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Maria
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05/02/2008
Mãe e Virgem


Maria - Mãe e Virgem
05/02/2008 13:47:17

Maria - Mãe e Virgem


A Virgindade de Maria no Pensamento do Eterno Pai

(Escritos de Maria Valtorta – Gentileza Antonio)



Surge e apressa-te pequena amiga. Tenho um desejo ardente de te levar comigo para o azul paradisíaco da contemplação da Virgindade de Maria. Sairás com a alma jovem como se tu também fosses criada à pouco pelo Pai, uma pequena Eva que ainda não conhece a carne. Sairás com um espírito repleto de luz, porque tu mergulharás, na contemplação da obra prima de Deus. Sairás com todo o teu ser saturado de amor, porque compreenderás como Deus sabe amar. Falar da concepção de Maria, a Sem Mácula, quer dizer mergulhar-se no azul, na luz, no amor.

   Vem e lê as suas glórias no livro de Avô: “Deus me possuiu no início de suas obras, desde o princípio, antes da criação. Pelo Eterno fui predeterminada ao princípio, antes que fosse feita a Terra, ainda não existiam os abismos e eu já era concebida. Nem ainda as nascentes das águas se transbordavam e os montes tinham-se erguidos em suas grandes dimensões, nem as colinas eram cadeias montanhosas ao sol, e eu era gerada. Deus ainda não tinha feito a Terra, os rios, e as bases do mundo, e eu era. Quando preparava os céus eu estava presente, quando com lei imutável fechou sob a orla celeste o abismo, quando tornou estável no alto a abóbada celeste e suspendeu as fontes das águas, quando fixava ao mar os seus confins e dava lei às águas de não passar os limites, quando assentava os fundamentos da Terra, eu estava com Ele a dispor de todas as coisas. Sempre na alegria brincava diante Dele continuamente, brincava no universo…”. Aplicaram a Sabedoria, mas falam Dela: a bonita Mãe, a Santa Mãe, a Virgem Mãe da Sabedoria, que sou Eu que te falo.

   Quis que tu escrevesses o primeiro verso deste hino no início do livro que fala Dela, para que fosse confessada e percebida a consolação e a alegria de Deus; a razão de seu constante, perfeito, íntimo regozijo deste Deus Uno e Trino, que vos guia e ama e que do homem teve tantas razões de tristeza; a razão pela qual perpetuou a raça, mesmo quando, à primeira prova, merecia ser destruída; a razão do perdão que tivera.

   Ter Maria que o amasse. Oh! Bem merecia criar o homem, e deixá-lo viver, e decretar perdoá-lo, para ter a Virgem bonita, a Virgem Santa, a Virgem Imaculada, a Virgem enamorada, a Filha dileta, a Mãe puríssima, a Esposa amorosa! Tanto e mais ainda vos deu e vos daria Deus para poder possuir a Criatura das suas delícias, o Sol do seu Sol, a Flor do seu jardim. E tanto continua a dar-vos por Ela, a pedido Dela. Pela alegria Dela, porque a sua alegria se derrama na alegria de Deus e a aumenta de esplendor que enchem de faíscas a luz, a grande luz do Paraíso, e cada cintila é uma graça ao universo, à raça do homem, aos bem-aventurados, que respondem-lhes com um grito radiante de aleluia a cada geração de milagre divino, criado pelo desejo de Deus Trino de ver o cintilante riso de alegria da Virgem.

   Deus quis colocar um rei no universo que Ele criou do nada. Um rei que, pela natureza da matéria, fosse o primeiro entre todas as criaturas criadas com matéria e dotados de matéria. Um rei que, pela Graça como era na sua inocente primeira jornada. Mas a mente suprema, da qual são notórios todos os acontecimentos mais distantes nos séculos, cuja vista vê incessantemente tudo quanto era, é, e será; e que enquanto contempla o passado e observa o presente, eis que aprofunda o olhar no último futuro e não ignora como será a morte do último homem, sem confusão nem descontinuidade, não ignorou nunca que o rei criado por Ele, para ser semidivino ao seu lado no Céu, herdeiro do Pai, chegado adulto no seu Reino, depois de ter vivido na casa da mãe – a Terra com que foi feito – durante a sua infância de menino do Eterno pela sua jornada sobre a Terra, teria cometido contra si mesmo o delito de matar-se na Graça e o latrocínio de furtar-se ao Céu.

   Por que então o criara? Certamente muitos se questionam. Teríeis preferido não existir? Não merecia, também por si mesma, tão pobre e nua, e que se fez amarga pela vossa maldade, por ter vivido esta jornada, para conhecer e admirar o Bonito infinito que a mão de Deus semeou no universo?

   Para quem teria feito estes astros e planetas que deslizam como setas e flechas, riscando o arco do firmamento, ou que se vão, e aparentemente lentos, majestosos na sua corrida como bólidos, presenteando-vos com luzes e estações como se fossem eternos, imutáveis e ainda que estejam em contínua mudança, oferecendo-vos uma página nova para ser lida sobre o azul, toda a noite, todo o mês, todo o ano, quase como se quisessem dizer-vos: “Esquecei-vos do cárcere, deixai vossas gravuras repletas de coisas obscuras, podres, sujas, venenosas, enganosas, blasfemadoras, corruptoras e elevai, ao menos com o olhar na ilimitada liberdade dos firmamentos, fazei uma alma azul olhando tão grande serenidade, fazei-vos uma reserva de luz para levar à vossa prisão escura, lede a palavra que nós escrevemos cantando o nosso coro sideral, mais harmonioso do que aquele acompanhado por um órgão de catedral, a palavra que nos escrevemos brilhando, a palavra que nós escrevemos amando, visto que sempre temos presente Aquele que nos quis dar a alegria de existir, e o amarmos por ter nos dado este ser, este esplendor, este deslizar, isto de sermos livres e belos em meio a este azul suave, além do qual vemos um azul ainda mais sublime, o Paraíso, e do qual cumprimos a segunda parte do preceito de amor amando a vós, o nosso próximo universal, amando-vos ao vos prestarmos guia e luz, calor e beleza. Lede a palavra que nós dizemos, e é aquela sobre a qual regulamos o nosso canto, o nosso resplandecer, o nosso riso: Deus”?

   Para quem teria feito aquele líquido azul, que é um espelho para o céu, um caminho para a Terra, sorriso de águas, voz de ondas, palavra também essa que como os sussurros de seda farfalhando, com risadinhas de crianças serenas, com suspiros de velhos que lembram e choram, com bofetões violentos e com chifradas, mugidos e estrondos, sempre fala e diz: “Deus!” O mar é para vós, como o são o céu e os astros. E com o mar os lagos e os rios, os pântanos e os riachos e as nascentes puras, que servem a todos para transportar-vos, nutrir-vos, dessedentar-vos e vos purificar, e que vos servem, servindo o Criador, sem saírem para fora dos seus limites.

   Para quem teria feito todas as inumeráveis famílias dos animais, que são flores que voam cantando, que são servos que correm, que trabalham, nutrem e recreiam a vós: os reis?

   Para quem teria feito todas as inumeráveis famílias das plantas, e das flores que parecem borboletas, que parecem jóias e imóveis passarinhos, dos frutos que parecem pedras preciosas, que são tapetes aos vossos pés, protecção às vossas cabeças, recreação útil, alegria para a mente, membros, vista e olfacto?

   Para quem teria feito os minerais nas entranhas da terra, os sais dissolvidos nas fontes geladas ou ferventes, as fontes sulfurosas, as isoladas, as alcalinas? Não teria sido para que de tudo gozasse alguém, que não era Deus, mas filho de Deus? Alguém: o homem.

   Para a alegria de Deus, para as necessidades de Deus, nada era preciso. Deus se basta a si mesmo. Não tem que se contemplar, abençoar-se para nutrir-se, para viver e repousar-se. Tudo o que foi criado não aumentou um átomo a sua infinita alegria, sua beleza, seu poder. Mas tudo Ele fez pela sua criatura, que Ele quis colocar como rei na obra feita por Ele: o homem.

   Para ver tão grandes obras de Deus e por reconhecimento para com o seu poder, que vo-las dá, vale a pena viver. E por sereis viventes deveis ser gratos. Deveríeis ter sido assim gratos, mesmo se não tivésseis sido redimidos, não antes do fim dos séculos, porque não obstante tenhais sido nos Primeiros e o sejais, singularmente, até hoje prevaricadores, soberbos, luxuriosos, homicidas, Deus ainda vos concede o sabor de gozar das belezas do universo e da bondade do universo, e vos trata como se fosseis bons, filhos bons aos quais tudo é ensinado e concedido, a fim de tornar-lhes mais doce e sadia a vida. Quanto sabeis, vós o descobris porque Deus vo-lo indica. No bem. Porque os outros conhecimentos e descobertas, que têm o sinal do mal, vêm do Mal supremo: Satanás.

   A mente suprema, que nada ignora, antes ainda que o homem existisse, sabia que o homem, por si mesmo, teria sido um ladrão e um homicida. E, já que a bondade eterna não tem limites no ser boa, antes que acontecesse a culpa, pensou no meio para anular a culpa. E o meio seria: Eu. E o instrumento para fazer do meio um instrumento operante seria: Maria. Assim é que a Virgem foi criada no Pensamento sublime de Deus.

   Todas as coisas foram criadas para Mim, Filho dileto do Pai. Eu, como Rei, deveria ter tido sob os meus pés de Rei Divino tapetes e jóias como nenhum palácio real jamais teve, e cantos e vozes, servos e ministros ao redor de minha pessoa, e tão numerosos, como nenhum soberano jamais teve, e flores e pedras preciosas, e todo o sublime, o grandioso, o gentil, o minucioso, tudo o que é possível ir buscar no Pensamento de Deus.

   Mas Eu devia ser Carne, além de Espírito. Carne para salvar a carne. Carne para sublimar a carne, levando-a para o Céu, muitos séculos antes da hora. Porque a carne, habitada pelo espírito, é a obra prima de Deus, e por ela é que o Céu fora feito. Para ser Carne, Eu tinha necessidade de uma Mãe. Para ser de Deus, Eu tinha necessidade de que meu Pai fosse Deus.

   Eis que, então, Deus criou para Si uma Esposa, e lhe disse: “Vem comigo. A meu lado, vê tudo quanto Eu faço pelo nosso Filho. Olha e jubila-te, Virgem eterna, Menina eterna, que o teu riso encha todo este impero, e dê aos anjos a nota inicial, e ensina ao Paraíso uma harmonia celeste. Eu olho para ti. E vejo tal qual serás, ó Mulher Imaculada que, por enquanto, és apenas espírito, ó espírito em que me deleito. E olho para ti, e dou o azul do teu olhar ao mar e ao firmamento, e a cor dos teus cabelos aos trigo, a tua candura ao lírio, o tom róseo à rosa, semelhante à tua pele de seda. Imito nas pérolas os teus dentes graciosos; olhando tua boca, faço os doces morangos, ponho na voz dos rouxinóis as tuas notas, e na das rolinhas o teu pranto. E é ainda lembrado os teus futuros pensamentos, ouvindo as palpitações do teu coração, que eu encontrei os modelos de arte para criar.

Vem, minha Alegria! Habita os mundos para divertimento teu, enquanto fores a luz que se move em meu Pensamento, teus hão-de ser os mundos pelo teu sorriso, tuas as belas formações das estrelas e o calor dos astros todos. Coloca a lua sob os teus pés gentis, cinge-te com o cinto de estrelas da Via Láctea. São para ti as estrelas e os planetas. Vem e diverte-te, vendo as flores que serão o divertimento do teu Menino, e servirão de almofada para o Filho do teu ventre. Vem, e vê como se criam as ovelhas e os cordeiros, as águias e as pombas.

Fica perto de Mim, enquanto Eu, faço como uns vasos, os mares e os rios, enquanto ergo as montanhas e as enfeito com a neve e as florestas, enquanto semeio as searas, as árvores, as videiras, enquanto faço para ti a oliveira, minha Rainha da Paz, para ti a videira, meu Sarmento que levará o cacho Eucarístico. Corre, voa, jubila-te, ó minha beleza, e que o mundo todo, que vai sendo criado de hora em hora, aprenda contigo a me amar, o Amorosa, e se torne mais bonito com o teu sorriso, ó Mãe do Meu Filho, Rainha do Meu paraíso, Amor do teu Deus”. E ainda, vendo o Erro, e olhando para a sem Erro: “Vem a Mim, tu que anulas a amargura da desobediência humana, da fornicação humana com Satanás e da humana ingratidão. Eu terei contigo a desforra com Satanás”.

   Deus, Pai Criador, criara o homem e a mulher com uma lei do amor tão perfeita, que dela não podeis, nem ao menos compreender as perfeições. E vós vos enganais ao pensar como teria aparecido a raça humana se o homem não o tivesse alcançado pelo ensinamento de Satanás.

   Olhai as plantas que produzem fruto e semente. Por acaso elas conseguem ter semente e fruto por meio de uma fornicação ou de uma fecundação em cada cem encontros conjugais? Não. Da flor masculina sai o pólen e, guiado por um complexo de leis meteóricas e magnéticas, vai ao ovário da flor feminina. Esta se abre, e o recebe, e produz. Não se suja e o rejeita depois, como vós fazeis, para poderdes gozar, no dia seguinte, da mesma sensação. Produz, e, até à próxima estação, não floresce e, quando floresce, é para produzir.

Olhai os animais. Todos. Já vistes algum animal, macho ou fêmea, ir um ao outro para algum abraço estéril, ou só para algum encontro lascivo? Não. De perto ou de longe, voando, rastejando, pulando ou correndo, eles vão, quando chega a hora, ao rito fecundativo, e não se subtraem a isso para ficarem só no prazer, mas vão além, vão até às consequências sérias e santas, que conduzem à geração da prole, o único escopo que, no homem, semideus pela origem da Graça que Eu restituí inteira, deveria fazê-lo aceitar a animalidade do ato necessário, uma vez que desceste um grau para o lado do animal.

   Vós não fazeis como as plantas e os animais. Vós tivestes por mestre Satanás, e o quisestes por mestre, e ainda o quereis. As obras que praticais são dignas do mestre que quiseste ter. Mas, se tivésseis sido fiéis a Deus, teríeis tido a alegria de conceber filhos, santamente, sem dor, sem vos esgotardes em cópulas obscenas, indignas, que os próprios animais não conhecem, os animais que não têm uma alma racional e espiritual.

   Ao homem e à mulher, depravados por Satanás, Deus quis opor o Homem nascido de Mulher tão purificado por Deus, a ponto de poder gerar sem ter conhecido homem. Flor que gera Flor, sem necessidade de semente, mas apenas com o beijo do Sol sobre o cálice inviolado do lírio que é Maria.

   A desforra de Deus!

   Solta teus silvos de inveja, ó Satanás, enquanto Ela está nascendo. Esta Menina te venceu! Antes que tu fosses o Rebelde, o Tortuoso, o Corruptor, já estavas vencido, e Ela é a tua vencedora. Mil exércitos alinhados nada podem contra o teu poder, e contra as tuas couraças caem as armas das mãos dos homens, ó Perene, e não há vento que possa dispersar o mau cheiro do teu hálito. No entanto, este calcanharzinho de criança, tão rosado, que parece o interior de uma camélia também rosada, que é tão liso e tão macio, que em comparação com ele a seda é uma coisa áspera, que é tão pequenino, que poderia caber no cálice de uma tulipa e usá-la como um sapatinho, eis como ele te pisa sem medo, e te confina em teu antro. Eis que só o seu vagido já te põe em fuga, a ti que não tens medo dos exércitos, e o hálito dela purifica o mundo do teu fedor. Estás derrotado. Só o nome dela, só o seu olhar, só a sua pureza já são uma lança, um fulgor de raio, uma enorme pedra que te transpassam, que te abatem, que te aprisionam no teu covil do Inferno, ó Maldito, que tiraste a Deus a alegria de ser Pai de todos ao homens criados.

   Foi inútil, pois, tê-los corrompido, a estes que haviam sido criados inocentes, levando-os a conhecer e a conceber, através das sinuosidades da luxúria privando a Deus, em suas dilectas criaturas, de ser o doador dos filhos, segundo regras que, se tivessem sido respeitadas, teriam mantido sobre a terra um equilíbrio entre sexos e raças, capaz de evitar guerras entre povos e desventuras entre famílias.

   Agora o vosso amor, ó homens, os vossos amores o que são? Ou libidinagem vestida de amor, ou medo insanável de perder o amor do conjugue, ou pela libidinagem própria ou de outros. Já não estais mais seguros quanto à posse do coração do esposo ou da esposa, desde quando a libidinagem entrou no mundo. Tremeis, chorais e tornai-vos loucos de ciúmes, e até assassinos às vezes para vingar alguma traição, desesperados outras vezes, ou então abúlicos e até dementes.

   Eis pois o que fizestes Satanás, aos filhos de Deus. Estes, que corrompestes, teriam conhecido a alegria de ter filhos sem sentirem dor, a alegria de nascer sem o medo de morrer. Mas agora estás vencido em uma Mulher e por uma Mulher. De agora em diante, quem me amar, tornará a ser de Deus, superando as tuas tentações, para poder imitar a sua pureza Imaculada. De agora em diante, não mais podendo conceber sem dor, as mães a terão para o seu conforto. De agora em diante, as esposas a terão por guia e os moribundos por Mãe, sendo doce para eles morrer sobre aquele seio, que é um escudo contra ti, Maldito, e proteção, diante do julgamento de Deus.

   Maria, minha pequena voz, viste o nascimento do Filho da Virgem e o nascimento da Virgem para o Céu. Viste, pois, que para os sem culpa é desconhecido o castigo de dar a vida e também o sofrimento de dar a morte. Mas, se a inocentíssima Mãe de Deus foi reservada a perfeição dos dons celestes, a todos, que nos primeiros tivessem permanecido inocentes e Filhos de Deus, ter-lhes-ia sido possível o gerar sem dor, como era justo, por terem sabido unir-se e conceber sem luxúria, e morrer sem afã.

   A sublime desforra de Deus sobre a vingança de Satanás foi a de elevar a perfeição uma criatura dileta a uma super-perfeição, que fosse capaz de anular, pelo menos Nela, toda a lembrança de humanidade, que fosse susceptível ao veneno de Satanás, e para a qual, não de um casto abraço de homem, mas de um divino amplexo, que faz empalidecer o espírito em um êxtase de fogo, é que lhe teria vindo o Filho.



   A Virgindade de Maria!...

   Vem. Medita nesta virgindade profunda, que produz em quem a contempla vertigens de abismo! Que é a pobre virgindade forçada da mulher que por nenhum homem foi desposada? É menos do que nada. Que é a virgindade daquela que quer ser virgem, para ser de Deus, mas sabe sê-lo só no corpo e não no espírito, no qual deixa entrar muitos pensamentos estranhos, acaricia e aceita as carícias de pensamentos humanos? Isto já começa a ser uma máscara de virgindade, mas muito pouco ainda. Que é a virgindade de uma enclausurada, que vive só para Deus? É muito. Mas, mesmo assim, ainda não é uma virgindade perfeita, se comparada com a virgindade de minha Mãe.

   Sempre existiu um enlace, até mesmo no mais santo. É o que vem da origem, entre o espírito e a Culpa. É o que só o baptismo desfaz. Desfaz, mas assim como uma mulher separada do marido pela morte, não restituiu mais a virgindade total, como era a dos esposos Primeiros, antes do pecado original. Uma cicatriz permanece, e dói para se fazer lembrada, e está sempre pronta para reabrir-se em ferida, como certas doenças que periodicamente voltam com seus vírus, ainda mais ativos. Na virgem não fica esse sinal de um enlace dissolvido com a Culpa. Sua alma apresenta-se bonita e intacta, como quando estava na mente do Pai, e reúne em Si todas as Graças.

   É a Virgem, É a Única. É a Perfeita. É a completa. É como foi Pensada. Como foi Gerada. Como Permaneceu. Como foi Coroada. É Eternamente assim. É a Virgem. É o abismo da intocabilidade, da pureza, da graça que se perde no abismo do qual brotou: Deus. Intangibilidade, Pureza e Graça perfeitíssimas.

   Aí está a desforra do Deus Trino e Uno. Defronte de suas criaturas profanadas, Ele ergue esta Estrela de perfeição. Contra a curiosidade doentia, esta Esquiva, que se dá por bem recompensada com poder amar a Deus. Contra a ciência do mal, esta sublime Ignorante. Nela não existe somente a ignorância do que é um amor aviltado; não há também somente a ignorância do amor que Deus havia dado aos esposos. E mais ainda, Nela há a ignorância das concupiscências, herança do Pecado. Nela há somente a sabedoria gélida, mas incandescente do amor divino. Fogo que protege do gelo a carne, para que ela seja como espelho transparente no altar onde um Deus se desposa com uma Virgem, e não se avilta, porque sua perfeição se abraça com Aquele que, como convém a uma esposa só num ponto é inferior ao esposo, pois lhe está sujeita por ser Mulher, mas Ela é sem mancha, como Ele é”.






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