recadosdoaarao



Outros
Voltar




14/07/2005
Papo irado


Outros - 02 Papo irado
Outros - 02 Papo irado

“PAPO IRADO”
09/12/2002
 
    Coloco este título, “papo irado”, que é usado por uma personagem que aparece de quando em vez no programa Fantástico da Rede Globo, não porque goste de gíria, mas porque quero colocar algumas coisas ao leitor, mais ou menos no mesmo sentido. Trato de uma situação que me aconteceu neste fim-de-semana, quando por força da minha profissão, fui pressionado a participar de um Congresso de minha categoria profissional, à nível de estado, envolvendo políticos e altas autoridades do governo.
 
     É que, embora eu tenha deixado o escritório para meus filhos e funcionários tocarem – a pedido de Nossa Senhora – a titularidade do cargo é minha, e por isso é minha obrigação cumprir, também, esta parte, porque, enquanto os acontecimentos do mundo ainda estão “normais”, a vida continua e precisamos lutar bravamente pela nossa subsistência. É isso que Jesus nos pede, pois Ele não quer encontrar ninguém de braços cruzados quando voltar em Glória.
 
    Acho, entretanto, que mesmo que a gente não consiga mais se adaptar aos padrões atuais, da maioria das pessoas que nos cercam, o Bom Deus quis nos conduzir ao evento, para nos dar algumas lições. Para nos mostrar o que é realmente o mundo do sem Deus, onde milhares de criaturas se revolvem, cada vez mais preocupadas em ganhar dinheiro e apenas voltadas para o próprio umbigo. De fato, uma das maiores dificuldades que tive em todo o tempo, foi conseguir conversar animadamente com meus próprios colegas de profissão, eis que os desejos deles, os assuntos deles, não são mais palatáveis para gente como a gente, e é preciso um grande esforço para dialogar sem parecer idiota.
 
     Da mesma forma a minha esposa – com as dos outros que ficavam no hotel – teve a maior dificuldade em aturar aquelas conversas fúteis, fofocas da vida alheia, assuntos que não interessam mais, de modo que a celulite – das outras – é ainda o melhor tema. Ou seja, lição um: Pessoas que pensam em Deus, que querem viver para Deus, já não conseguem mais conviver com este mundo ateu, fútil e vazio, frívolo e tantas vezes ordinário! Claro, não queremos dizer com isso que somos melhores que outros, mas sim queremos apenas viver e falar de coisas que agradam a Deus! Sim, e mesmo que a minha atitude normal seja considerada pior, prefiro ser pior mas como sou. Nunca vou mudar!
 
    Pois nossas desventuras – ou aventuras – começaram já no momento de ter que arrumar a roupa para me apresentar: O que é que eu levo? Fraque e cartola? “Smoking”? Jeans? Sapato? Tênis? Chinelos? Calça comprida ou bermudas? Camisas de manga longa ou curta? Enfim, minha esposa, sempre precavida, acabou enchendo uma enorme mala – afinal ela era obrigada a ir junto – e ainda levamos um enorme saco cheio de calçados. Quem é que vai saber como a gente deve se apresentar num evento daqueles, não é mesmo? E assim, um homem prevenido vale por dois?
 
    Mas não é tudo! Um dos grandes problemas pelos quais minha esposa vive pegando no meu pé – quem sabe, ela tenha razão – é com a minha mais absoluta despreocupação com a vestimenta externa, com o apronto exterior. Neste sentido, é sempre ela quem compra as minhas roupas e, se ela acha que está bom, para mim está ótimo. Pois aí faltava um tênis para completar a minha “beca”. Podiam exigir que se fosse de tênis, não é mesmo? E como ela tinha que ir a uma outra loja com meus filhos, fui eu mesmo comprar o tal tênis. Na verdade, nem isso compro para mim.
 
     Ora, eu fico maluco quando os vejo comprando tênis de até R$ 100,00 e mais do que isso, nem pensar, não e ponto final. Para mim, tudo pode ser simples – desde que limpo – e nada no mundo me faz sentir menos que alguém, ou mais que pessoa alguma, apenas porque minha roupa, meu calçado, não é de marca famosa. De fato, muitas vezes ando pela rua de minha cidade descalço, tal que não foram poucos
os amigos que, brincando, já me ofereceram dinheiro para comprar um chinelo. Este é meu modo de ser! UM peregrino descalço, é isso que todos somos neste vale de lágrimas...
 
    Pois verdade é que, mal entrei na loja, pedi um tênis simples, bom, e barato – tal como tenho um há já uns três anos – e o dono da loja pensou: um otário! Desceu uma sapatilha branca, ano de fabricação 1970 – ou antes – e disse com aquela cara de pau de vendedor ladino: É ótima! Tenho um monte de amigos que não quer saber de outra coisa! Custa R$ 15,00! Mas a tal “conga” já estava até suja – de tanto ele oferecer e ninguém querer – e eu lhe disse: Vê uma outra! Prefiro uma mais nova! Boa esta: mais nova! E ele disse: Tem sim! Este custa R$ 23,90! Olhei, deu na cor, deu no tamanho do pé: Levo este! Ou seja, não deu nem cinco minutos e já estava de volta ao carro! E lá fiquei esperando a mulher e os filhos que escolhiam as coisas deles, por quase uma longuíssima hora! De fato, esperar é das coisas que mais me cansa! Verdade é que mandaram descer a prateleira toda.
 
     Quando finalmente chegaram, a pergunta foi: Como, o pai já está aí? Ora, disse eu, nem levei cinco minutos! Então todos começaram a rir, e rir descontrolados, porque já sabiam que eu tinha comprado uma coisa qualquer, bem barata. E quando abriram a caixa, e eu disse o preço, foi aquela festa! Então falei: Vocês devem é ficar contentes que eu não trouxe aquele de R$ 15,00. Os meninos não queriam mais nada! Foi aquela festa e o pobre pai aqui, caiu na rodinha da brincadeira!
 
     Tudo bem! Conto esta aventura, porque quero que o leitor vá anotando as lições! Lição dois: As pessoas simples, que querem ser simples, ser humildes, estão quase desaparecendo da terra, por força da pressão do mundo orgulhoso de satanás! Por força da moda, de modismos, de futilidades e coisas absolutamente vãs.
    
    Continuemos! Prontos já, para a viagem, mesmo contra a vontade, lá fomos nós! Digo ainda, que uma das coisas que me fez antecipar a saída, foi porque eu precisava comprar duas peças para o computador, que só havia numa livraria da Universidade, da cidade aonde íamos. Imaginem as minhas surpresas, entrando naquele imenso Campus Universitário, em pleno dia de atividade, ali em meio a toda aquela gente – a maioria juventude – totalmente estranha. De fato eu tive que perguntar para uma série daqueles moços onde ficava a tal livraria – tantos prédios e corredores havia – e me senti estranho demais em meio a aquele povo estudioso, e, como se diz na gíria, eu me sentia “mais perdido que um gambá em perfumaria”.
 
    E à medida que eu entrava naquele estranho mundo, ia observando os personagens com os quais cruzava, todos fazendo estilo próprio, em meio à maior profusão de cores. Ali, diante de meus olhos cruzavam “moicanos”, “skinheads”, cabelos coloridos, pelados e peludos, com uma, duas ou até mais cores. Uns cheios de pircings, muitos homens com brincos, alguns com tatuagens visíveis – até mulheres – cada uma querendo ser diferente da outra. Na verdade – senti logo – o único que parecia diferente era eu, e anormal – muitos se achariam ridículos – vestindo calça social e camisa comum, e calçando sapatos sociais.
 
     Ou seja: O normal ali, é que era diferente! Eu me sentia deslocado naquele meio, e percebi até que as mocinhas da papelaria trataram meu pedido de uma forma especial, tipo vovô, titiu quem sabe, e – cheguei a imaginar – como se eu fosse de alguma raça em extinção, espécie rara: os velhos ultrapassados! Enfim, enquanto pagava a conta, fiquei pensando, lição três: As pessoas antes normais, agora viraram peças de museu! Também eu então, pois até noutro dia, alguém disse, que pessoas que andam com Nossa Senhora pra lá e pra cá, são até gente boa, mas têm a cabeça ainda em 1600. Tempos bons aqueles! Pena que não vivi lá, pelo menos não se precisava de tanta etiqueta para viver!
 
    Falando em pagar, justo à minha frente, estava uma senhora com vestido longo, cheia de
pulseiras e anéis, óculos e mil badulaques, perfume de “longa distância” – penso que ela usava pelo menos uns três tipos de perfume – senhora esta que havia comprado uma série de coisas. Pois o leitor não acredita: a criatura pagou cada um daqueles produtos, num cartão de crédito diferente – não sei se para mostrar que ela possuía muitos tipos, ou para não esconder que era escrava de todos eles – de modo que até consultar todos os cartões “ on line”,  e efetivar a compra, esperei na fila dez minutos.
 
     E se relato estas coisas, é para que o leitor vá anotando o número das esquisitices deste mundo moderno, desta civilização maluca e divorciada de Deus, que complica tudo aquilo que é tão fácil, enquanto vive de estereótipos, de falsas propriedades, de maquilagens vis. Que vive para esconder aquilo que é, e mostrar coisa que nunca foi. Lição quatro: As pessoas querem ser o que não são, muitas querem o impossível, e são infelizes porque não chegam lá!
 
    Chegamos ao hotel. A reserva já estava feita para dois dias e a despesa já paga pela nossa associação. Claro que já muitas vezes dormi em hotéis e não tivemos dificuldade alguma em nos adaptar. Mas a verdade é que, para quem viaja pouco – digo melhor – para pessoas que pensam como antigamente, ou seja, pensam normal (simples), se torna cada vez mais difícil para a gente se adaptar às regras que o mundo cria. Basta que você passe alguns meses sem fazer uso de algo, e já mudam todos os conceitos, as regras, os procedimentos, de um modo tão dinâmico que, aquilo que antes lavava séculos para deixar de ser verdade, hoje deixa de ser antes de uma semana. Que mundo é este, senão um mundo de satanás, onde pessoas sempre mais infelizes tentam viver de mentiras, pois baseiam sua vida em pressupostos falsos, em esquisitices, em maluquices, que nada têm a ver com o plano de Deus?
 
     Chegamos a tal conferência, as esquisitices continuaram. Lado a lado na maior candura, conviviam sisudos senhores, de terno e gravata, cheios de poses, com senhoritas repletas de pinturas, perfumes e batons – nem sempre as mulheres dos mesmos – o leitor entendeu, não? Ao mesmo tempo, outros homens de bermuda e tênis, com senhoras e senhoritas dentro de shorts apertadíssimos, andavam por ali – todos com crachás – nem parecendo que todos estavam a fim de igual objetivo. Eu acabei acertando, pois a maioria estava vestida ao meu modo! Pelo menos numa coisa, acabei sendo igual à maioria. Menos mal! Ufa! Agora percebi que não uso capa de mosqueteiro, nem chapéu com penacho, portanto não estou mais em 1600.
 
    Meus amigos, a minha maior decepção com este mundo maluco foi quando começou o ciclo das palestras. Naturalmente que – como não poderia deixar de ser – a primeira delas foi a de um mocinho, destes protótipos da Nova Era – tipo a AMWAY – mais parecendo boneco de ventríloquo, tentando nos animar, nos tornar competentes, enfim querendo nos ensinar a ganhar dinheiro. Sim, dinheiro! Os olhos do moço pareciam um cifrão! E todas as histórias que ele contava, tinham o objetivo: Dizer que estamos no meio de uma guerra, onde quem não estiver preparado para enfrentar a concorrência que se prepare para ser engolido pelo tal mercado, que não aceita erros, nem fraquezas, nem mediocridade. Lição cinco: Para quem pensa como ele, no mundo conturbado de hoje, ou você mata seus concorrentes nem que seja a pedradas ou você é um otário. E Deus que fique fora disso, pois o moço nenhuma vez se referiu a Ele.
 
    E começou contando a história de uma menina de 11 anos – filha de um industrial amigo dele – que ao ir tomar banho – ele desceu até às partes íntimas da menina para dar mais ênfase às suas colocações – notou que tinha um pequeno furinho no bumbum e imaginou que aquilo fosse celulite. Pasmem, pois a pobre criaturinha entrou em depressão profunda, por causa daquilo, de tal modo que o empresário estava gastando horrores para tirar a filha do abismo em que mergulhara. Penso que a lição que ele nos quis passar, é que devemos estar de olho nos defeitos do concorrente! Espero que nã
o precisemos um dia consular a celulite do bumbum deles, para continuarmos no mercado.
 
    E pensei: Se todas as mulheres que se preocupam com a celulite – sua e das outras – algum dia entrassem em depressão profunda por causa disso, acho que o profissional mais assediado da terra seria o psicanalista. Porque hoje são os massagistas! Ou os cirurgiões plásticos? Mas aqui vem a lição seis: Este mundo maluco de hoje, caminha exatamente para o divã do “psicanalista”, justo ele que mais precisa de um divã. Não é por menos que existem hoje tantos psicólogos mais malucos que seus pacientes e tantos massagistas ou donos de academias, mais ricos que suas clientes. E dê-lhe análise! E dê-lhe malhação! E dê-lhe cirurgias plásticas! Aliás havia ali um belo apanhado de exemplos, repuxes, repiques, retoques, coisa de gente besta.
 
   Depois, o moço passou a contar a um caso, que ele assistiu – então é fato verídico – de um fazendeiro do Pantanal, que estando a perder uma média de trinta cabeças de gado a cada mês, para as onças, foi ensinado pelo Ibama a trazer para a fazenda uma enorme sucuri, pois economizaria muito. Ou seja, a sucuri iria comer apenas uma cabeça de gado a cada 15 dias, enquanto as onças fugiriam com medo da sucuri – eu nunca soube dessa técnica, mas... Bem meus amigos, o moço embolou a história de um tal modo, descreveu milimetricamente em, detalhes como a sucuri – de 18 metros – fazia para comer o boi, que ficava amarrado – urrando (para mim só as onças urram, mas o touro dele devia ser uma fera) – em uma árvore, por uma grossa corrente, como o triturava e o engolia. Pobre bicho!
 
     Enfim, ele teve que acabar com a coisa antes de os risos começarem, tanto que até esqueceu de dizer como a cobra fez para arrebentar a grossa corrente que prendia o touro à árvore. E se de fato arrebentava, penso não se tratar de sucuri, mas algum parente do tiranossaurus rex, perdido no Pantanal, alguém duvida?. E pensei, meu Deus, espero que não precise no futuro soltar uma sucuri – de 18 metros – no escritório de meus concorrentes, para afugentar seus clientes de lá e os atrair para o meu, isso para que o “mercado” não me engula.
 
     Para encurtar a história, me veio a mente uma idéia não muito santa, mas vou dizer. É que, se fosse possível separar daquela pessoa, o palestrante em si, do ser humano, bem poderia o tal fazendeiro economizar ainda um touro, ou seja, amarrar o palestrante na árvore, soltando o pobre boi. Quem sabe se o palestrante não urrasse, a cobra nem o descobrisse ali acorrentado. Ou então, pelo menos a pobre sucuri – aquela de 18 metros – poderia variar o cardápio uma semana. O máximo que aconteceria é a cobra vir a arrepender-se, e ter uma indigestão de ao devorar um péssimo contador de causos, tal forma eram ruins as fábulas fabulosas do tal sujeito.
 
     Sabe, o pobre até que poderia ter um bom sentido nas colocações, mas era um péssimo contador de histórias. Tipo aquele contador de piadas das quais só ele consegue rir. O problema é que a maioria dos meus caros colegas gostou. Eis ai a lição oito: Há também milhares de empresários de tal forma abestalhados em seus negócios longe de Deus, que bem poderiam entrar na fila da sucuri! Se não fossem comidos pelo tamanho da fila de espera, pelo menos perceberiam que estão acorrentados, e num pantanal! Este o mundo sujo dos negócios de hoje! Cheio de onças e sucuris! Sim por falta de Deus!
 
    Pois sabem, naquele momento me veio à cabeça o tal de “papo irado” da atriz. Porque achei também um papo irado – esta história de sucuri de 18 metros – da palestra, deste representante do mundo maluco em que nós vivemos. Da mesma forma que a conversa da atriz, certamente agrada àqueles “normais” da universidade, também o mesmo aconteceu com aqueles meus companheiros que tiveram a incrível paciência de ir até o fim ouvindo aquele contador de “causos”. Sim, assistindo de terno e gravata! Sim, também com mulheres trajando longo, e homens de bermuda, quem entende?
 
     E tal foi que, ao terminar de cont
ar aquela história da sucuri, disse ele que assim é o mundo de hoje: Ou você faz como aquela cobra, engole os concorrentes e vomita o que não presta – porque ele garantiu que a seletiva sucuri vomitava os chifres e os cascos do touro, e a corrente, e a árvore – ou vem outro e faz com você a mesma coisa. Ou seja, concorrência feroz, desleal, desalmada, desumana, pois só irão restar os mais fortes! Leia-se os mais inescrupulosos! Os que vivem mais longe de Deus e... próximos de satanás!
 
    Para mim isso foi a última gota que faltava. Dei o fora daquela sala e tomei o propósito de que nada me faria retornar ali. Antes que a sucuri me comesse! Ou um daqueles ávidos concorrentes me esfolasse vivo. Era como se uma voz me segredasse aos ouvidos: Eu te quero para vôos muito maiores! Ou coisas mais nobres! E saímos, eu e minha esposa, para encontrar uma capela aberta a fim de fazer a nossa Anistia de Natal pelas Almas. Sábia decisão! Como foi maravilhoso ficar ali diante do Santíssimo, por duas horas desfilando o Santo Rosário, a Via Sacra e as 15 Orações, junto com Jesus! Sim, não havia sucuris, nem onças... nem concorrentes ávidos para me devorar.
 
    Enquanto isso meus pobres colegas lá permaneciam aturando aqueles sujeitos engravatados, eles com suas repuxadas e cirúrgicas senhoras plastificadas. Eles, que nada entendem da verdadeira vida – a vida em Deus – a querer mostrar aos otários que satanás consegue fisgar – os que aprendem com fábulas de sucuris de 18 metros – exatamente aquele caminho para onde não deveriam ir jamais: O caminho da deslealdade na concorrência! Da ambição desmedida! Ou seja, lição número nove: Escola de satanás, esta que ensina o caminho do inferno, eis para onde caminha a humanidade inteira! Sim escola da serpente – sucuri é uma delas – e grande serpente, símbolo de satã, a maior de todas elas.
 
    Ultima e décima lição: Havia um automóvel zero para ser sorteado entre os participantes do evento, apenas os titulares presentes. Sabem quando seria o sorteio? Às 3:30h da manhã, durante um baile, de sábado para domingo. Verdade é que meus meninos pressionaram muito para irmos, exatamente para o sorteio, “imperdível” para eles. E aconteceu que, na noite anterior, minha esposa teve um pequeno sonho, onde lhe foi dito que “participar destas coisas é somente para atiçar a cobiça de vossos filhos”, pois verdade é que Deus não gosta de rifas, nem de sorteios, nem de loterias.
 
    E como o sonho tinha lógica, aliás era  quase real, decidimos não participar do sorteio e fomos dormir felizes após o jantar... sem carne de sucuri. Afinal, em nosso coração já estava antecipada a certeza de que não seríamos premiados. Os que se ligam em Deus, sentem isso! Ganhamos sim, um belo descanso, enquanto nossos amigos chegaram ao amanhecer ao hotel, completamente cara cheia, gritando alto, vomitando, errando até que quarto, para esconder quem sabe a infelicidade de não haverem ganhado o carro.
 
    Enfim, ainda desta simples viagem de três dias poderíamos tirar muitas lições mais! O fato é que está havendo já, desde agora uma seleção muito clara entre os filhos de Deus e os filhos do mundo. A gente sabe que o Senhor reserva ainda algumas surpresas e converterá ainda muitos dos que agora dormem este sono de morte, embalados pela música de satanás. Mas é verdade, também, que os já agora ligados em Deus terão pelo menos alguma chance em passarem para a Nova Terra maravilhosa que virá depois. Os outros todos ficam apenas na conta da misericórdia. Tanto eles quanto seus filhos! Afinal, que mérito poderão ter aqueles que se deixam de tal forma cegar pelo mundo, aceitando todas as suas loucuras, rejeitando os pungentes pedidos de conversão e sinais que Deus lhes envia?        
 
     Sinto que muitos dos leitores percebem as mesmas loucuras do mundo. O que quero deixar é uma mensagem de ânimo e de coragem: Que não fiquemos envergonhados de ser diferentes – por ultrapassados – nem sejamos forçados a ser o que não somos, apenas porque o mundo assim exige.  Nem
jamais tenhamos vergonha de rezar! Vergonha, só se deve ter é do pecado! É preciso que tenhamos no coração a certeza de que Deus continua amando a todos, mas ainda mais aos simples, aos pequeninos, àqueles que ainda são capazes de trocar uma palestra “importante” – que ensina a ganhar dinheiro e o mundo e a devorar concorrentes – por algumas horas de adoração ao Santíssimo – que ensinam a ganhar o Céu e a Deus, além de salvar almas. Felizmente, Deus ama até aqueles que trocam uma roda de conversas fúteis, pela oração do Rosário. Aqueles que são capazes de rejeitar a chance de ganhar um carro zero, por uma bela noite de descanso, em Deus e com Deus.
 
    Verdade é que, quanto mais estivermos desligados das coisas do mundo, mais facilmente passaremos pelo cadinho da ira divina, no momento em que Jesus vier para julgar a terra e seus habitantes, segundo o seu proceder! Como diz São Pedro: Uma vez que todas estas coisas se hão de desagregar, considerai qual deve ser a santidade de vossa vida e a vossa piedade, enquanto esperais e apressais  o Dia de Deus, este dia em que se hão de dissolver os céus inflamados e se hão de fundir os elementos abrasados! Nós, porém, segundo a Sua promessa, esperamos Novos Céus, Nova Terra, nos quais habitará a justiça (II 3, 11,13).
 
   Como diz o Senhor: Ainda uma vez por todas moverei, não só a terra, mas também os céus. As palavras “ainda uma vez” indicam o desaparecimento do que é caduco, do que foi criado, para que subsista o que é imutável (Heb 12,26-27).
 
     Sim, este mundo caduco feito pelo homem, terá que desaparecer, para que subsista apenas aquilo que é imutável e vem de Deus. Mundo onde as pessoas se amarão e não mais se “devorarão” como serpentes engolem touros. Nem calçarão tênis de marca, porque é moda, porque a única moda será amar a Deus sobre todas as coisas..
 
     Porque o mundo passa, só a Palavra de Deus permanece eternamente. Quando viermos realmente esta Palavra, então tudo será melhor, porque será simples, e apenas em Deus.
 
 
Aarão



Artigo Visto: 3127

ATENÇÃO! Todos os artigos deste site são de livre cópia e divulgação desde que sempre sejam citados a fonte www.recadosdoaarao.com.br


Total Visitas Únicas: 4.199.033
Visitas Únicas Hoje: 263
Usuários Online: 71