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04/08/2005
Cordeiro de Deus (02)


Revelações - 02 Cordeiro de Deus (02)
Revelações - 02 Cordeiro de Deus (02)

CORDEIRO DE DEUS (02)
 
  Continuando nosso pequeno trabalho de trazer à luz fatos importantes da vida de Jesus, vamos aqui apresentar o resumo do livro já citado, de Ana Catarina Emmerich desta vez apresentando um resumo da vida de Nossa Senhora, em especial a partir do momento em que aos três anos e meio, despediu-se do pai e da mãe e tornou-se uma das virgens consagradas do Templo de Jerusalém. O texto não carece de informações adicionais, mas certamente é uma doçura para aqueles que amam a Mãe do Filho de Deus. Eis as visões de Ana Catarina, sobre a:
 
Infância de Nossa Senhora e seu casamento com São José
 
Maria tinha três anos e três meses, quando fez o voto de associar-se às virgens santas, que se dedicavam ao serviço do Templo. Antes da partida fizeram na casa paterna uma grande festa, à qual estiveram presentes cinco sacerdotes, que sujeitaram Maria à uma espécie de exame, para ver se já chegara à idade de juízo e madureza de espírito, para, ser admitida no Templo. Disseram-lhe que os pais tinham feito por ela o voto, que não devia beber vinho ou vinagre, nem comer uvas ou figos. Maria ainda acrescentou que não comeria nem peixe, nem especiarias, nem frutas, senão uma espécie de pequenas bagas amarelas, que não beberia leite, dormiria na terra e se levantaria três vezes durante a noite para rezar.
Os pais de Maria ficaram muito comovidos com estas palavras. Joaquim abraçou a filha, exclamando, entre lágrimas: “Oh, minha querida filha, isto é duro demais; se assim queres viver, teu velho pai não te verá mais”. - Foi um momento de profunda comoção. Os sacerdotes, porém, disseram que se devia levantar só uma vez para a oração, como as outras virgens, juntando ainda outras circunstâncias atenuantes, como, por exemplo, que devia comer peixe nas grandes festas”.
Maria ofereceu-se também para lavar as vestes dos sacerdotes e outras roupas grossas. No fim da solenidade, vi que Maria foi abençoada pelos sacerdotes. Ela estava em pé, num pequeno trono, entre dois sacerdotes; aquele que a abençoou, estava-lhe em frente, os outros atrás. Os sacerdotes rezaram alternadamente, em rolos de pergaminho e o primeiro abençoou-a, estendendo as mãos sobre ela.
Tive nessa ocasião uma maravilhosa visão do estado íntimo da santa Menina. Vi-a como que iluminada e transparente pela bênção do sacerdote e sob seu Coração, em glória indizível, vi a mesma imagem que na contemplação do santo Mistério na Arca da Aliança.
Numa forma luminosa, igual à do cálice de Melquisedec, vi figuras brilhantes, indescritíveis, da bênção da promissão. Era como trigo e vinho, carne e sangue, que tendiam a unir-se. Vi, ao mesmo tempo, que sobre essa aparição o Coração da Virgem se abriu, como a porta de um templo e o mistério da promissão, cercado como de um dossel, guarnecido de misteriosas pedras preciosas, lhe entrou no Coração aberto; era como se a Arca da Aliança entrasse no templo. Depois disso, encerrava o coração da Virgem o maior bem que naquele tempo havia no mundo. Desaparecendo essa imagem, vi apenas a santa Menina cheia de ardente devoção e amor. Vi-a como que extasiada e elevada acima da terra”.
Joaquim e Ana viajaram com Maria para Jerusalém. Em procissão solene foi a Menina introduzida no Templo; depois de oferecido um sacrifício, erigiu-se um altar por baixo de um portal. Maria ajoelhou-se nos degraus, enquanto Joaquim e Ana lhe puseram as mãos na cabeça, proferindo orações de oferecimento. Um sacerdote cortou-lhe então um anel do cabelo queimou-o num braseiro e vestiu-a de um véu pardo. Dois sacerdotes conduziram Maria muitos degraus para cima, à parede divisória que separa o Santo do resto do Templo e colocaram-na num nicho, do qual se via o Templo, em baixo. Depois um sacerdote ofereceu incenso no altar próprio.
“Vi bril
har sob o Coração de Maria uma auréola de glória e soube que continha a promissão, a bênção santíssima de Deus. Essa auréola aparecia como que cercada pela arca de Noé, de modo que a cabeça da Santíssima Virgem sobressaia acima da Arca. Depois vi a figura da arca de Noé transformar-se na da Arca da Aliança, cercada pela aparição do Templo. Então vi desaparecer essas formas e sair da auréola brilhante a figura do cálice da última ceia, diante do peito de Maria. Aparecendo-lhe diante da boca um pão assinalado com uma cruz.
Dos lados lhe emanavam numerosos raios de luz, em cujas extremidades apareciam muitos mistérios e símbolos da SS. Virgem, como, por exemplo, os nomes da Ladainha de N. Senhora, em figuras. Do ombro direito e do esquerdo cruzavam-se dois ramos de oliveira e cipreste sobre uma palmeira pequena, que vi aparecer atrás de Maria. Entre esses ramos vi as formas de todos os instrumentos da paixão de Jesus. O Espírito Santo, com asas luminosas, parecendo mais figura de homem do que de pomba, pairou sobre a aparição. No alto vi o céu aberto, com a Jerusalém celeste no centro, com todos os palácios, jardins e habitações dos futuros Santos; tudo estava cheio de Anjos; também a auréola de glória que cercava Maria, estava cheia de cabeças de Anjos.
Então desapareceu a visão gradualmente, como aparecera. Por fim vi somente o esplendor sob o Coração de Maria e luzir nele a bênção da promissão. Depois desapareceu também essa visão e vi apenas a Santa Menina, consagrada ao Templo, guarnecida de seus adornos, sozinha entre os sacerdotes”.
Maria despediu-se dos pais e foi entregue às mestras: Noemi, Irmã da mãe de Lázaro e a profetisa Ana, outra matrona. Então vi uma festa das virgens do Templo. Maria tinha de perguntar às mestras e às meninas, uma a uma, se queriam deixá-la ficar junto delas. Era o costume adotado. Depois fizeram uma refeição e no fim houve uma dança; estavam umas em frente às outras, duas a duas e dançando formavam figuras: cruzes, etc.
De noite Noemi conduziu Maria ao seu quartinho, de onde se podia ver o interior do Templo. O quarto não formava um quadrângulo regular; as paredes estavam marchetadas de triângulos, que formavam várias figuras. Havia no quarto um banquinho, mezinha e estantes nos cantos, com diversos repartimentos para guardar objetos. Diante desse quartinho havia um quarto de dormir e um guarda-roupa, como também a cela de Noemi.
As virgens do Templo usavam vestido branco, comprido e largo, com cinta e mangas muito largas, que arregaçavam para o trabalho. Estavam sempre veladas.
Maria, era, para sua idade, muito hábil; vi-a trabalhar, fazendo já pequenos lenços brancos, para o serviço do Templo.
Vi a Santa Virgem passar o tempo parte na morada das matronas (com as outras meninas), parte na solidão do quarto, em estudo, oração e trabalho. Trabalhava em ponto de malha e tecia, sobre varas compridas, panos estreitos, para o serviço do Templo. Lavava as toalhas e limpava os vasos do Templo. Vi-a muitas vezes em oração e meditação.
Além das orações prescritas no Templo, Maria SS. tinha como devoção especial o desejo contínuo da Redenção, que lhe constituía uma ininterrupta oração da alma. Guardava esse desejo como um segredo e fazia as devoções às escondidas. Quando todas dormiam, levantava-se do leito, para orar a Deus. Vi-a muitas vezes se desfazer em lágrimas e rodeada de celestial esplendor, durante a oração.
A alma da Virgem parecia não estar na terra e gozava muitas vezes de consolações celestes. Tinha um desejo indizível da vinda do Messias e na sua humildade, apenas se atrevia a desejar ser a serva mais humilde da Mãe do Salvador.
Tendo as virgens do Templo alcançado certa idade, casavam-se e deixavam o serviço do mesmo. Quando chegou, porém, o tempo de Maria, ela não quis deixar o Templo; mas disseram-lhe que devia casar”.
“Eu vi, conta Catharina Emmerich, que um sacerdote muito idoso, que não podia mais andar (provavelmente o Sumo Sacerdote), foi transportado por alguns outros, numa cadeira, para diante do Santíssimo e rezou, lendo num rolo de perga
minho que lhe estava em frente, sobre uma estante, enquanto se queimava um sacrifício de incenso. Extasiado em espírito, teve uma aparição, sendo-lhe a mão colocada sobre o rolo, onde o dedo indicador mostrava a palavra do Profeta Isaías: E sairá uma vara do tronco de Jessé o uma flor brotar-lhe-á da raiz. (Is. 11, 1). Quando o ancião voltou a si, leu esse verso e conheceu-lhe a significação ensinada na visão”.
Enviaram, portanto, mensageiros por todo o país, convocando todos os homens solteiros da estirpe de Davi ao Templo. Reuniram-se muitos deles no Templo, em vestes de gala, e foi-lhes apresentada a Virgem Santíssima. Vi ali um jovem muito piedoso da região de Belém; tinha também implorado sempre, com ardente devoção, a vinda do Salvador prometido e vi-lhe no coração o grande desejo de ser o esposo de Maria. Esta, porém, se recolheu à cela, derramando lágrimas abundantes e não podia conformar-se com o pensamento de ter de renunciar à virgindade.
Então vi que o Sumo Sacerdote (segundo a inspiração recebida do Céu) distribuiu ramos a todos os homens presentes, com ordem de marcar cada um o seu ramo com o respectivo nome e segurá-lo nas mãos, durante a oração e o sacrifício. Feito Isso, todos entregaram os seus ramos, que foram colocados sobre um altar, diante do Santíssimo; anunciou-lhes o Sumo Sacerdote que aquele cujo ramo florescesse, seria destinado por Deus a desposar a Virgem Maria de Nazaré. Enquanto os ramos estavam diante do Santíssimo, continuaram os homens a oferecer sacrifícios, a rezar; vi que aquele jovem clamava instantemente a Deus, com os braços estendidos, num dos átrios do Templo e rompeu em lágrimas, quando todos receberam os seus ramos e foram informados que nenhum florescera e, portanto, nenhum dentre os presentes fora destinado a ser o esposo dessa Virgem.
Vi depois que os sacerdotes do Templo procuraram de novo, nos registros das gerações, se havia ainda um descendente de Davi, que antes tivessem saltado. Como, porém, fossem marcados seis irmãos de Belém, de um dos quais já há muito tempo não havia notícias, procuraram o domicílio de José e acharam-no, num lugar não muito longe de Samaria, situado num ribeiro, onde morava sozinho, perto do ribeiro, trabalhando em serviço de outros mestres. Estaria talvez na Idade de 33 anos.
À ordem do Sumo Sacerdote, veio José com o seu melhor traje ao Templo de Jerusalém. Teve também de segurar um ramo, durante o sacrifício e as orações; quando quis pô-lo sobre o altar, diante do Santíssimo, brotou uma flor branca, como uma açucena, na ponta do ramo e vi descer sobre ele uma aparição luminosa, como o Espírito Santo. Então reconheceram José como esposo de Maria, escolhido por Deus e apresentaram-no à Maria, em presença de sua mãe e dos sacerdotes. Maria, conformada com a vontade de Deus, aceitou-o humildemente por noivo.
As núpcias foram celebradas em Jerusalém. Depois seguiu Maria com a mãe para Nazaré; José, porém, foi primeiro a Belém, a negócios de família. À sua chegada em Nazaré, fizeram uma festa. Na casa que Ana montara para eles, tinha José um quarto separado, na frente. Ambos estavam muito acanhados. Viviam em oração e muito recolhidos”.
 
Anunciação e Visitação de Nossa Senhora
 
Depois do casamento de Maria SS. com S. José, estavam preparadas pela Divina Providência todas as condições, de modo que o santíssimo e eternamente adorável mistério da Encarnação podia realizar-se. Deu-se esse fato numa noite santa, na silenciosa casa de Nazaré. Inspirada pelo Espírito Santo, que queria operar nela o grandioso milagre, velou Maria toda a noite em ardente oração. Então sucedeu que, pela meia noite, entrou na casa de Nazaré um dos mais augustos Anjos do Céu, como mensageiro de Deus e, pelo consentimento da SS. Virgem, revestiu-se nela o Filho Unigênito de Deus da natureza humana. Assim se uniu a eternamente adorável Divindade, por um misterioso matrimônio e amor santo, com a humanidade pecaminosa, a qual o Pai de misericórdia quis elevar de novo pelo Homem-Deus, para estabelecer a nova Aliança de graça e amor.

Ouçamos a singela descrição desse mistério pela vidente privilegiada de Dülmen:
“Vi a Santíssima Virgem, pouco depois do casamento, em casa de José, em Nazaré. José saíra da cidade, com dois jumentos, para buscar alguma coisa; parecia estar voltando. Além da SS. Virgem e duas moças da mesma idade, vi ainda Sant’Ana e aquela parenta viúva, que lhe servia de criada. Pela noite rezaram, comendo depois alguma hortaliça. Maria recolheu-se então ao quarto de dormir e preparou-se para a oração, pondo um vestido comprido, de lã branca, com cinto largo e cobrindo a cabeça com um véu branco-amarelo. Tirou uma mezinha baixa encostada na parede e colocou-a no meio do quarto; tendo posto ainda uma almofada diante dessa mezinha, pôs-se de joelhos e cruzou os braços. Assim a vi rezar muito tempo, em ardente súplica, elevados os olhos ao céu, pedindo a redenção e a vinda do Rei prometido”.
Então se derramou do teto do quarto uma torrente de luz sobre o lugar à direita de Maria; nessa luz vi um jovem resplandecente descer para junto dela: era o Arcanjo S. Gabriel, que lhe disse:
“Ave, cheia de graça. O Senhor é convosco, bendita sois entre as mulheres”. Ao ouvir estas palavras, a Virgem perturbou-se e cogitava das razões daquela saudação. Mas o Anjo observou-lhe: “Não vos perturbeis, Maria, porque merecestes graça diante de Deus; pois concebereis e dareis à luz um filho, ao qual poreis o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á o Filho do Altíssimo; e Deus Nosso senhor dar-lhe-á o trono de Davi, seu pai, e reinará eternamente sobre a casa de Jacó e o seu reino não terá fim”. (Lc. 1, 28-33).
Vi-lhe sair as palavras da boca como letras. Maria virou um pouco a cabeça velada para o lado direito, mas, cheia de temor, não levantou os olhos. O Anjo, porém, continuou a falar e Maria levantou um pouco o véu e respondeu:
“Como se fará isso, pois não conheço homem?” (Luc. 1, 34)
E o Anjo disse: “O Espírito Santo virá sobre Vós e a virtude do Altíssimo cobrir-vos-á com sua sombra. E por isso o Santo que nascerá de Vós, será chamado Filho de Deus. Já vossa prima Isabel concebeu um filho na velhice e este é o sexto mês da que se diz estéril; pois nada para Deus é impossível”.
Maria levantou o véu e, olhando para o Anjo, respondeu as santas palavras: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a vossa palavra”. A Santíssima Virgem estava em profundo êxtase. O quarto estava cheio de luz, o Céu parecia aberto e um rasto luminoso permitia-me ver por cima do Anjo, no fim da torrente de luz, a Santíssima Trindade. Quando Maria disse: “Faça-se em mim segundo a vossa palavra”, vi a aparição do Espírito Santo; do peito e das mãos derramaram-se-lhe três raios de luz para o lado direito da Santíssima Virgem, unindo-se-lhe. Maria estava nesse momento toda luminosa e como transparente.
Vi depois o Anjo desaparecer e do rasto luminoso que se retirava para o Céu, caíram sobre a Santíssima Virgem muitas rosas brancas fechadas, todas com uma folhinha verde. Nesse momento vi também uma serpente asquerosa arrastar-se pela casa e pelos degraus acima. O Anjo, ao sair do quarto da SS. Virgem, pisou diante da porta a cabeça desse monstro, que uivou tão horrivelmente, que tremi de medo.
Apareceram, porém, três espíritos e expulsaram o monstro a pontapés e pancadas, para fora de casa. A Virgem Santíssima, toda absorta em extática contemplação, reconheceu e viu em si o Filho de Deus, feito homem, como uma pequena forma humana luminosa, com todos os membros já desenvolvidos, até os dedinhos e humildemente o adorou. Foi pela meia noite, que vi esse mistério. Depois de algum tempo, Maria se levantou, colocou-se diante do pequeno altar de oração e rezou em pé. Foi pela manhã que se deitou para dormir. Ana teve, por uma revelação de Deus, conhecimento de tudo”.
Para a preparação completa da vida pública e das obras de Jesus era preciso também a santificação e a ação pública do Precursor. Esta devia efetuar-se, segundo a vontade de Deus, pela aproximação de Maria e de seu Filho milagrosamente concebido, da mãe do precursor. Por isso inspir
ou o Espírito Santo à Virgem Santíssima o desejo de visitar a prima Isabel. Esta morava em Hebron, no sul do país, Maria em Nazaré, no norte; mas essa distância não desanimou Maria. Pôs-se a caminho, em contínua adoração e contemplação do Filho de Deus, que trazia sob o Coração, acompanhada por S. José, evitando, quanto era possível, as cidades e vilas tumultuosas. Anna Catharina Emmerich narra:
“Isabel (a prima de Maria e esposa de Zacarias) soube, por uma visão, que uma virgem da sua tribo se tornara mãe, do Messias prometido. Tinha pensado, durante essa visão, em Maria, com grande saudade e vira-a em espírito, em caminho para sua casa. Mas Zacarias deu-lhe a entender ser inverossímil que a recém-casada fizesse tal viagem. Isabel, porém, cheia de saudade, foi-lhe ao encontro. 
Maria Santíssima, vendo Isabel de longe e reconhecendo-a correu adiante de José, ao encontro dela. Cumprimentaram-se afetuosamente com um aperto de mão. Nisto vi um esplendor em Maria e um raio de luz passando dela para Isabel, que se sentiu milagrosamente comovida. Abraçando-se, atravessaram, o pátio em direção à porta da casa. José entrou, por uma porta lateral, no átrio da casa, onde humildemente cumprimentou o velho sacerdote venerável; este o abraçou cordialmente e expandiu-se com ele, escrevendo numa lousa, pois ficara mudo desde a aparição do Anjo no Templo”.
Maria e Isabel entraram pela porta da casa no átrio. Ali se cumprimentaram de novo muito afetuosamente, pondo as mãos nos braços uma da outra e encostando face a face. Nisso vi de novo como que um esplendor em Maria, radiando para Isabel, pelo que esta ficou toda luminosa, comovida por uma alegria santa. Recuando com as mãos levantadas, exclamou, cheia de humildade, alegria e entusiasmo: “Bendita sois entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre! Donde me vem a felicidade de ser visitada pela Mãe do meu Senhor? Porque assim que chegou a voz da saudação aos meus ouvidos, logo o menino deu um salto de prazer no meu ventre”.
Então conduziu Maria ao quartinho preparado para ela. Maria, porém, na elevação da sua alma, proferiu o cântico do “Magnificat”: Minha alma engrandece o Senhor, etc.
Depois de alguns dias, voltou José a Nazaré, acompanhado, parte do caminho, por Zacarias. Maria Santíssima, porém, ficou três meses com Isabel, até o nascimento de João e já antes da circuncisão do menino voltou para Nazaré. José veio-lhe ao encontro até meio caminho e foi então que notou que estava grávida. Não tendo conhecimento da anunciação do Anjo à SS. Virgem, foi acometido de dúvidas e desassossego. Maria guardara consigo o mistério, por humildade e modéstia. José nada disse, mas lutou em silêncio com as dúvidas que lhe torturavam o coração. Em Nazaré lhe cresceu o desassossego, a ponto de resolver abandoná-la e fugir secretamente. Então lhe apareceu um Anjo em sonho e consolou-o”.
Nas últimas linhas, que não fazem mais que repetir o que já consta da Escritura Sagrada, se revela a profunda humildade de Maria Santíssima. Ela compreendia que José devia saber o que se tinha passado. Sentiu profundamente a dor do piedoso esposo, mas, por modéstia, não teve a coragem de revelar-lhe o santo mistério e o extraordinário privilégio, que lhe fora dado.
Humildemente confiou que Deus a ajudasse e foi-lhe recompensada essa confiança e ouvida a piedosa oração. Quanto tempo teve de pedir, não sabemos; em todo caso, porém, vemos que Deus não atende imediatamente às súplicas nem das pessoas mais santas, mas só quando chega o tempo previamente determinado pela divina sabedoria.
 
A viagem a Belém e o nascimento de Nosso Senhor
 
“Vi a Santíssima Virgem, com sua mãe Sant’Ana, fazendo trabalhos de malha, preparando tapetes, ligaduras e panos, conta Anna Catharina. José estava a caminho, voltando de Jerusalém, para onde tinha levado animais para o sacrifício. Passando pela meia-noite pelo campo de Chimki, a seis léguas de Nazaré, apareceu-lhe um Anjo, com o aviso de partir imediatamente com Maria para Belém, pois era ali que ela devia dar à luz o filho. Ord
enou-lhe também que levasse, além do jumento, em que Maria devia viajar, uma jumentinha de um ano; que deixasse esta correr livre e seguisse o caminho que ela tomasse”.
José comunicou à Maria e Ana o que lhe fora dito; então se prepararam para a partida imediata. Ana ficou muito aflita. A Virgem Santíssima, porém, já sabia antes que devia dar à luz o filho em Belém, mas na sua humildade calara-se”.
A vida dos filhos de Deus é uma mistura de alegria e de dor. Maria Santíssima tinha-o experimentado já em Nazaré; verificou-o por toda a vida e também então, na viagem ao lugar abençoado, onde o Filho de Deus ia descer à terra. A piedosa Emmerich narra:
“Vi José e Maria partirem, acompanhados por Ana, Maria Cleophae e alguns criados, até o campo de Ginim, onde se separaram, despedindo-se comovidos”.
Vi a Sagrada Família continuar a viagem, subindo a serra de Gilboa. Na noite seguinte passaram por um vale muito frio, dirigindo-se a um monte. Caíra geada. Maria, sentindo frio, disse: “Devemos descansar, não posso ir mais adiante”. José arranjou-lhe um assento, debaixo de um terebinto; ela, porém, pediu instantemente a Deus que não a deixasse sofrer qualquer mal, por causa do frio. Então a penetrou tanto calor, que ela deu as mãos a José, para aquecer as dele. José falou-lhe muito carinhosamente; ele era tão bom e sentia tanto que a viagem fosse tão penosa! Falou também da boa recepção que esperava achar em Belém.
Celebraram o Sábado numa estalagem. Na manhã seguinte continuaram o caminho, passando por Samaria. A Santíssima Virgem andava a pé; às vezes paravam em lugares convenientes e descansavam.
A jumenta ora ficava atrás, ora corria muito para a frente; mas onde os caminhos divergiam, apresentava-se e tomava o caminho bom e onde deviam descansar, parava.
A primeira coisa que S. José fazia, em cada lugar de descanso e em cada estalagem, era arranjar um lugar cômodo para a Santíssima Virgem sentar-se e descansar.
Quando a sagrada família chegou a dez léguas de Jerusalém, encontrou de noite uma casa solitária. José bateu à porta, pedindo agasalho para a noite; mas o dono da casa tratou-os grosseiramente e negou-lhes o abrigo. Então andaram um pouco adiante e, entrando num rancho, encontraram ali a jumenta esperando.
Abandonaram esse abrigo já antes de amanhecer. Em outra casa foram também tratados asperamente. José tomou pousada mais vezes pelo fim da viagem, pois esta se tornava cada vez mais penosa para a SS. Virgem. Seguindo sempre a jumenta, fizeram deste modo uma volta de quase um dia e meio, para leste de Jerusalém. Rodeando Belém, passaram pelo norte da cidade e aproximaram-se pelo lado oeste. Pararam e pousaram afastados do caminho, sob uma árvore. Maria apeou-se e concertou o vestido.
Depois José a conduziu a um grande edifício, que estava a alguns minutos fora de Belém; era a casa paterna de José, o antigo solar de Davi, mas naquele tempo servia de recebedoria do imposto romano. José entrou na casa; os amanuenses perguntaram quem era e depois lhe leram a genealogia, como também a de Maria. Aparentemente ele não sabia que Maria descendia também por Joaquim, em linha direta, de Davi. Maria foi também chamada perante os escrivões.
José entrou então com ela em Belém, procurando em vão pousada logo nas primeiras casas; pois havia muitos forasteiros na cidade. Continuaram assim, indo de rua em rua. Chegando à entrada de uma rua, Maria esperava com os jumentos, enquanto José ia de casa em casa, pedindo agasalho, mas em vão. Maria tinha de esperá-lo às vezes muito e sempre com o mesmo resultado; tudo já ocupado, não havia mais lugar para eles. Então disse José à Maria que era melhor ir à outra parte de Belém; mas também lá procurou em vão. Conduziu-a então e ao jumento, para debaixo de uma árvore grande, a fim de descansar, enquanto ele ia à procura de hospedagem.
Muita gente passou pela árvore, olhando para Maria. Julgo que alguns também se lhe dirigiram, perguntando quem era. Maria era tão paciente, tão humilde e ainda tinha esperança. Mas, depois de esperar muito, voltou José triste e
abatido, pois nada arranjara. Os amigos, dos quais tinha falado à SS. Virgem, não quiseram reconhecê-lo. Lamentou-o com lágrimas nos olhos, mas Maria consolou-o. Mais uma vez começou ele a procurar de casa em casa, voltando finalmente tão abatido, que só se aproximou hesitante. Disse que conhecia um lugar fora da cidade pertencente aos pastores; ali, com certeza, achariam abrigo.
Assim saíram de Belém, para uma colina situada no lado oriental da cidade, na qual havia uma gruta ou adega. A jumentinha, que já da casa paterna de José tinha corrido para lá, fazendo a volta da cidade, veio-lhes ao encontro, pulando e brincando alegremente em roda. Então disse a SS. Virgem a José: “Vê, de certo é vontade de Deus que aqui fiquemos”.
José acendeu uma luz e, entrando na caverna, tirou algumas coisas de lá, a fim de arranjar um lugar de descanso para a SS.Virgem. Depois a levou para dentro e ela se assentou no leito feito de mantas e fardéis de viagem. José pediu-lhe humildemente desculpa pela pobre hospedagem; mas Maria, cheia de piedosa esperança e amor estava contente e feliz.
José buscou água num odre e da cidade trouxe pratinhos, algumas frutas e feixes de lenha miúda; buscou também brasas, para acender fogo e preparar a refeição. Depois de ter comido e feito as orações, deitou-se Maria no leito; José, porém, arranjou o seu leito à entrada da gruta.
Maria Santíssima passou o dia seguinte, o Sábado, na gruta, rezando e meditando com grande devoção. De tarde José a levou, através do vale, à gruta que servira de sepulcro a Marabá, ama de Abraão. Depois, terminado o Sábado, veio reconduzi-la à primeira gruta. Maria disse a S. José que à meia noite desse dia chegaria a hora do nascimento de seu Filho, pois teriam passado nove meses desde a anunciação pelo Anjo: José ofereceu-se para chamar algumas mulheres piedosas de Belém para assisti-la, mas Maria recusou.
Desse modo chegaram os santos Pais de Jesus, guiados pela Divina Providência, ao lugar determinado pelo Pai Eterno, em união com o Filho Unigênito e o Espírito Santo, para o nascimento daquele divino Menino, cheio de graça, que havia de tirar da terra a maldição, abrir o Céu e criar um novo Éden de Deus cá na terra. Lúcifer e os seus sequazes perderam o reino do Céu pelo orgulho, querendo ser iguais a Deus e assim perderam os primeiros homens também o paraíso, porque o mesmo sedutor os enganou com vãos desejos de serem iguais a Deus.
Por isso, a santa humildade havia de abrir de novo o caminho do Céu. O Filho de Deus veio a este mundo ensinar, pelo exemplo, essa e todas as outras virtudes. Eis porque Ele, o Rei da eternidade, quis nascer homem num lugar onde os animais se abrigavam. Para primeiro berço escolheu uma miserável manjedoura, na qual o gado costumava comer. Assim não lhe faltou nada da pobreza humana, mas uniu-se-lhe o esplendor da majestade divina. - A piedosa vidente continua:
“Quando Maria disse ao esposo que o tempo estava próximo e que a deixasse e fosse orar, José saiu, recolhendo-se ao leito, para rezar. Ao sair, voltou-se mais uma vez, para fitar a SS. Virgem e viu-a como rodeada de chamas; toda a gruta estava iluminada como por uma luz sobrenatural. Então entrou com santo respeito na sua cela e prostrou-se por terra, para orar”.
Vi o esplendor em volta da SS.Virgem crescer mais e mais. Ela estava de joelhos, coberta de um vestido largo, estendido em redor, sem cinto. A meia noite ficou extasiada e levantada acima do solo; tinha os braços cruzados sobre o peito. Não vi mais o teto da gruta; uma estrada de luz abria-se-lhe por cima, até o mais alto Céu, com crescente esplendor.
Maria, porém, levantada da terra em êxtase, olhava para baixo, adorando o seu Deus, cuja Mãe se tornara e que jazia deitado por terra, diante dela, qual criancinha nova e desamparada. Vi o nosso Salvador qual criancinha pequenina, resplandecente, cujo brilho excedia à toda a luz na gruta, deitado no tapete, diante dos joelhos de Maria. Parecia-me que era muito pequeno e crescia cada vez mais, diante dos meus olhos.
Depois de algum tempo vi o Menino Jesu
s mover-se e ouvi-o chorar. Então foi que Maria voltou a si. Tomou a criancinha e, cobrindo-a com um pano, apertou-a ao peito. Assim se sentou, envolvendo-se, com o Filhinho, no véu. Então vi em redor Anjos em forma humana, prostrados em adoração diante do Menino.
Cerca de uma hora após o nascimento, Maria chamou S. José, que ainda estava rezando. Chegando-se-lhe perto, prostrou-se-lhe o esposo em frente, em adoração, cheio de humildade e alegria. Só depois que Maria lhe pediu que apertasse de encontro ao coração o santo dom de Deus, foi que se levantou, recebendo o Menino Jesus nos braços e louvando a Deus, com lágrimas de alegria.
A SS. Virgem envolveu então o Menino em panos e deitou-o na manjedoura, cheio de junco e ervas finas e coberta com uma manta. A manjedoura estava ao lado direito, na entrada da gruta. Os santos Pais, tendo deitado o menino no presepe, ficaram-lhe ao lado, cantando salmos”.
O tempo chegara à consumação: O Verbo fizera-se carne, - o Verbo Eterno e Divino do Pai Celestial Todo-Poderoso. A profecia de Isaías cumprira-se: A Virgem concebera e dera à luz um filho, cujo nome é Emanuel, “Deus Conosco”. (Is. 7, 14). Apareceu entre nós o Messias, prometido já no paraíso e por todos os povos tão ardentemente anelado. Está deitado numa manjedoura, qual criança pobre e desamparada. Será reconhecido em tão humildes condições? A quem se revelará primeiro o Rei da glória? Não aos grandes e soberbos da terra! Pastores, pobres e simples, são os primeiros convidados por mensageiros celestiais à manjedoura, para adorar o Menino divino. Conta Catharina Emmerich:
“Vi três pastores, que estavam juntos, diante do rancho, admirando a maravilhosa noite; no céu vi uma nuvem luminosa, descendo para eles. Ouvi um doce canto. A princípio se assustaram os pastores, mas de repente lhes surgiu um Anjo, dizendo: “Não temais, anuncio-vos uma grande alegria, que é dada a todo o povo, pois nasceu hoje, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, nosso Senhor... Eis o sinal para conhecê-lo: achareis uma criança envolta em panos e deitada num presépio”. Enquanto o Anjo assim falava, aumentava o esplendor em redor e vi então cinco ou sete Anjos, grandes, luminosos e graciosos, diante dos pastores; seguravam nas mãos uma fita, como de papel, na qual estava escrita uma coisa, em letras do tamanho de um palmo: ouvi-os louvar a Deus e cantar: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”.
Os pastores na torre de vigia tiveram a mesma aparição, apenas um pouco depois. Do mesmo modo apareceram os Anjos a um terceiro grupo de pastores, perto de uma fonte, a três léguas de Belém, a leste da torre dos pastores. Vi que os pastores não foram imediatamente à gruta; para lá chegar, os três pastores tinham um caminho de uma hora e meia e os da torre o dobro. Vi também que deliberaram sobre o que deviam levar, como presente, ao Messias recém-nascido; depois buscaram as dádivas o mais depressa possível.
Ao crepúsculo da manhã chegaram os pastores, com os presentes, à gruta. Contaram a S. José o que lhes anunciara o Anjo e que vinham para adorar o Messias. José aceitou os presentes, com humildes agradecimentos e conduziu os pastores à SS. Virgem, que estava sentada ao pé do presépio, com o Filho ao colo. Os recém-chegados prostraram-se de joelhos diante de Jesus, segurando os cajados nos braços; choraram de alegria e permaneceram assim muito tempo, sentindo grande felicidade e doçura. Quando se despediram, deu-lhes a SS. Virgem o Menino a abraçar. De tarde vieram outros pastores, com mulheres e crianças, trazendo presentes.
Alguns dias depois do nascimento de Jesus, estando José e Maria ao lado do presépio e olhando com grande e íntima felicidade para o divino Menino, aproximou-se de súbito o jumento, e, caindo de joelhos, baixou a cabeça até o chão. Maria e José derramaram lágrimas à vista disso.
Depois do Sábado, José chamou três sacerdotes de Belém, para a circuncisão do Menino. Estes trouxeram a cadeira da circuncisão e uma laje de pedra octogonal, na qual se encontravam os instrumentos necessári
os. Ao nascer do dia teve lugar a circuncisão. Oito dias depois do nascimento do Senhor, vi que um anjo apareceu ao sacerdote, apresentando-lhe o nome de Jesus, escrito numa lousa. O Menino Jesus chorou alto, depois da santa cerimônia. José recebeu-o do sacerdote e depositou-o nos braços da SS. Virgem.
      Na tarde do dia seguinte, chegou Isabel, com um velho criado, à gruta. Houve grande regozijo. Isabel apertou o Menino ao coração. Veio também Ana, com o segundo marido e Maria Helí. Maria pôs o Menino nos braços da velha mãe, que estava muito comovida. Maria contou-lhe também, cheia de íntima felicidade, todas as circunstâncias do nascimento. Ana chorou com Maria, acariciando durante todo o tempo o Menino Jesus”.
 
     Eis aqui um pouquinho do mistério do nascimento de Jesus. Quem leu as escrituras, com apenas aqueles detalhes absolutamente necessários, certamente já mil vezes ficou a imaginar como de fato as coisas aconteceram. Mistério de uma Virgem que dá a Luz ao Filho de Deus. Mistério de um Deus que faz homem, para remir a humanidade caída pelo pecado, e abrir para ela as portas do céu. E aqui fica registrada uma terna alegria, que expressa nas visões desta grande mística são como bálsamo para nossas almas.  
 
     Logo, porém, adiante, esta alegria esfuziante dará lugar ao sofrimento e à dor. Maria, a Mãe Santíssima, verá a espada de dor atravessar sua alma conforme profecia de Simeão. Jesus passará pelo sofrimento da Cruz, esmagado pela ignomínia do pecado humano. Tudo para que tivéssemos a graça de, um dia, abraçar ao Pai Celeste, nosso Criador e Deus. Mistério de fé, que nunca seremos capazes de decifrar!
 
Fiquem com Deus, e até nosso novo encontro!
 
Aarão!
 
 
 
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