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23/12/2006
Os pastores


Maria - 23 Os pastores
Maria - 23 Os pastores

20 OS PASTORES
 
(Continuamos com o texto anterior do nascimento de Jesus, conforme as visões de Maria Valtorta, grande mística da Igreja. Gentileza de Antonio, de Portugal, que com carinho digitou tudo isso. A ele nosso agradecimento)
 
Vejo um extenso campo. A lua está no zênite e navega mansamente por um céu apinhado de estrelas. Parecem broches de diamantes fincados em um enorme baldaquim de veludo azul escuro, e a lua ali no meio, sorri com sua cara toda branca, da qual descem rios de uma luz leitosa, que torna branca também a terra. As árvores, sem folhas, parecem mais altas e escuras, sobre um solo esbranquiçado, enquanto os pequenos muros, que vão surgindo aqui e ali, parecem cor de leite, e uma casinha, que se vê ao longe, parece um bloco de mármore de Carrara.
 
A minha direita, vejo um lugar cercado por uma sebe de espinheiros dos dois lados, e por um muro baixo e escabroso dos outros dois. Este muro sustenta o teto de uma espécie de alpendre largo e baixo, que, na parte interna do recinto está construído, uma parte com paredes, e outra com madeira, de modo que, no Verão, as partes em madeira possam ser removidas, transformando-se o alpendre em um grande pórtico. Desse pórtico fechado, sai, de vez em quando um balir intermitente e curto. Devem ser ovelhinhas que estão sonhando, ou talvez achando que já esteja próximo o dia pela claridade que dá a Lua.
 
Uma claridade excessiva, tal é a intensidade, e esta crescendo, como se o satélite se estivesse aproximando da Terra, ou brilhando por algum misterioso incêndio. Um pastor chega até à porta, e, levando o braço sobre a fronte para proteger os olhos, olha para cima. Parece impossível que ele precise proteger-se da claridade da lua. Mas está mesmo uma claridade tão viva, que ofusca os olhos, especialmente os olhos de quem acaba de sair de um lugar fechado e escuro. Tudo está calmo. Mas aquela luz causa espanto.

O pastor chama os companheiros. Todos vão até à porta. É um grupo de homens cabeludos e de idades diferentes. Alguns ainda são adolescentes, e outros já estão de cabelos brancos. Estão comentando aquele fato estranho. Os mais jovens estão com medo especialmente um, é um menino dos seus doze anos, que começa a chorar, tornando-se alvo das brincadeiras dos mais velhos.
 
"De que estás com medo, seu tolo?" lhe diz o mais velho. "Nunca viste a claridade de luar? Será que estiveste sempre debaixo da saia da mamãe, como um pintainho sob as asas da galinha choca? Mas ainda terás que ver coisas! Uma vez eu tinha ido andando até às montanhas do Líbano, e passei até além delas. Eu era jovem e para mim o andar não era pesado. Eu também era rico naquele tempo. Uma noite, vi uma luz tão clara, que pensei que Elias estivesse voltando com seu carro de fogo. O céu parecia um grande incêndio.
 
Um velho - naquela ocasião o velho era ele - me disse: "Algum grande acontecimento está para sobrevir ao mundo". Mas para nós o que de verdade veio foi uma grande desventura, pois vieram os soldados de Roma. Oh! Tu verás, se viveres!...".Mas o pastorinho não o está escutando mais. Parece que nem medo ele tem mais, pois deixa a soleira da porta, escapa por detrás das costas do musculado pastor, onde se refugiou, e sai na paragem cheia de erva, que está na frente do alpendre. Olha para o alto, e vai caminhando como um sonâmbulo, ou como alguém hipnotizado por alguma coisa que o está atraindo totalmente. E, chegando a certo ponto, ele grita: "Oh!", e fica como que petrificado, com os braços um pouco abertos.Os outros olham-se assombrados.

"Mas, que é que tem aquele tolo?", lhe diz um deles."Amanhã eu o mando embora, de volta para sua mãe. Não quero doidos para guardar as ovelhas", diz outro.E o velho que falou há pouco, diz: "Vamos ver, antes de julgar. Chamai também os outros que estão dormindo, e pegai os bastões. Que não seja alguma fera má, ou
os malandros.".Eles entram, chamando os outros pastores, e saem com tochas e bastões. Chegam até onde está o menino. "Lá, lá", ele murmura sorrindo. "Por cima da árvore, olhai aquela luz que
está vindo. Parece que ela vem caminhando sobre o raio da lua. Eis que se aproxima. Como é bela!"."Eu só estou vendo um grande clarão"."Eu também"."Eu também", dizem os outros.
 
"Não. Eu estou vendo algo como um corpo", diz um dos pastores, no qual eu reconheço ser aquele que deu a escudela de leite para Maria."É um. é um anjo!", grita o menino. "Eis que ele vem descendo e chegando para perto. Ajoelhemo-nos diante do anjo de Deus!". Um "Oh" longo e cheio de respeito se levanta do grupo de pastores, que, prostrando-se com o rosto por terra, parecem estarem tanto mais esmagados por aquela aparição fulgente, quanto mais velhos são. Os jovens estão de joelhos, mas estão olhando para o anjo, que se aproxima cada vez mais e, finalmente, fica pairando suspenso no ar, agitando sua grandes asas, candura de pérola na alvura do luar que o circunda, acima do muro do recinto.

"Não temais. Não vos trago desventura. Eu vos anuncio uma grande alegria para o povo de Israel e para todo o povo da Terra". A voz do anjo é como uma harmonia de harpa, que acompanha o canto dos rouxinóis. "Hoje, na cidade de David, nasceu o Salvador". Ao dizer isso, o anjo abre ainda mais as suas grandes asas, e as move, como se tivesse sentido um sobressalto de alegria, e, nesse momento uma chuva de centelhas de ouro e de pedras preciosas parece sair dele. Um verdadeiro arco-íris, um arco de triunfo que se forma sobre as pastagens. "O Salvador, que é Cristo". O anjo cintila, com redobrada luz. Suas duas asas, agora paradas e estendidas, com as pontas viradas para o céu, como duas velas imóveis sobre a safira do mar, parecem duas chamas, que sobem ardendo.
 
"Cristo, o Senhor!". O anjo recolhe as suas duas fúlgidas asas, e se veste com elas, como se fossem uma sobreveste de diamante sobre uma veste de pérola; inclina-se, como quem está adorando, com os braços cruzados sobre o coração, e o rosto, que aí desaparece, porque está inclinado sobre o peito, e sobre a sombra da ponta das asas que o anjo agora dobrou. Não se vê mais que uma alongada forma luminosa, imóvel, pelo espaço de tempo de um "Glória".Mas ele se move de novo. Reabre as asas, levanta o rosto, no qual a luz se funde com um sorriso paradisíaco, e diz: "Vós o reconhecereis por estes sinais: em uma pobre estrebaria, do outro lado de Belém, encontrareis um menino envolto em faixas, numa manjedoura de animais, porque, para o Messias, não foi encontrado um teto na cidade de David". Ao dizer isso, o anjo ficou sério, ou melhor, ficou triste.
 
Mas dos céus vieram muitos, muitíssimos outros anjos, semelhantes àquele primeiro, como por uma escada de anjos que descem, exultantes, e superando a luz da lua com o seu esplendor do Paraíso. Eles se reúnem ao redor do anjo anunciador, com um grande agitar de asas e um intenso exalar de perfumes, com um harpejar de notas, nas quais todas as vozes mais belas da criação encontram uma recordação, mas levado à perfeição, quanto à perfeição, quanto à pureza e beleza do som. Se a pintura é o esforço da matéria para se transformar em luz, aqui a melodia é o esforço da música para fazer brilhar aos homens a beleza de Deus. Ouvir esta melodia é conhecer o Paraíso, onde tudo é harmonia do amor que se desprende de Deus, para fazer alegres os bem-aventurados, e que deles se dirige a Deus, para dizer-lhe: "Nós te amamos!".

O "Glória" dos anjos se espalha, sempre mais ao longe, pelo caminho silencioso e com ele vai o clarão da luz. Os passarinhos unem seu canto, que é saudação a esta luz que chegou antes da hora, e as ovelhas dão os seus balidos, por este antecipado sol. Mas eu, como lá na gruta com o boi e o jumento, gosto de pensar que são os animais que saúdam ao seu Criador, que veio até o meio deles, para amá-los como Deus.O canto vai diminuindo, e a luz também, enquanto os anjos vão subindo, de volta para os Céus. Os pastores também já vão voltan
do a si.

"Ouviste?" "Vamos lá ver?" "E as ovelhas?" "Oh, não acontecerá nada com elas! Nós vamos para obedecer à palavra de Deus!..""Mas, aonde iremos?""Ele não disse que nasceu hoje? E que não achou alojamento em Belém?" É o pastor que deu a escudela de leite, o que está falando agora. "Vinde comigo, eu sei: vi a Mulher e ela me causou dó. Ensinei um lugar para Ela, pois eu já pensava que não iriam encontrar alojamento. E ao homem eu entreguei uma escudela de leite para Ela. É tão jovem e bela, e deve ser boa como o anjo que nos falou. Vinde. Vinde. Vamos apanhar leite, queijos, cordeiros e peles curtidas. Eles devem ser muito pobres é. talvez que frio não estará passando Aquele cujo nome não ouso pronunciar! E pensar que eu falei à Mãe como a uma pobre esposa!..."

Vão eles, então, até ao alpendre, e de lá saem pouco depois, um com pequenas botijas de leite, outro com cestinhas de esparto trançadas, contendo queijinhos redondos, outros com cestos nos quais se encontram, num um cordeiro balindo e noutro peles de ovelhas curtidas."Eu levo uma ovelha. Há um mês que ela deu cria. O leite dela está bom. Ela lhes poderá ser útil, se a Mulher não tiver leite. Pois me parecia uma menina e tão branca!... É um rosto de jasmim, à luz da lua", diz o pastor da escudela. É ele que vai guiando os outros. Saem todos à luz da lua e das tochas, depois de terem fechado o alpendre e o recinto. Vão pelas trilhas campestres, por entre sebes de espinheiros, que estão sem folhas, por ser Inverno. Dão a volta por detrás de Belém. Chegam à estrebaria, indo, não da parte de onde Maria foi, mas do lado oposto, de modo a não passarem por diante das estrebarias mais bonitas, mas esta é a primeira que encontram.
 
Aproximam-se da abertura. "Entra"."Eu não tenho coragem"."Entra tu"."Não"."Olha lá dentro, pelo menos"."Tu, Levi, que viste o anjo primeiramente, sinal de que és melhor do que nós, olha!". Na verdade, antes disseram que ele era doido. mas agora é melhor para eles que ele tenha a coragem que os mesmos não têm.O menino vacila, mas depois se decide. Aproxima-se da abertura, afasta um pouquinho o manto, olha e fica extasiado. "Que é que estás vendo?", perguntam-lhe ansiosos em voz baixa. "Vejo uma mulher jovem e bela e um homem curvados sobre uma manjedoura, e ouço. Ouço chorar um menino pequeno, e a mulher lhe fala com uma voz.. Oh! que voz!"."Que está ela dizendo?"

"Ela está dizendo assim: "Jesus pequenino! Jesus, amor da tua Mamãe! Não chores meu filhinho!". Ela diz ainda: "Oh! Se eu pudesse dizer-te: "Toma o leite, meu pequenino!". Mas ainda não o tenho". Ela diz: "Tens tanto frio, meu amor! E o feno te está espinhando. Que dor para a tua Mamãe ouvir-te chorando assim, e não puder dar-te conforto!". Ela está dizendo: "Dorme, minha alma! Parte-me o coração ao ouvir-te chorar, e ao ver-te derramar lágrimas!", e o beija e o aquece certamente nos pezinhos com suas mãos, pois ela está inclinada, com as mãos para dentro da manjedoura". "Chama! Procura que te ouçam!". "Eu, não. Chama-a tu, que até aqui nos conduziste e que a conheces".
 
O pastor abre a boca e se limita a dar um gemido. José se vira e vai até à porta. "Quem sois vós?". "Somos pastores. Viemos trazer-vos alimento e lã. Viemos adorar o Salvador!".
"Entrai". Eles entram, e a estrebaria se torna mais clara por causa da luz das tochas.
Os velhos empurram os novos à sua frente. Maria se vira e sorri. "Vinde", ela diz. "Vinde", e os convida com um gesto e um sorriso, segura aquele que viu o anjo e o puxa para perto de si, levando-o até à manjedoura. E o menino olha feliz. Os outros, convidados também por José, vão à frente com os seus presentes, e os colocam todos, com breves e comovidas palavras, aos pés de Maria. Depois se detêm em olhar o Menino Jesus, que está chorando baixinho, e sorriem emocionados e felizes.

Um deles, mais corajoso, diz: "Toma ó Mãe. É macia e limpa. Eu a tinha preparado para o meu filho que está para nascer. Mas eu te dou. Envolve o teu Filho com esta lã delicada e quente". E lhe oferece a pele de uma ovelha, uma p
ele muito bonita, com muita lã, uma lã muito clara e comprida. Maria soergue Jesus e o enrola nela. E o mostra aos pastores que de joelhos sobre o feno que está no chão, o contemplam enlevados. Tornam-se eles mais corajosos, e um deles propõe: "Seria necessário dar-lhe um pouco de leite, ou melhor, água e mel. Mas nós não temos mel. Ele é bom para os pequeninos. Tenho sete filhos, e sei disso.".

"Aqui está o leite. Toma-o ó Mulher"."Mas está frio. Precisa ser quente. Onde está o Elias? Ele tem a ovelha". Elias deve ser aquele da escudela de leite. Mas ele não está. Ficou parado lá fora, e agora está olhando por uma fenda, num lugar onde, por causa da escuridão da noite, não pode ser visto. “Quem vos guiou até aqui?" "Um anjo, que nos disse que viéssemos, e Elias, nos guiaram até aqui. Mas onde estará ele agora?" A ovelha de Elias é que, com o seu valido, denuncia-o. "Venha para a frente, que te estamos esperando".Ele entra com sua ovelha, envergonhado, porque todos estão de olhos nele.
"Então és tu?", diz José, ao reconhecê-lo.
 
E Maria lhe sorri, dizendo: "És bom". Tiram o leite da ovelha e, com a ponta de um pano mergulhado no leite quente e espumoso, Maria molha os lábios do Menino Jesus, que suga aquela doçura cremosa. Todos sorriem, e mais ainda, quando com a ponta do paninho ainda entre os lábios, Jesus adormece com o bom calor da lã. "Mas aqui não podeis ficar. Aqui faz frio e é muito úmido. E depois, aqui tem um cheiro forte de animais. Isto não faz bem e não fica bem para o Salvador". "Eu sei", diz Maria com um grande suspiro. "Mas, não há lugar para nós em Belém".

"Coragem, Mulher! Nós vamos procurar uma casa para ti". "Vou falar com minha patroa", diz Elias. "Ela é boa, e vos acolherá, ainda que precisasse ceder o seu quarto. Logo que raiar o dia, vou dizer isso a ela. Ela está com a casa cheia de gente, mas vos arranjará um lugar". “Pelo menos para o meu Menino. Eu e o José estamos dormindo no chão. Mas para o Pequenino. "Não fiques suspirando, Mulher. Nisso penso eu. E vamos dizer a muitos o que nos tem sido dito. Não vos faltará nada. Por enquanto, tomai o que a nossa pobreza vos pode dar. Nós somos pastores.".

"Nós também somos pobres, e não vos podemos pagar", diz José. "Oh! Nem nós queremos! Ainda que o pudésseis, nós não quereríamos! O Senhor já nos pagou. Ele prometeu a paz a todos. Os anjos diziam assim: "Paz aos homens de boa vontade". Mas a nós, Ele já a deu, porque o anjo disse que este Menino é o Salvador, que é o Cristo, o Senhor. Nós somos pobres e ignorantes, mas sabemos que os profetas dizem que o Salvador será o Príncipe da Paz. E a nós Ele disse que o viéssemos adorá-lo. E com isso nos deu a sua
paz. Glória a Deus nos Céus Altíssimo e glória ao seu Cristo, e bendita sejas tu, Mulher que o geraste! És Santa, porque mereceste trazê-lo! Dá-nos as tuas ordens, como nossa Rainha, que seremos felizes em podermos servir-te. Que é que podemos fazer por ti?".

"Amar o meu Filho, e ter sempre no coração os pensamentos que tendes agora"."Mas, e para ti? Não desejas nada? Não tens parentes aos quais desejas comunicar que Ele nasceu?"."Sim, eu os teria. Mas não moram perto daqui. Moram em Hebron". "Até lá, vou eu, diz Elias. "Quem são eles?" "Zacarias, o sacerdote, e Isabel, minha prima". "Zacarias?! Oh! Eu o conheço bem. Durante o Verão, eu vou por aqueles montes, pois as pastagens por lá são muito boas e bonitas, e sou amigo do pastor dele. Quando eu souber que estás alojada irei à casa de Zacarias". "Obrigado, Elias". "Não precisas agradecer. Grande honra é par mim, um pobre pastor, ir falar ao sacerdote, e dizer-lhe: "Nasceu o Salvador"".
"Assim eu direi".

"Deus te recompense por isso. Eu me recordarei de ti e de todos vós". "Falaras de nós ao menino?" "Sim, falarei". "Eu sou Elias". "Eu sou Levi". "Eu sou Samuel". "Eu sou Jonas". "Eu sou Isaque". "Eu sou Tobias". "Eu sou Jônatas". "Eu sou Daniel". "Eu sou Simeão". "Eu me chamo João".  "Eu José, e meu irmão Benjamim, somos gêmeos". "Eu me lembrarei dos vossos nomes". "Precisamos ir. Mas voltaremos.
E te traremos outros, que virão adorar!" "Como voltar ao ovil, e deixando este Menino?" "Glória a Deus, que já no-lo mostrou!" "Deixa-nos beijar o vestidinho Dele", diz Levi com o sorriso de um anjo.Maria ergue Jesus devagar e, sentada sobre o feno, oferece os pezinhos envolvidos no linho para que os beijem.
 
Os pastores se inclinam até ao chão e beijam aqueles pés minúsculos, cobertos por um tecido. Quem tem barba, ajeita-a primeiro, quase todos choram e, quando chega o momento de partir, saem, relutantes, deixando lá seu coração. A visão cessa aqui, com Maria sentada sobre o feno com o Menino no colo e José que, apoiado com um cotovelo sobre a manjedoura, olha e adora.

Jesus diz à confidente: "Hoje sou Eu que falo. Estás muito cansada, mas tem paciência ainda um pouco. Estamos na Vigília de Corpus Christi. Eu poderia falar-te da Eucaristia e dos Santos que se fizeram apóstolos do seu culto, assim como já te falei dos Santos que foram apóstolos do Sagrado Coração. Mas Eu quero falar-te de uma outra coisa e de uma categoria de adoradores do meu Corpo, que são os percussores do culto a Ele prestado. E são os pastores. Os primeiros adoradores do meu Corpo de Verbo feito Homem. Uma vez Eu te disse isto, e isto é dito também pela minha Igreja, que os Santos inocentes são os proto-mártires de Cristo. Agora te digo que os pastores são os primeiros adoradores do Corpo de Deus. E neles se encontram todos os requisitos exigidos para serdes adoradores do meu corpo, ó almas eucarísticas.

Fé firme: eles crêem prontamente, cegamente no anjo. Generosidade: eles dão toda a sua riqueza ao Senhor. Humildade: eles se aproximam dos que humanamente são mais pobres do que eles, mas com uma modéstia tal, em seus atos, que não rebaixam os pobres, e ainda se confessam servos deles. Desejo: tudo o que não podem dar por si mesmos, esforçam-se para procurá-lo com apostolado e fadiga.

Prontidão na obediência: Maria deseja que Zacarias seja avisado, e Elias vai sem demora, sem pedir nenhum prazo. Amor: em fim, eles não sabem afastar-se de lá, e tu dizes: "deixam lá o seu coração". E dizes bem. Mas, não seria necessário fazer assim também com o meu Sacramento? E uma outra coisa, e essa é toda para ti: observa bem a quem o anjo se revela primeiro, e quem é que merece ouvir as efusões de Maria: o menino Levi.

A quem tem alma de menino, Deus se mostra e mostra os seus mistérios, e permite que ele ouça as palavras divinas e as de Maria. E quem tem alma de menino tem também a santa coragem de Levi, para dizer: "Deixa-me beijar o vestidinho de Jesus". Isto ele diz a Maria. Porque é sempre Maria que vos dá Jesus. Ela é a portadora da Eucaristia. Ela é a Píxide (Sacrário) viva. Quem vai a Maria, Me encontra. Quem me pede a Ela, Dela me recebe. O sorriso de minha Mãe, quando uma criatura lhe diz: "Dá-me o teu Jesus, e que eu o ame", faz que os Céus mudem de cor, em um mais vivo esplendor de sua alegria, pois a tal ponto é alto o grau em que Ela se sente feliz.
 
Diz-lhe, pois: "Deixa-me beijar a veste de Jesus. Deixa-me beijar as suas chagas". Procura ter coragem para dizer ainda mais que isso. Diz assim: "deixa-me repousar a cabeça sobre o Coração do teu Jesus, para que isso me faça feliz". Vem e repousa, como Jesus no berço entre José e Maria".

 
 
Arnaldo diz: Como já no outro texto observei, é impossível não se emocionar sabendo que o Rei do Universo, nosso Deus e Senhor, nasceu num estábulo malcheiroso como aquele. A rudeza dos pastores também nos espanta quando os vemos depois tão carinhosos e ternos diante daquela frágil criança. Quanta fé, obediência, humildade, solicitude!
 
Espanta que acreditaram imediatamente, e adoraram ao Senhor, não levando em conta a situação de penúria onde ele nascera. Muitos achariam que o Messias precisaria nascer em um palácio, entra alfaias e brocados de cetim, entre reis e nobres. Mas aqui vemos aquela fé simples
, tão superior a qualquer outro atributo no homem. Como são incríveis e fantásticos os caminhos do Senhor.
 
Lembro, porém, que não foram somente os pobres que o visitaram e adoraram, mas logo chegarão os reis do Oriente, com toda sua riqueza, prova de que Jesus não nasce só para os pobres, e sim para todos os homens que amam e acreditam. E não importa a raça, a cor da pele, o título de nobreza ou a situação financeira.
 
Então umas gotas de leite de cabra nos lábios do Menino o fazem silenciar e dormir... Meu Deus, e temos tantas coisas em nossa mesa!...
 
Não sei se um dia entenderei os mistérios de Deus...
 
Há um longo caminhar, com certeza!
 
Feliz Natal a todos!



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