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24/10/2006
O mistério


Eucaristia - 11 O mistério
Eucaristia - 11 O mistério

2061020 O MISTÉRIO
 
     Já temos escrito muitos artigos sobre a Santa Missa, este extraordinário Mistério do Amor de nosso Deus. Mistério porque nossos olhos carnais – e mortais – não podem ver além das simples aparências. Pois se vissem a realidade, nenhum de nós jamais seria o mesmo, quem sabe a maioria de nós morreria sem a fortaleza de Deus nos amparando. E isso seria afrontar a nossa liberdade, pois forçaria as conversões em massa. Sim, até mesmo dos mais renitentes ateus creriam! Se lhes fosse dado ver Jesus presente no sacrário, talvez nenhum homem deixaria de se dobrar. No mistério, deve entrar a fé!
 
     Que é um mistério? Mistério é tudo aquilo que ultrapassa o nosso entendimento, que fica velado ao nosso domínio racional, pois é grande demais para caber dentro da nossa incrível pequenez, da avassaladora miséria do nosso nada. E se Deus, na sua Eterna e preciosa Sabedoria, decidiu que assim é melhor para nós, então devemos nos vergar até o extremo desta mesma miséria, pois somente assim conseguiremos usufruir dos méritos infinitos deste maravilhoso mistério de nossa fé: a Sagrada Eucaristia!
 
     Nesta manhã, durante a Santa Missa, percebi mais uma vez o quanto todos nós somos incapazes de entender o que acontece durante a celebração de uma Missa. Refiro-me a esta Missa atual, menos ainda a aquela maravilhosa e antiga, à qual nos reportaremos neste texto, em termos comparativos. De fato, embora válida, embora aprovada pela Igreja através do Papa Paulo VI, existe uma abissal diferença entre ambas, exatamente porque esta atual veio retirar da Missa, o véu diáfano do mistério que evocava Deus. Na Missa atual o milagre ainda acontece, mas perdeu o aspecto solene e o sentido misterioso!
 
     Quando nos reportamos à estas duas Missas, na realidade tratamos apenas da forma ou das fórmulas de aplicação deste Santo Sacramento, e as fórmulas todas pertencem apenas à Igreja Católica. De fato, a Santa Missa contém um núcleo central, de origem divina, que se sublima no momento da consagração, e acontece com as palavras de Jesus, como está dito no Evangelho de Mateus, 26...
 
    Durante a refeição, Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai e comei, isto é meu corpo. 27 Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos, 28 porque isto é meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado por muitos homens em remissão dos pecados.
 
    Ou em Marcos 14, 22 Durante a refeição, Jesus tomou o pão e, depois de o benzer, partiu-o e deu-lho, dizendo: Tomai, isto é o meu corpo. 23 Em seguida, tomou o cálice, deu graças e apresentou-lho, e todos dele beberam. 24 E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por muitos.
 
    Ou em Lucas 22, 17 Pegando o cálice, deu graças e disse: Tomai este cálice e distribuí-o entre vós. 18 Pois vos digo: já não tornarei a beber do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus. 19 Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. 20 Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós...
 
     Em s
íntese, então, basta que o sacerdote pronuncie estas Palavras, e o milagre acontece: a transformação do pão e do vinho, no Corpo e no Sangue de Jesus. Ou seja: sem qualquer outro elemento ritual, já teríamos o Santíssimo Sacramento! Ocorre, porém que desta forma o mistério não seria completo, porque para haver um Corpo e um Sangue seria necessária toda uma caminhada, que começava exatamente ali, naquela última ceia, quando Jesus disse aos seus apóstolos: Minha alma está triste até a morte!..
 
     E a Bíblia fala exatamente em ceia, e refeição. Ora, pelas revelações dos santos e santas de nossa Igreja, é possível entender que aquela não foi somente uma singela refeição ou ceia de despedida, mas sim todo um profundíssimo Mistério de Amor. Jesus havia dito que ficaria presente conosco até o fim dos séculos. Em verdade, em primeiro lugar, junto com Seus apóstolos, Jesus comeu a ceia conforme a tradição judaica antiga – um carneiro assado, pães ázimos e alfaces amargas – cumprindo assim pela última vez o ritual que celebrava a antiga aliança.
 
     Depois disso, Jesus mandou limpar a mesa, mandou trazer o pão e o vinho – símbolos da Nova Aliança – e com eles celebrou da forma como descrita pelos Evangelhos. Foram assim, duas passagens bem distintas! Então, já não mais valia a oferta da ovelha ou do cabrito do rito antigo, e sim uma nova Vítima se oferecia a Deus, cujo sangue seria derramado pela remissão dos pecados. Ou seja: o rito antigo celebrava a libertação física – os judeus quebravam o jugo de 400 anos dos egípcios – enquanto o novo rito celebra a libertação espiritual, da alma, resgatada da servidão do demônio e da morte pelo pecado.
 
     Assim, vai um abismo entre o primeiro e o segundo rito. O Mistério então, não está só no fato da Transubstanciação em si – que é o ápice – mas em todo um rito novo, de oferta, de imolação e de entrega de um Deus em favor da humanidade. Enquanto o primeiro rito celebrava a vida, a alegria da liberdade, da remissão física, o segundo – e eterno – celebra a libertação das almas do pecado, abrindo para elas o convívio com Deus. A diferença entre ambas então, é infinita. De fato, nem existem termos de comparação!
 
     E isso confunde muito as pessoas, em especial os protestantes, que fazem desta ceia uma celebração festiva da vida física, enquanto nós os católicos, celebramos a redenção eterna de nossas almas. Porque a Eucaristia não é mais o pão partilhado que Jesus multiplicou para matar a fome do corpo – que continua a ter fome – e sim, o Pão da Vida Eterna, o Sangue Redentor que vem para saciar as almas até a plenitude. No primeiro é possível celebrar com palmas e festa do corpo! No segundo isso é impossível, pois se trata do banquete da alma. O primeiro alimento é como o maná do deserto que se desfazia com o sol, o segundo é um alimento completo, pois sacia e permanece eternamente.
 
     Desta forma, todos os elementos da Missa nova, que levam a valorizar o aspecto da ceia comum, da partilha do “abraço e do pão”, na realidade são efeitos prejudiciais e não devem compor o conjunto da celebração da Eucaristia. Porque o aspecto de partilha física fica intrínseco da celebração; e leva a um outro monstrinho herético ali embutido, que se esconde na “comunidade celebrante”, onde se maximiza o efeito da oferta do pão, e vinho – e da comunidade em si – enquanto se diminui ou se exaure quase completamente a realidade da Verdadeira Oferta: Jesus, o Filho Único de Deus, que Se oferece ao Pai em expiação por nossos pecados! E isso contribui para destruir o Mistério! Isso o mata!
 
     Deste passo herético, surge um outro aspecto de pernicioso efeito, que acontece em se valorizar ao extremo o aspecto do alta
r – do móvel em si – da celebração, e novamente em detrimento do Sacrário. Ora, nem a vovó mais ignara, mais humilde, mais recatada e escondida, jamais entenderá que uma simples tábua tenha maior valor que a presença viva de Jesus no Sacrário. Este é infinitamente mais importante que aquele, seja o altar de tábua, seja de pedra, seja de ouro puro. E se a vovó não entende, para que tal teologia?
 
     E realmente, não sei que tipo de noção poderia contemplar tal artifício, tão maligno, não fosse pela súcia de satanás. Porque o altar é a Cruz! Mas sobre esta Cruz está uma Vítima, que se esvai! Seria o mesmo dizer que, o Jesus vivo que está pregado e erguido, é menos importante que o vil madeiro que O suspende “entre o Céu e a terra”. Numa outra comparação menos enlevada, mas procedente – que me foi dada por uma mãe de família – seria o mesmo que dizer que é mais importante o caixão do que o falecido nele posto. Esta senhora falou isso ao seu padre teólogo, que ficou sem resposta!    
 
     Assim, para celebrar esta Nova Aliança, este Sacrifício Perfeito, a Igreja, através dos séculos foi aos poucos elaborando, aperfeiçoando a fórmula correta, perfeita, eficaz, na medida em que invocava as luzes do Espírito Santo. Certamente que com os apóstolos, a celebração era sucinta, sem muitos alongamentos, embora sempre as orações fossem a base de toda celebração. E todos os apóstolos rezavam muito, em especial tendo Maria como permanente mestra da oração, a incentivá-los e principalmente lhes dar exemplo.
 
     Hoje temos explodindo esta polêmica sobre a Missa nova – celebrada em língua vernácula – e Missa antiga – celebrada apenas em latim. Eu quero – antes de seguir – deixar bem claro, que a graça acontece em ambas. Primeiro porque o Sacerdote é o mesmo – o próprio Cristo – e segundo porque o núcleo central, pelo menos até agora, está sendo preservado, salvo raras exceções. Não se vá então chegar ao extremo de dizer que a Missa atual não vale, embora já tenhamos apontado os motivos pelo qual é dilapidada, quando não suprimida completamente de toda a eficácia, e, por conseguinte, das graças.
 
     O que posso afirmar – pelo que já coloquei acima – é que a Missa atual perdeu sua mais extraordinária feição, que era exatamente sua aura de mistério. De divino! Isso foi uma perda irreparável. Digamos que o povo perdeu o respeito pela Missa, porque ela se banalizou. Ficou como uma parte da rotina da nossa vida diária, só uma ceia a mais. E se tornou pesada! Se poderia dizer assim: Naquela época – da mudança para a Missa de Paulo VI – começavam as primeiras operações do coração. De fato, até ali era voz corrente entre o povo, que se um médico sequer tocasse no coração de uma pessoa, ela morreria.
 
     Ora, também na Comunhão, naquela época, era proibido de as pessoas tocarem nas Sagradas Espécies e somente o sacerdote nelas poderia tocar com as mãos. Isso, embora não fosse uma realidade, com certeza contribuía para um extraordinário respeito, que nós tínhamos pela Eucaristia. Mas, quando se viu que um médico poderia tocar no coração de uma pessoa viva – até transplantá-lo, vide Cristian Bernard – então se passou a achar que aquilo era outra invenção enganosa dos padres – pois deixava de ser mistério o poder de qualquer um tocar em Jesus na Hóstia Consagrada. É psicológico, é falso na essência, mas acontecia de fato. Mas quem hoje me garante que não era melhor assim?
 
     Vejam o que disse para Jesus a mulher que sofria do fluxo de sangue: “se eu apenas tocar nas vestes de Jesus, serei curada”. Ora, o Jesus da Galiléia e o Jesus dos nossos Sacrários, o Jesus dos nossos altares, é exatamente o mesmo antigo, sem tirar nem por. E se a mulher podia tocar Nele, então também nós o podemos, sem problema. Porém o fato de receber na mão
banalizou extraordinariamente a comunhão, até porque antes só se a recebia de joelhos e na boca. Era somente entregue pelo sacerdote, em um banco especial, com toalha limpíssima e engomada. Havia algo sublime naquele procedimento!
 
     Eu gosto de tocar em Jesus! Eu pessoalmente preciso tocar Nele, porque nós somos sensitivos, e muitas das melhores impressões que nos completam, são as que entram pelo toque, pelo tato. Entretanto, quantos pensam assim? E vivem isso, tendo em seu coração a noção clara de que os efeitos da Eucaristia são para a alma, que deve estar limpa, seja recebendo de uma ou de outra forma. Num tipo de rito e fórmula ou noutro! Assim, o fato de tocar, de suscitar ministros para a comunhão, fez com que todo um profundo mistério se empanasse. E a Missa começou a perder seus prodigiosos efeitos, se passou a ver nela, nada mais que uma cerimônia de confraternização! E morreu o sentido sagrado!
 
     Um segundo ponto, veio do abandono do latim. Ora, pode até parecer melhor que as pessoas entendam o que se fala, mas com toda certeza não entendem do mistério. Então é balela esta história de que finalmente as pessoas podiam entender a Missa. Primeiro porque é impossível ao homem entendê-la mais que superficialmente, e segundo porque quem precisa entender é Deus. E Ele entende! Pois se trata de um Mistério do Seu Amor! Trata-se de uma relação íntima entre o Pai e o Filho, realizada no Espírito Santo.
 
     Na realidade, o latiam tem vantagens, e até de origem prática, tanto que deveria ser ensinado nas escolas. Porque a língua portuguesa é derivada do latim, e quem conhece os radicais latinos, os prefixos e sufixos, consegue montar um vocabulário esplendido. A segunda vantagem está na universalidade da Igreja, o que universalizaria a Santa Missa. Porque eu poderia assistir uma Missa, tanto no Japão quanto na França, que conseguiria participar plenamente, entendendo tudo como se fosse na minha terra.
 
     Quando eu assistia a Missa em Amsterdã – por exemplo – eu sabia das passagens, entendia até o som dos cantos gregorianos – que maravilhoso som de órgão – mas não compreendia nenhuma frase. O latim seria então como a língua universal da Igreja e mais um fator de unidade. Unidade que se quebrou ainda mais com o abandono deste idioma! E afinal, eram bem poucas as Palavras que o público dizia em latim, e com boa vontade até os mais idosos não teriam dificuldade de entender tudo perfeitamente. Por qual motivo as pessoas aprendem outros idiomas e não podem aprender latim na catequese?
 
     Outro ponto a favor da Missa em latim era o fato de que não era uma continuidade da rotina semanal. Para uma pessoa viver aquela Missa era preciso que ela quebrasse sua rotina, fazendo algo diferente, santo, misterioso e profundo. E disso brotava um respeito maior por Deus. Pelo mistério que a tudo envolvia! Hoje se tornou banal, simples e fácil. E por causa disso não acontece mais a graça! Porque tudo aquilo que é comum passa a ter também pouco valor. E esta humanidade moderna e capenga de nossos dias, já não mais consegue viver, sem ser guiada pela razão e pela pseudociência que a tudo degenera. 
 
     Outra coisa importantíssima é que a Santa Missa em latim fascinava os meninos. Aquele rito profundo e misterioso atraia os jovens para serem acólitos e milhões de sacerdotes se formaram, exatamente por causa deste fascínio. Porque tornava o padre, o Sacerdote celebrante, numa pessoa superior, alguém que deveria ser imitado e seguido. E era isso que enchia os seminários de jovens. Porque os pais também desejavam ver seus filhos sacerdotes, pois tinham orgulho de ter um filho padre. Porque então havia bons e santos padres como exemplo de fé e de virtude! Coisa que hoje quase morreu! O principal motivo da falta de vocações hoje, é que nossos jovens não se sentem atraídos a imitar pessoas comuns, como é a maioria dos padres que temos! Quantos são maus exemplos!
 
     De fato, a santidade de muitas famílias explodia no número das vocações sacerdotais e também religiosas, porque
até estas eram uma conseqüência direta daquelas primeiras. Os jovens queriam ser sacerdotes, não para terem vida mansa, um curso, um estudo, e sim porque viam no sacerdócio algo sublime e mesmo divino. Mistério que se esfarelou no momento em que infelizmente os padres despiram suas batinas, em troca da roupagem comum. Tornaram-se comuns! Porque se despiram do misterioso encanto que atraia a juventude. E largaram eles também o sagrado ministério, milhares deles, para gerarem o mais terrível de todos os flagelos da Igreja de hoje: a falta de sacerdotes santos!    
 
     Outro mal – e aqui talvez esteja um dos maiores – é causado pelo que se diz. Na Missa antiga, aprovada pelos séculos de bons frutos, toda uma seqüência de palavras salutares se encarregava de enaltecer aquele mistério de fé. Digamos que se tratava de um prato bem temperado, com os condimentos em tal perfeição, que agradava a todos os paladares. Como o maná do deserto: ele se adaptava não somente ao gosto da pessoa, mas também ao seu desejo! Se a pessoa tinha desejo de comer carne assada, quando colocava o maná em sua boca este lhe produzia aquele gosto. E assim de frutas, de saladas, o que fosse!
 
     Com a mudança da linguagem e as diferentes adaptações, perdeu-se em grande parte o encantamento. Mais que isso, perdeu o efeito. E foi feito de propósito! Damos em exemplo! A certa altura o sacerdote dizia ou melhor quando cantava: Dominus vobiscum! E a gente lhe respondia: et cum spírito tuo! Traduzindo: O Senhor é convosco > E com o teu espírito! Ou seja, ele invocava o Espírito Santo de Deus sobre todos nós, e nós em contrapartida invocávamos o mesmo Espírito sobre ele. Que se diz hoje? Quando o sacerdote diz: o Senhor é convosco, nós respondemos: Ele está no meio de nos!
 
      Ou seja: parece não ter sentido, mas a diferença é abissal! Porque Deus está sempre no meio de nós! Evidente! Mas não é só disso que se precisa. É necessário que o Espírito Santo desça sobre a assembléia que vai escutar a Palavra de Deus, proclamada pelo sacerdote! E ao mesmo tempo também que o sacerdote seja ungido pelo mesmo Espírito, para que haja verdadeira “empatia”: a ponte que liga o Espírito de quem fala ao mesmo Espírito de quem ouve. Não se completa, assim, e efeito e a graça é parcial! Ou é nula!
 
     Vai nesta mesma de termos completamente errados a questão do “pro multis”, ou seja, do Sangue derramado por muitos. Na Liturgia antiga os sacerdotes usavam as mesmas palavras de Jesus, como frisei bem nos textos bíblicos iniciais: Jesus derramou Seu Sangue por “muitos homens”, não por “todos os homens”. Na verdade Ele disse: tomai todos e comei... Isso quer dizer que Ele não se negará a nenhum, porém ai de quem se alimentar indignamente. Assim, “muitos” não são “todos”, pois o primeiro se restringe apenas a aqueles que desejam se apropriarem dos méritos da Paixão, o que veda mais uma vez o acesso à salvação aos que não acreditam em Jesus, em sua totalidade. Mais...
 
    Noutro artigo, mencionei a diferença brutal nos cantos. Na liturgia antiga, a maioria dos cantos era indulgenciado. Ou seja: havia sido agraciado pela Igreja, através de seus papas, com graças especiais que poderiam obter certo número de dias de remissão de pena do Purgatório, ou até uma indulgência plenária. Estavam nesta linha, alguns cantos antigos de Nossa Senhora, como “Louvando Maria” e cantos voltados à adoração. Isso fazia
introduzir e produzir na Assembléia um dilúvio de graças, porque cada canto multiplicava o efeito da mesma graça, para cada um. Pela comunhão dos santos.
 
     Que acontece hoje? Existe uma verdadeira obsessão por cantos novos, e certas Missas se tornam impossíveis de participar plenamente, devido à gritaria, ao ritmo anti-liturgico, e especialmente às palavras pronunciadas, que nem sempre contemplam verdades, pois tantas vezes são heresias. E isso, por descaminhos provoca o efeito contrário: subtrai as graças, ou veda completamente! E todos perdem, porque em princípio cada canto, e cada letra, deveriam passar pelo crivo de um sacerdote santo, da nossa Igreja, antes de serem colocados a público. Pois com o aval da Igreja imprime-se nele o selo da graça.
 
     Outro efeito perverso que destruiu o tesouro de graças da Santa Missa, está no fato de que a maioria dos sacerdotes – mais de 2/3 deles – não acredita mais na presença real de Cristo na Eucaristia. Sim, ele pronuncia as palavras da fórmula da Consagração, e faz isso na pessoa de Jesus. Entretanto mesmo que o Espírito Santo – em vista da presença de Jesus – realize a misteriosa e sublime mudança do pão e do vinho no Corpo de Sangue de Jesus, a verdade é que o efeito da graça se dissipa, devido ao descrédito de quem se faz instrumento humano. É preciso que o padre acredite e ame profundamente a Missa, senão imensas graças se perdem. E infelizmente esta é uma triste realidade!
 
     Para que eu me aproprie dos méritos de Cristo, é preciso que eu creia Nele. Ora, este crer em Jesus não significa apenas pronunciar verbos ao vento como uma matraca, mas deve vir acompanhado de fé profunda em TUDO aquilo que Ele disse e ensinou. Como diz a Palavra: nem todo aquele que diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus! Dizer é muito fácil! O difícil é seguir! E para seguir Jesus, é preciso acreditar Nele, senão minha fé é de mentira, é morta, e não produz qualquer efeito de graça! E foi isso a que se perdeu com o abandono da Missa Antiga e eficaz: um dilúvio de graças deixou de fluir para a Igreja! E sofreram as almas à caminho do Pai, e também vivos deste vale de lágrimas.
 
     Isso torna o sacerdote num simples mercenário, porque celebra sem amor, uma vez que não vive aquilo que apresenta. É um fingido! Que não sabe o que faz! Claro que nós precisamos deles mesmo assim – sem a Eucaristia estamos mortos – entretanto entre a celebração de um Freio Pio, com seu exaltado amor, e a simples mensura de um padre descrente do Mistério, vai o mesmo abismo que existe entre o Céu e a terra. E certamente todos os padres que perderam o amor pela Missa foi devido à retirada do véu de Mistério que a envolvia.
 
     Na verdade, existem muitos mistérios ainda que envolvem a santa Missa. Penso que somente os nossos grandes santos e verdadeiros adoradores da Eucaristia, como Santa Teresinha, São Paschoal Bailão, Padre Réus, e São Frei Pio, que ardiam de amor por Jesus Eucarístico, foram capazes de um pouco entreabrir o pano deste mistério sublime. Que se dirá de nós, simples mortais! Vamos então resumir o que falta! Como era antes?
 
 01 – Havia mais fé e mais respeito na Igreja; > 02 – Não adentravam nela as modas indecentes e todos iam bem trajados; 03 – Mesmo que as pessoas não entendessem a graça acontecia pela eficácia. 04 > O rito antigo previa inumeráveis genuflexões, sinais de Cruz, e mais tempo de joelhos, o que aumentava o sentido de Sacrifício; 05 > Não se falava em ceia de partilha, nem se insistia tanto em comunidade, porque o sentido da Missa é sacrifical e nossa participação se expressa apenas naquela gota de água do cálice;
 
     Além disso: 06 > As Igrejas viviam cheias, e praticamente TODOS assistiam a Missa aos Domingos, mesmo vindo de longe, a pé, de carroça e até de cavalo; 07 > Praticamente todos se confessa
vam pela Páscoa e semanalmente aconteciam as confissões; 08 > O sentido do Mistério Eucarístico era mais profundo, nem todos iam comungar e com isso havia milhões de sacrilégios a menos; 09 > Havia a separação nos bancos, homens de um lado e mulheres do outro, para evitar as distrações normais que os olhos encampam; 10 > O padre sempre fazia o asperges no inicio das celebrações, o que expulsava os demônios e também as orações finais pela Igreja e os governantes. Por isso temos tantos corruptos! Porque não se reza mais por eles! E isso privou o mundo de infindáveis graças!
 
     E mais: 11 > Não havia mulheres no presbitério, não por discriminação, mas por uma questão bíblica, uma vez que a mulher é muito visada; 12 > Não havia esta competição de vaidades de hoje, entre as equipes de liturgia, nem estas complicações causadas em algumas comunidades por grupos como os da RCC; 13 > Somente o sacerdote distribuía a Eucaristia, o que evitava tantos ministros e ministras não exemplares, que servem para as criticas e falatórios; 14 > Não havia estas profanações atuais, de músicas estranhas e instrumentos gritantes, que sufocam as pessoas; 15 > Não havia tantos padres largando a batina nem esta sede de casar entre eles, nem haviam explodido as seitas como hoje.
 
      E se pergunta: Por que mudaram? Para que mudar se tudo ia bem? Mudaram para aproximar Deus do povo, quando com isso conseguiram afastá-lO. Milhares de seitas se criaram depois do Concílio, prova de que o “divisor” maldito esteve dentro dele, agindo com esperteza e malícia. É isso que o Papa Bento XVI está tentando corrigir e mesmo voltar atrás: apagar tudo e começar de 1962. Seria este o seu desejo? Esperamos que sim!
 
     No mais, digo que na realidade a Igreja em si não esconde nada de mistério sobre a santa Missa, algo que a hierarquia saiba, o Papa conheça e não possa ser revelado. O que me refiro é à essência misteriosa que emanava daquela antiga celebração, e que hoje foi trocada por esta celebração quase morta – quando quer ser viva – não solene e já quase nula de graças! É isto que vai matando a Igreja, pois seus pastores já nem isso entendem. Se nossos celebrantes entendessem realmente a Santa Missa, o mundo já estaria salvo!
 
Arnaldo



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