obedecido. E por muito tempo busquei este falso infinito, onde morava o nada. E entristecido voltei atrás então, e no outro extremo quis ser apenas pó, um grão. Um pouco mais busquei, e hoje luto para ser meio grão, porque me extasia, em Deus, a Sua imensidão.



     Depois de ser meio grão, e procurando ainda ser menor, pensei um dia em viajar pelo infinito coladinho nas sandálias do meu Criador. Meu Deus de Amor! E dali eu quero admirar todo o esplendor da Sua criação. Com uma petição, de estar colado na sola dos Seus pés, para não empanar o brilho do calçado, que isso só me fosse dado! Seria bom!



     Enfim a eternidade, ela virá para o viver com toda intensidade. Ali jamais haverá tédio, cada momento será diferente, e assim eternamente, viveremos mergulhados no Infinito Amor. Do meu Deus Pai e do meu Senhor! Do fundo do meu peito meu coração grita e chora de alegria, geme e suspira, enfim, por este grande dia. Por esta hora única e bendita, de em Deus Amor, enfim, eu desaparecer! Só então começarei o meu real viver!



Eis o grande, o maior, o mais estupendo segredo da felicidade:



Ter liberdade para amar e adorar a Deus!


Aarão



 



 



   



 



    



 



    



 



 



 



 



 




 




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